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Kaio

 

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02 novembro 2005

Resenha - The Sense of Movement (Valv)

O Brasil finalmente acordou para o Rock alternativo. Os indies nacionais sempre tiveram como referência bandas estrangeiras, mas finalmente podem se orgulhar dos roqueiros do underground. A prova disso são bandas como Cansei de ser sexy, The Ugly, Valentina, Réu e Condenado e... Valv.
Eles surgiram em Belo Horizonte, no ano de 2000. Fizeram recentemente um show em Goiânia, no festival Vaca Amarela do Martim Cererê, em Setembro/05. Além disso, são uma das bandas mais elogiadas do momento, praticamente viraram unanimidade de público e crítica. E, acredite: eles não estão sendo superestimados.
Contrastes. Indie e acessível. Distorção e técnica. Calma e fúria. Beleza e agressividade. Já na primeira faixa a Valv mostra a que veio. God é uma daquelas músicas ideais para abrir um disco. Uma viagem melódica, com uma letra curta, mas tocante.
Middle English vai além, com o peso das guitarras e a desilusão de seus versos. Heathen Vows, minha preferida, começa calminha e vai se tornando raivosa. Até que... chega o refrão: Tired of missing / Tired of mess / Cannot keep it down. Só há uma palavra pra definir isso: perfeito.
The Sense of Movement se destaca pela parceria com Fernanda Takai, do Pato Fu. Rhyme Royal é um número acústico que precede o rock de Nest Song e Between The Knees. A doce 903
prova que os caras realmente conseguem fazer um som alternativo sem serem arrogantes e metidos a cults e depressivos, como os Los Hermanos.
As influências do Britrock ficam explícita em From East To West, aonde os vocais começam a ecoar na cabeça de quem está ouvindo, de uma maneira surpreendente. E logo em seguida, a mais grudenta (no bom sentido) das doze faixas: Puck And The Needle. "And you know where you go now". These Ironic Days, apesar de praticamente acústica, passa uma sensação de poder. Seus versos provam isso: "Never felt so strong / Who never felt this way before".
E quando você pensa que a Valv já tinha provado o quanto é uma grande promessa da cena alternativa brasileira (mesmo que cante em inglês), vem o medley de 13 minutos intitulado One Eyed King. Não se assuste com a longa duração, pois ela vai te prender do início ao fim, da mesma maneira que as anteriores. Os vocais no trecho "How do I love the station" ficarão como registro permanentemente no seu cérebro.
Se você está cansado do Rock comercialóide e repetitivo que dominou as rádios nacionais (CPM 22, Charlie Brown Jr, Detonautas, etc), dê uma chance à Valv. Garanto que você vai adorar o lirismo, as letras e a criatividade para melodias deles.

 

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