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Kaio

 

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15 janeiro 2006

De direita, e sem medo

Cara, quando eu leio meus textos de um ano atrás, quando eu era de esquerda, não sei se rio ou choro. Poxa, como eu era infantil em acreditar naquelas coisas. O discurso vazio contra as "elites conservadoras, os neoliberais inescrupulosos, as privatizações e o liberalismo que só traz desigualdade e desemprego". O apoio incondicional à causa socialista, que, para mim, traria igualdade, liberdade, democracia e fraternidade.
Eu não era um marxista ortodoxo, nem trotskista, nem piçolista. Me considerava um "socialista democrático", que achava possível um governo de esquerda que desse igualdade social e democracia plena ao mesmo tempo. Que era tolerante com MST, Fórum Social e qualquer coisa relacionada aos 'canhotos políticos'. Preferia ignorar a violência e e o egocentrismo característicos de Lênin e Trótski e ver neles líderes revolucionários. Era panfletário, e tentava convencer todos os meus amigos a se “converterem”. Eu só era (e sempre fui, desde comecei a gostar de política) contra Stálin e PT. E, como todo esquerdista, tratava de colocar todos os que não gostava como 'de direita'. Nazistas, stalinistas, ala majoritária do PT? "Direitistas reacionários".
Eu lia Revolução dos Bichos e me identificava com o Bola-de-Neve: o revolucionário traído, o democrata perseguido. Também via o Estado como responsável pelo progresso, e apoiava a estatização de empresas privadas. Tudo em nome do emprego pleno e da correção das desigualdades. Pela glória socialista!

Tudo começou a mudar com a leitura de duas obras. O primeiro foi A Desobediência Civil, do Thoreau, para muitos, a "bíblia dos libertários". O livro já começava ácido, dizendo que o melhor governo não é o que governa menos, mas sim o que simplesmente não governa. Para mim, que via os anarquistas como meros agitadores niilistas, foi um choque. Culpa dos Sex Pistols. Aliás, eu via a trilogia do punk como Ramones - ianques direitistas (!), Sex Pistols - anarquistas babacas e vendidos, The Clash - esquerdistas e idealistas. Tsc, tsc.
Mas, voltando ao livro... eu comecei a destruir esses pré-conceitos. Comecei a ver os anarco-capitalistas de outra maneira, como uma alternativa viável e realista. Mas eu ainda continuava com dois sectarismos na minha cabeça:
1 - Democracia e socialismo, ao mesmo tempo, são possíveis.
2. Direita = reacionários e neoliberais / Dark Side; Centro = indecisos e moderados / Neutral; Esquerda = socialistas, progressistas e reformistas, com uma ou outra ovelha negra (comunistas ortodoxos) / Jedi Knights.
Até que eu conheci um certo livro chamado 1984, do George Orwell. Estava cheio de expectativas quanto a ele, e não me decepcionei. Li em apenas 3 dias, de tanto que gostei. E o livro realmente me encantou. Talvez seja a crítica mais feroz já feita até hoje aos regimes totalitários, em especial o soviético. E 1984 me fez repensar se eu realmente estava confiando em uma ideologia democrática. No início, fiquei meio confuso, acabei querendo dar uma de socialista alternativo, outsider de esquerda, briguei feio em algumas discussões políticas.
Depois, comecei a pesquisar mais sobre libertarianismo e liberalismo, peguei textos com alguns amigos, e me interessei. Primeiro com os libertários, e depois com a direita liberal. Mas demorei pra admitir que tinha me reposicionado politicamente. Mas na última semana, deixei de frescura e medo e admiti que era economicamente de direita. Passei a acreditar no livre mercado, no Estado mínimo, na propriedade privada, nas privatizações e em tantas outras coisas que eu temia sem motivo no passado.
Mesmo não podendo voltar no passado, me arrependo de muita coisa. Ainda recordo negativamente a simulação de júri que houve na minha oitava série, em 2004, entre capitalismo e socialismo, em que eu advogava em defesa dos socialistas. Todos consideraram minha defesa brilhante e apaixonada. Os “canhotos” acabaram vencendo, até mesmo porque os capitalistas não souberam argumentar bem. Mas eu digo que adoraria defender o capitalismo e esmagar a corja comunista, mostrar que confiar no governo e na coerção é imbecilidade, que empregar a violência para chegar ao poder é coisa de bárbaro, que o Estado é ineficiente, que socialismo e democracia são incompatíveis, que as ONGs podem muito bem cumprir o papel social do governo (e sem assistencialismos), que o capitalismo é um sistema extremamente dinâmico e que o livre mercado respeitaria a individualidade de cada um, etc.
Mas, por outro lado, estou feliz. Feliz por, já aos 15 anos, ter feito a decisão menos utópica. Aliás, vocês já perceberam que um esquerdista, quando passa à direita, nunca mais muda de idéia, e que não ocorre o contrário (direita -> esquerda)? Curioso, hein? Uma amiga minha disse que é “evolução”. Depois do idealismo infantilóide, o realismo pragmático. Que bom.

 

Comentários:

 

 

Hm, papo de politica? Ah axo q vo la ler consternações...


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