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Kaio

 

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31 outubro 2013

Feriado de mim mesmo

Agora que eu entreguei a minha dissertação sobre A Crise da Bildung em Doutor Fausto para os professores da banca e já marquei a data da mesma (18 de Novembro), que minhas aulas do estágio-docência só voltam no dia 29/11 e que as datas de entrega dos projetos para as seleções de doutorado são só nos dia 22 (PUC) e 29 (IESP), estou passando por uma situação inédita de "férias". (O fato de que dia 9 tem Planeta Terra - leia-se: Blur! - só reforça essa sensação)
Desde Junho eu estava num ritmo alucinado de produtividade. Dei uma diminuída depois de 13/9, data em que concluí a 1ª versão da dissertação, mas depois disso ainda tive que revisá-la. Aliás, a reunião de 1º de Outubro com meu orientador foi ótima: passamos a tarde inteira relendo minha dissertação e marcando tudo o que eu precisava corrigir. Somando-se às soluções que encontrei enquanto preparava uma "abridged version" da mesma para apresentar no seminário interno do Sociofilo quatro dias depois, percebi que dava para cortar algumas coisas e cortar outras. Resultado: diminuí 18 páginas, e ainda assim fiz acréscimos na introdução e na conclusão.
Sendo assim, a viagem que fiz para Porto Alegre em 16 de Outubro, coincidentemente o dia seguinte ao fim dessa revisão, foi um descanso merecido. Como meu vôo era de manhã, pedi para minha namorada imprimir - usando meus créditos no IESP - e encadernar a dissertação e deixá-la na secretaria para meu orientador pegar. 

Eis uma transcrição do meu "diário de viagem", escrito durante o vôo de ida:
"Considero esta viagem para Porto Alegre como férias merecidas após terminar a dissertação. 'É o fim de um ciclo' é um clichê inevitável para me referir à sensação que me acomete.
Há dois anos, no dia 20 de outubro de 2011, eu terminei a minha monografia. Como já tinha passado na seleção de mestrado, meus dois últimos meses de UnB foram de férias; saí muito com meus amigos (e até fiquei 'alto' na Última Festa da Arquitetura), fui à ANPOCS (e soube de lá da vitória da Aliança na eleição do DCE) e até entrei em uma chapa para o CAPOL, a lendária POLeDance.
Desta vez não poderei desfrutar de um descanso tão prolongado. Dia 29 sai a lista de selecionados para a entrevista de Letras/UERJ; se eu passar dia 29 ou 30 tem entrevista, e dia 7 sai o resultado. Em novembro estudarei bastante Francês, escreverei a carta de intenções para o IESP e o projeto de tese para História/PUC. Em dezembro terei as provas (dos 3) e entrevistas (dos dois últimos). Enfim, o último trimestre de 2013 será bastante intenso. Não me incomodo, afinal é meu futuro que está em jogo. Minha permanência no RJ depende de eu passar em pelo menos 1 das 3 seleções. Meu Bildungsroman passará por mais um capítulo decisivo. (Aliás, prometo que, quando toda essa correira acabar, tentarei voltar a escrever meu romance)"

Mesmo no avião e no ônibus eu continuava pensando na dissertação; só saí da monomania quando encontrei meu amigo no ponto de ônibus e fui almoçar xis. (Aliás, nos dois dias seguintes eu também almoçaria essa maravilha da culinária gaúcha. O de coração é o melhor!) Em seguida fui a um sebo lá perto e, por sorte, encontrei um livro que procurava há tempos: O Homem sem Qualidades, de Robert Musil. Subi uma ladeira para ir ao Banco do Brasil da avenida Independência e sacar o dinheiro, rs. 
O Pedro voltou do compromisso dele pouco depois, e fomos para o apartamento que ele divide com duas meninas. Ambas são muito simpáticas; uma tem mestrado em Ciências Sociais e a outra faz - se não me engano - Gestão Socioambiental. Naquela quarta-feira só saí de casa para comprar uma pizza para jantar; afinal, graças à entrega da dissertação e à viagem, eu estava cansado.
Na quinta acordei cedo para fazer logo meu credenciamento no evento que motivou a viagem: o I Simpósio de Estética e Filosofia da Música. Enquanto as atividades não começavam dei uma passada na banca de revista e no sebo ao lado, e comprei respectivamente A Dignidade do Homem (Pico della Mirandola) e Os Grandes Líderes do Século XX - Thatcher (Bernard Garfinkel). Pela manhã houve uma apresentação musical e em seguida uma mesa-redonda interessantíssima: "Música em tempos sombrios: apontamentos sobre a estética musical no III Reich". Depois do almoço vi algumas comunicações orais, sendo duas delas sobre Nietzsche (possivelmente o autor mais discutido ao longo do simpósio, para meu regozijo) e uma sobre a relação entre positivismo e o sistema tonal, no sentido de ambos partilharem de certa racionalidade. 
Em torno das 16h, depois de receber uma ligação do meu orientador que me deixou confuso, fui para o apartamento mandar um e-mail pedindo esclarecimentos. Ele disse que não era nada demais; só queria marcar uma reunião para que eu explicasse o que tinha modificado nessa versão final da dissertação e para convidar os professores que comporiam a banca. Passei o resto da tarde conversando com o Pedro sobre política e vida acadêmica, e à noite fui assistir à palestra "Hanslick e o Belo Musical: a questão da autonomia estética em contexto". Foi muito boa, inclusive porque trouxe à tona questões com que lidei no capítulo sobre Adorno de minha dissertação.
Depois da palestra fui jantar pizza com três colegas, sendo que um deles mora no RJ e coincidentemente é colega de apartamento de dois colegas meus do IESP. Foi uma ótima conversa sobre música, política, sebos etc. Cheguei em casa somente em torno das 0h30.
No dia seguinte, acordei às oito da manhã e me arrumei rapidamente para ir ao congresso. Ainda tive que passar numa xerox antes, para imprimir o trabalho que eu apresentaria à tarde. Perdi a apresentação musical, mas fiquei de papo com um professor - o qual, julgando pelo sotaque, acho que é argentino. A palestra matutina foi sobre "Apolo e Dionísio na dinâmica de escuta dos dramas musicais wagnerianos". 
Almocei mais cedo para preparar o roteiro da minha apresentação, afinal eu só tinha cerca de 15 minutos para resumir meu artigo de 16 páginas. A julgar pelo áudio que gravei pelo celular (e converti depois para MP3), acho que fui bem. A propósito, eis o link para Um Concerto no Grande Hotel Abismo: O Diálogo de Thomas Mann em Adorno em Doutor Fausto. Recebi algumas perguntas que me permitiram tecer algumas considerações complementares; p.ex., a influência do romantismo alemão na "crítica redentora" de Adorno.
Com uma sensação de dever cumprido, após o intervalo aproveitei para finalmente passear pela cidade. Eu e o Willian (o músico que também mora no Rio) fomos fazer uma "excursão" pelos sebos da cidade. No melhor deles comprei o inesperado - afinal eu nem sabia que tinha tradução para o português! - A Grande Cadeia do Ser (Arthur Lovejoy) e o há muito desejado De Praga a Paris (José Guilherme Merquior), segundo um amigo meu " uma grande explicação e uma crítica implacável acerca do pensamento estruturalista e pós-estruturalista".
Chegamos a tempo de ver a última mesa, sobre "'A melodia como luz da poesia' – O impacto de F. Nietzsche sobre R. M. Rilke". Nela houve a melhor palestra do simpósio, feita pela professora Kathrin Rosenfeld. (Aliás, meses antes, eu tinha visto uma ótima conferência dela sobre a tradução de Hölderlin para Édipo Rei e como ela enfatizou o caráter de "thriller" desta obra) Ao fazer um panorama do pensamento estético alemão, ela falou até sobre Thomas Mann e Doutor Fausto!
Após um último bom papo com os três meninos com quem eu havia jantado no dia anterior, despedi-me e fui para o apartamento do Pedro. Tive outra longa conversa, desta vez com a amiga socióloga; discutimos até questões de gênero, um tema que evito por raramente encontrar interlocutores/as que não sejam radicais. Felizmente não foi o caso, pois tivemos um debate bem proveitoso. Depois que ela foi embora (tinha que viajar para Pelotas), usei um pouco de internet e fui dormir.
No dia seguinte, 19/10, arrumei minhas malas, tomei café da manhã, despedi-me do Pedro e peguei táxi para o aeroporto. O vôo de volta foi obviamente mais tranqüilo. A Carol me buscou no Santos Dumont, e aproveitei para dar a ela um presente: uma enciclopédia de Samurai X que eu havia encontrado em um dos sebos, dois dias antes. O fim de semana de volta foi ótimo, principalmente porque jogamos muito Age of Empires. Minha namorada ficou ao mesmo tempo feliz e preocupada por ter me "viciado" em Age, rs.

Na semana passada dei uma aula sobre O Mal-estar da Cultura de Freud (21) e outra sobre Eros & Civilização e O Homem Unidimensional de Marcuse (25). A má notícia foi que não passei na análise de projetos de tese da seleção de Letras/UERJ; mas, tudo bem, pois das 3 que vou tentar esta era meu plano C. Além do mais, eu já suspeitava que meu tema (Thomas Mann) não encontraria recepção calorosa neste departamento, pois mesmo o professor que seria meu orientador não é exatamente um especialista no mesmo.
Mesmo com essa clareza sobre "as razões da derrota", não pude evitar certa melancolia, principalmente nas primeiras horas após o resultado. Por sorte a tarde do dia 24 na PUC foi muito boa; conversei bastante com os mestrandos de História com quem estou fazendo a matéria do Benzaquen sobre teologia política e modernidade. 
O fim de semana também foi bom; passei a maior parte dele com a Carolina em Vila Isabel, mas no sábado fomos no Catete para a Primavera dos Livros, onde finalmente comprei, com preços promocionais, O Romance Histórico de Lukács, As Afinidades Eletivas de Goethe e Introdução a Schopenhauer de Bossert; já a Carol comprou um sobre urbanismo no Rio de Janeiro e dois do Philip K. Dick. Ainda naquele 26 de Outubro fui ao Leme para a reunião do grupo de estudos do meu amigo Alex Catharino, onde discutimos alguns capítulos de A Era de T.S. Eliot (Russell Kirk).

Esta semana está sendo a com mais cara de férias desde, digamos, Março. Exceto pelas três aulas (A Sociologia como Filosofia Moral na quarta, a do Benzaquen mais o alemão hoje), passei o resto do tempo no apartamento mesmo fazendo principalmente três coisas: assistindo a seriados (Californication, How I Met Your Mother e Os Cavaleiros do Zodíaco) jogando Pokémon Pearl e baixando/ouvindo muita música. Aliás, fiz até uma lista de Halloween; cliquem aqui para ouvir All Hallow's Evening. Outro fato legal foi que o pessoal da época do ensino médio criou um grupo no Facebook para compartilharmos nossas memórias - e, se for o caso, fotos - do triênio que passamos juntos no Colégio Classe. Confesso que bateu uma nostalgia, afinal eu não vejo a grande maioria dessas pessoas há exatos 6 anos. Por fim, felizmente nesta quinta voltei a sentir vontade de ler, e reembarquei no volume II do Fausto goethiano.
Novembro está começando (comecei a escrever este post em torno das 23h30 do dia 31 de Outubro, mas já são 1h15 do dia 1º), e espero que seja um bom mês, ainda mais porque ele é um aquecimento para as intensas três primeiras de Dezembro (últimas aulas do estágio-docência, provas e entrevistas das seleções de doutorado, arrumar minhas coisas antes de passar as férias em Goiânia...). De toda forma, pelo menos nesses primeiros dias quero fazer jus ao título - mas não ao enredo! - do romance de Santiago Nazarian.

 

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