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Kaio

 

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26 maio 2013

Diário dos últimos 2 meses

23 a 25/3: Eu, Carol, a irmã dela e um casal de amigos fomos para Saquarema. Durante esse fim de semana os fatos mais relevantes foram: 1) A épica partida de War - Império Romano que jogamos no domingo à noite (e que não terminou, aliás; dentre os 4 que jogaram fiquei com menos peças, apenas uma - mas isso foi heróico, afinal resisti a várias jogadas de dados e mantive a Sardínia!); 2) A saída no domingo à noite para comer pizza quadrada no centro da cidade; 3) O grande avanço que fiz na leitura de Saudades do Carnaval (Merquior) - aliás, leiam aqui o fichamento que fiz deste livro - e a Carol em The Fountainhead (Ayn Rand), livro que dei para ela de Natal; 4) O delicioso fondue de carne que fizemos no almoço de segunda.

28/3: Pelo visto anos terminados em "3" são cabalísticos para o Rock, pois nesta data mais um grande disco fez aniversário: Houses of the Holy, o mais sofisticado e eclético do Led Zeppelin, foi lançado há exatos 40 anos (28/3/73). As melhores faixas são a swingada "Dancing Days", a psicodélica "No Quarter", o reggae "D'yer Mak'er" e o hino roqueiro "The Song Remains the Same". Porém, as outras quatro canções também são geniais: a lírica "The Rain Song", a folk "Over The Hills And Far Away", o hard rock de "The Ocean" e a divertida "The Crunge".

29/3: Fomos ao centro da cidade, onde a Carol me mostrou 3 dos 4 primeiros morros do Rio de Janeiro a serem ocupados, no século XVI. Foi nosso 1º colóquio ao ar livre, rs.

1º/4: Eu e Carol fomos no Clube Militar para o que pensávamos ser uma palestra sobre o aniversário do golpe (ou, como eles dizem, revolução) de 64. Porém, foi apenas uma noite de autógrafos de Aristóteles Drummond, que escreveu um livro sobre tal acontecimento. Foi, contudo, um bom pretexto para eu conhecer as redondezas do Jardim Botânico.

2/4: Dia da palestra do filósofo Luiz Felipe Pondé na PUC-Rio. Carolina, uma amiga dela e eu chegamos cedo, afinal já imaginávamos que iria lotar. Dentre os temas desenvolvidos por Pondé na palestra eu poderia citar: 
1) A crítica à "moçadinha do mundo melhor", fundada na desconfiança naqueles que "acham que vão salvar o mundo não comendo carne vermelha ou andando de bike"; 
2) O diagnóstico do neopuritanismo que há no "marketing de comportamento" de nossa geração - diferentemente do puritanismo clássico, o "neo" não tem sentimento de culpa (própria);
3) Autores como Nelson Rodrigues, Freud e Dostoiévski possuem uma compreensão grande da natureza humana; 
4) A partir de situações como a evocada no texto "Guarani-Kaiowá de Boutique" (que causou muita polêmica, principalmente em São Paulo), Pondé criticou o "politicamente correto".

Ele respondeu uma pergunta que fiz relativa ao niilismo que ele detectou no pragmatismo de Richard Rorty (algo sobre o que ele fala na introdução de Crítica e Filosofia, seu livro sobre Dostoiévski). Primeiro afirmou que o ceticismo bate bem na razão, e não na religião; em seguida, alegou que Rorty acha que aceitar a falta de sentido existencial não leva ao desespero e ao sentimento trágico, pois isso seria resolvido "em assembléia" (ironia de Pondé ao construtivismo sociopolítico defendido pelo pensador pragmatista). Eis o otimismo da engenharia social, que degenera na atitude niilista de achar que é possível transformar tudo.
Em seguida, ele aproveitou a pergunta de outra pessoa para dizer que a Teologia fica tentando se provar ética. O vocabulário teológico vai caducando, mas esperamos cada vez mais da política a redenção, a possibilidade de transformação. A política tomou o lugar da graça.
Gostei bastante da palestra, e ao final pedi para ele autografar meu exemplar de Crítica e Profecia:



4/4: Dia do show do The Cure. Já falei sobre ele neste post.

7/4: Meu resumo foi aprovado para um seminário de Ciência Política que haverá em Porto Alegre na 1ª semana de Junho. O tema é o mesmo do meu trabalho de Teoria Política 2: "O Pensamento Conservador nas Considerações de um Apolítico de Thomas Mann".
À noite houve a festa de aniversário da Carol no Outback; ela completou 21 anos no dia seguinte, mas como dia 7 era domingo ela achou melhor fazer a comemoração neste dia.

8/4: Pela manhã soube da morte de Margaret Thatcher, uma das maiores estadistas que o Reino Unido, a Europa e o mundo já tiveram. Passei boa parte do dia lendo sobre a trajetória dela, e isso só reforçou a admiração que tenho por ela. O pessoal de esquerda a detesta, o que faz sentido, afinal ela encarna todos as idéias e valores (em sua maioria bons) que os esquerdistas condenam. Sua personalidade polêmica e assertiva foi decisiva para acelerar a derrocada do comunismo, a reconstrução da Inglaterra após décadas de hegemonia sindicalista-trabalhista e a implantação de políticas liberais como as privatizações. Nunca me esquecerei da citação que ela fez da oração de São Francisco, quando tomou posse em 79:
"Where there is discord, may we bring harmony. Where there is error, may we bring truth. Where there is doubt, may we bring faith. And where there is despair, may we bring hope."

11/4: Primeira vez que fui no bar dos palmeirenses em Botafogo. O jogo Palmeiras 1x0 Libertad determinou a classificação antecipada do meu time na Libertadores. Foi bem legal torcer e cantar o hino junto com os demais palmeirenses!

12/4: Eu e minha namorada fomos na College Rock Party. Foi a melhor festa que fui no Odisséia até hoje, e curiosamente também a menos cheia. No andar de baixo tocou Rock psicodélico a noite inteira (Beatles, Doors, Mutantes etc.), e no de cima predominou o post-punk e a new wave (Smiths, Cure, Joy Division, Depeche Mode...).

14/4: GP da China de Fórmula 1, com vitória de Fernando Alonso. Além do espanhol, os outros dois melhores pilotos dessa geração (Räikönnen e Vettel) também fizeram uma boa prova.

18/4: Meu amigo de longa data Saulo fez a defesa de sua dissertação de mestrado sobre a conjuntura política do golpe de 1964.
Mais uma noite de Libertadores no Boteco Fala Sério. Sporting Cristal 1x0 Palmeiras; apesar da derrota, o Verdão ficou em 1º lugar no seu grupo, graças a um gol do Libertad no último minuto de sua derrota por 5 a 3 para o Tigre.

25/4: Que dia agitado! Acordei às 7, vi no YouTube uma palestra sobre comunitarismo de um professor de Yale enquanto tomava café da manhã; li o capítulo de Teoria Política Contemporânea (escrito por meu professor de TP3, João Feres, em co-autoria) sobre comunitários enquanto estava no metrô em direção à UERJ; lá, tive aula sobre um belo ensaio do jovem Lukács (Carta a Leo Popper); almocei; fui para o IESP, onde tive aula sobre Robert Nozick e comunitaristas (by the way, MacIntyre is the best one of them!); peguei outro metrô para a UERJ, onde fui de ouvinte em uma aula sobre mito fáustico (e que me deu várias idéias para minha dissertação; aliás, só não faço essa matéria porque, com a exceção dessa aula extra, ela é no mesmo horário de Teoria Sociológia 3); fiz compras; fui para casa, e na portaria descobri que chegou um livro que encomendei - A Dialética Simbólica (Olavo de Carvalho).

26/4: Assisti a Ghost World, um dos filmes mais sinceros (e amargos) sobre amadurecimento. Há personagens que se conformam com as expectativas sociais, e há aqueles que insistem da forma mais intransigente possível em manter a mesma postura. Não há muito espaço para otimismo, e o principal mérito de Ghost World é justamente esse desencantamento. Ainda não li a HQ, mas imagino que também seja de alto nível.

27/4: Para convencer minha namorada de que esta banda é boa (e aproveitando que ela gostou de "The Wild Ones"), fiz no Grooveshark uma lista com as 25 melhores do Suede. À tarde fui ao apartamento do Fernando (santista), onde eu, ele e o Yan (amigo palmeirense que me apresentou o bar supracitado) assistimos a Santos 1x1 Palmeiras. Nos pênaltis infelizmente ficou 4 a 2 para o Peixe.
À noite fui no Bukowski, onde comemoramos o aniversário da Caroline, amiga e quase-xará de minha namorada. Lá tinha jukebox, então passamos a noite inteira ouvindo (e selecionando) boa música.

28/4: Finalmente terminei de ler Os Buddenbrooks (Thomas Mann); passei praticamente Abril inteiro lendo-o. É uma bela obra, repleta de melancolia e ironia. Sem dar maiores spoilers, a minha parte favorita do livro é quando Thomas Buddenbrook, em meio a uma crise existencial, lê o ensaio Da Morte e sua relação com a Indelebilidade de nossa Essência Pessoal, de Schopenhauer:
"Leu as frases que restavam. Fechou o livro e olhou em redor de si... Tinha a impressão de que toda a sua naturza se achava alargada de modo formidável; sentia-se cheio duma ebridade pesada e obscura. A sua inteligência estava nublada e totalmente embriagada por algo de indizivelmente novo, atraente e prometedor, que lembrava o primeiro desejo esperançoso do amor. Mas quando, de mãos gélidas e pouco seguras, guardou o livro na gaveta da mesa rústica, reinava na sua cabeça ardente uma pressão esquisita e tensão inquietante, como se alguma coisa quisesse arrebentar (...). Permaneceu o dia inteiro nesse estado de lerdo arroubamento, surdo, ébrio e vazio.
(...) Em profundo silêncio, no ar um tanto abafado, ele estava de costas, erguendo o olhar para as trevas. Eis que de súbito, a escuridão diante dos seus olhos pareceu rasgar-se, como se a muralha veludosa da noite se partisse, rachando e descobrindo um panorama de luz, imenso, impenetrável e eterno... 'Hei de viver!', disse Thomas Buddenbrook; quase em voz alta; sentiu como o peito lhe estremecia como um soluço íntimo. 'Esta é a revelção: hei de viver! Algo há de viver... e pensar que não sou este 'algo', isso é um engano, é apenas um erro que a morte corrigirá. É isso! É isso!... Por quê?'
(...) Fim e dissolução? Três vezes deplorável quem como pavorosos esses termos insignificantes! Que é que ia findar e se dissolver? Este seu corpo... Esta sua personalidade individual, esse obstáculo lerdo, renitente, defeituoso e detestável, obstáculo que nos impedia de ser outra coisa melhor!" (p. 575-576)

30/4: Dia de Libertadores. Foi a partida de ida das oitavas-de-final entre Tijuana e Palmeiras. Ficou 0x0, um resultado positivo se considerarmos que o time mexicano tem em seu gramado sintético um trunfo. O goleiro Bruno fez várias defesas importantes.


2/5: Dormi muito mal no noite entre os dias 1º e 2; cheguei até a ter uns sonhos meios malucos, quase delirantes. Estava com febre, então segui o conselho da minha mãe e comprei um Novalgina. Porém, recuperei-me poucos dias depois.

3/5: Dia da minha 1ª prova de alemão. À noite finalmente vi Silêncio dos Inocentes. O pretexto para assistir a esse filme foi a análise que Olavo de Carvalho fez do mesmo em A Dialética Simbólica. Para poder lê-la, resolvi vê-lo. Valeu duplamente a pena: o filme é excelente, repleto de simbolismo, e a interpretação de Carvalho captou bem isso. Eis um trecho:
"Tanto pela estrutura como pelos símbolos a que alude ou pela obediência estrita ao princípio de correspondência, O Silêncio dos Inocentes se revela uma narrativa iniciática, e das mais perfeitas que o cinema já nos deu. Nele não existe uma única referência simbólica ou mitológica que não se encaixe com extrema adequação e felicidade na estrutura total da obra, refletindo esse todo na escala do detalhe; e a estrutura global, por sua vez, tem todos os elementos requeridos: o mestre, o discípulo, o adversário diabólico, as peripécias reveladoras e purificadoras." (p. 204)

4/5: Dia do aniversário de 8 meses de namoro. Dei de presente para a Carolina o livro Estética da Arquitetura (Roger Scruton).
À tarde fomos almoçar na casa do avô materno dela, que também chamou para o almoço uma senhora muito louca, que contou estórias das mais desconexas: filha de militar, militante do MR-8, matou um "milico" (e só foram descobrir o crime quando ela o confessou em 95), teve um filho durante a Guerrilha do Araguaia (detalhe, ela aprendeu a atirar com o Lamarca), foi exilada, morou vários anos na França e na África, é médica, trabalhou na OMS, dirigiu o Hospital Salgado Filho, e está disposta a contar tudo sobre o José Dirceu na Comissão da Verdade. Quando ela foi embora, eu, a Carol e o avô dela fomos checar na internet se alguma dessas coisas é verídica, o resultado foi negativo para todas elas, rs.

5/5: Minha namorada me arrastou para o Aterro; enquanto ela andava de patins, fiquei sentado numa cadeira, tomando sol e água de coco enquanto lia A Dialética Simbólica. À tarde, assisti à São Paulo Indy 300 (vitória de Hinchcliffe, após ultrapassar Sato na última curva) e à final do Campeonato Carioca com o avô paterno de minha namorada. O time dele, Fluminense, perdeu para o Botafogo. Nem preciso dizer a festa que os (escassos) torcedores botafoguenses fizeram no bairro, né?

6/5: Com uma semana de atraso, começa Sociologia 1, matéria para os calouros de História da UERJ em que eu, Fernando e Hugo estamos fazendo estágio docente. 
À noite o pessoal do III Fórum Brasileiro de Ciência Política, a ser realizado entre o fim de Julho e o início de Agosto em Curitiba, confirmou que meu resumo para o GT de Teoria Política foi aprovado. Apresentarei um artigo sobre "Humanismo e Liberdade no Pensamento Político de Mario Vieira de Mello". Aproveitei para começar a comprar os livros dele que ainda não li (até então eu só tinha O Humanista, já lido e fichado, e O Homem Curioso, a ser lido); encomendei Desenvolvimento e Cultura: O Problema do Estetismo no Brasil e, como vocês verão, na semana seguinte achei outros dois.

7/5: Perguntei ao meu professor Frédéric se tinha algum exemplar de seu livro Uma História Filosófica da Sociologia Alemã: Volume 1 - Marx, Simmel, Weber e Lukács à venda, e ele meu deu um. A propósito, esta obra, que é uma tradução de sua tese de doutorado (o Volume 2, sobre a Escola de Frankfurt, ainda será publicado), é uma ótima sistematização destes quatro pensadores canônicos da Sociologia germânica; inclusive estou utilizando-a como referência para as aulas de Karl Marx e Max Weber para Sociologia 1, e aproveitarei algo dos capítulos sobre Georg Simmel e Georg Lukács para minha dissertação.

8/5: Criei uma lista de The Fall para apresentar esta lendária banda de post-punk aos meus amigos.

10/5: Aproveitei o embalo e fiz outra playlist no Grooveshark, com meu top 20 (em ordem cronológica, como sempre) do My Bloody Valentine. Às 15h assisti a uma palestra de Javier Sebástian na Fundação Casa de Rui Barbosa: "Entre Inovação e Tradição: Mudança, Continuidade e Ruptura na História Intelectual". Foi bem interessante, e gostei da maneira como ele defendeu uma abordagem à la Gadamer da história das idéias, ao invés dos mais populares Koselleck e Skinner.
Em seguida, eu, minha namorada e dois amigos que viram a palestra conosco pegamos um  ônibus para Niterói. Infelizmente cheguei atrasado na feira de livros que estava ocorrendo na UFF; porém, para não perder a viagem, Carol e eu jantamos no Mister Pizza, rs.
P.S.: A pizza de quatro queijos e chocolate estava absurdamente boa.

11/5: No sebo Baratos da Ribeiro achei por apenas 35 reais (com o desconto-pechincha, 30) a Teoria Estética de Adorno; comprei sem titubear, afinal terei que lê-la para a matéria frankfurtiana que estou fazendo em Letras/UERJ e também irei usá-la para um dos capítulos da minha dissertação. Em seguida fui à reunião do Sociofilo, em que se conversou sobre alguns capítulos da tese do Gabriel Peters. Foi uma discussão bem proveitosa; aliás, gostei bastante do estilo ensaístico e criativo que o Gabriel adotou no capítulo sobre o humor ("O homo ridens entre o caos e a ordem").

12/5: Dia das Mães, então entrei no Skype para felicitar a minha, hehe. (À noite escrevi um texto sobre ela e postei em seu Facebook; ela gostou bastante). Pouco depois assisti ao GP da Espanha de Fórmula 1: Alonso venceu em casa, em uma excelente corrida dele e de seu companheiro de equipe, Felipe Massa - o qual largou em nono e chegou em terceiro lugar.

13/5: Vi o último episódio da 4ª temporada de Community. Inicialmente gostei, mas depois de ler uma resenha bastante crítica do mesmo no AV Club, percebi que o capítulo de fato se esforçava demais para agradar ao espectador e pecava em profundidade (isso sem falar nas piadas repetidas). Espero que a 5ª - e provavelmente última - temporada seja melhor do que esta que se encerrou, a qual foi irregular e não chegou aos pés das excelentes 3 primeiras.

14/5: Ouvi o novo disco do Daft Punk, Random Access Memories. É um álbum excepcional, que retoma a sonoridade pop de Discovery, mas com uma tonalidade claramente influenciada pela disco e pelo fim dos anos 70. A sofisticação das canções lembra o Michael Jackson de Off the Wall ou os singles do Chic. Destaque para "Give Life Back to Music", "Instant Crush", "Lose Yourself to Dance", "Get Lucky" e "Contact".
Já que o jogo da Libertadores só começava às 22h, passei no sebo Luzes da Cidade e por sorte achei Nietzsche (Mario Vieira de Mello). Pouco depois, em um bar lotado por 50 palmeirenses, vi a partida Palmeiras 1x2 Tijuana. O time jogou mal e mereceu a derrota; o lance que definiu o jogo foi o "frango" do goleiro Bruno (de herói a vilão...). Espero ir mais vezes no Fala Sério para torcer junto com os demais, foi uma experiência bem legal. Quem sabe voltarei caso o Palmeiras avance para as quartas-de-final da Copa do Brasil? 
Na foto abaixo, como podem ver pelas minhas mãos, eu estava incrédulo diante das falhas ofensivas do Verdão:



15/5: Comprei mais dois livros no Luzes da Cidade: O Cidadão: Ensaio de Política Filosófica (Mario Vieira de Mello), que eu descobri que tinha lá graças ao Estante Virtual, e Uma Nova História da Música (Carpeaux), o qual eu reservara no dia anterior.
Após três aulas do Fernando em Sociologia 1, neste dia foi a minha primeira. Falei sobre A Ideologia Alemã (Marx e Engels), enfatizando sua importância para a Sociologia do Conhecimento e como esta obra ajuda a revelar o fundamento normativo humanista de Karl Marx. Fiquei feliz por manter a "neutralidade axiológica" e conseguir passar a aula inteira sem falar mal do barbudo comunista, rs!

17/5: Uma semana depois, voltei a Niterói para assistir à ótima palestra de Renato José de Moraes (um dos responsáveis pela revista Dicta e Contradicta) sobre "Chesterton e a Sanidade Intelectual". Pontos principais:
1) G.K. Chesterton é o "príncipe do paradoxo": inverte o senso comum e quebra uma tradição de idéias limitadoras e rasas, cobertas por uma faceta revolucionária/vanguardista. (P.ex., os socialistas fabianos, como Bernard Shaw e H.G. Wells)
2) Um mal enorme se revela no uso estranho da palavra "ortodoxo": hoje em dia há um orgulho em ser "herege" (que não significa mais errado, mas corajoso) e um desprezo pela "ortodoxia" (que etimologicamente significa "opinião correta"). As pessoas estão se preocupando menos com o que está filosoficamente certo e mais em ser elegantes, politicamente corretas. Este relativismo é manifestado, por exemplo, por John Rawls. O problema é que a democracia parte de uma série de verdades; os direitos humanos não podem estar sujeitos à mera vontade da maioria.
3) Vivemos em incoerência, e este divórcio entre pensamento e realidade leva à loucura. Além disso, esta "esquizofrenia" torna irrelevantes as idéias defendidas. Um exemplo é o pessimismo de Schopenhauer, Nietzsche e Sartre e seu mote "O mundo não vale a pena viver". Outro caso disso é o pensador que quer se tornar totalmente coerente e explicar toda a realidade, como Freud.
4) Descartes coloca o centro do pensar na subjetividade humana; o ápice desta visão é Kant. Porém, há uma série de pensamentos que não podemos provar por meios dedutivos; a inteligência humana não é só razão, tem que se abrir a uma realidade maior. Como diria Chesterton, a imaginação não leva à loucura; a razão, sim: "O louco é o homem que perdeu tudo, menos a razão".O racionalismo tenta colocar a realidade na cabeça do homem, sendo que o não coubesse nela não existe; mas, isso só nos levaria à exaustão mental. Este subjetivismo absoluto, que foi uma bandeira do Iluminismo, foi criticado por autores como Dostoiévski e Kierkegaard.
5) Como diria MacIntyre, nenhum pensador sério é relativista. O relativismo é sadio como postura de momento, mas nunca como finalidade; pelo contrário, neste caso é um sinal de fraqueza de pensamento. Além disso, o relativismo só parece modesto, pois quer se impor, é totalitária. Não por acaso, Mussolini certa vez disse: "Não existe verdade, por isso vamos impor a nossa."
6) A marca da loucura é a combinação de completude lógica e concentração espiritual. Para sair dela é preciso amplitude de espírito, "ar puro". Enquanto há mistério, há saúde; a abertura para se admirar é indispensável até para a Filosofia, que se inicia com o maravilhamento. 
7) A sanidade intelectual é a abertura para o infinito. A dignidade de outro ser humano é sagrada. É preciso aceitar que o outro é bom e respeitá-lo. Bom senso, razão e mistério andam juntos.

Depois da palestra passei a tarde inteira conversando com alguns dos meninos desta foto. Foi bem legal saber que há outros conservadores sensatos no Rio de Janeiro; agora que desisti de vez dos libertários, eu precisava encontrar gente que tivesse uma linha de pensamento parecida com a que venho adotando nos últimos tempos.





18/5: Completam-se 33 anos desde a morte de Ian Curtis, vocalista e letrista da Joy Division, uma das melhores bandas de todos os tempos.
Nessa mesma data, em 2006 (o ano mais 'joy-divisioniano' da minha vida, rs), escrevi um texto sobre a banda, incluindo biografia, discografia e o meu top 10 de favoritas (que, aliás, continua praticamente o mesmo - eu só tiraria "Passover" para colocar "These Days").
À noite eu e minha namorada fomos no apartamento de uma amiga dela, onde nós e mais um bando de pessoas assistimos a "Bastardos Inglórios". Foi uma noite divertida.

20/5: Inscrevi-me para o Politéia, e no dia seguinte comprei a passagem para Brasília. Dia 23 de Julho irei rever meus amigos brasilienses! Na simulação serei mais um personagem (lembrando que ano passado fui Bob Fields e em 2011, Alexis de Tocqueville): Otto Maria Carpeaux é o homenageado da vez. 




Durante a noite soube da morte Ray Manzarek, o brilhante tecladista de The Doors. Manzarek fez solos geniais em "Light My Fire", "Love Me Two Times" e "Riders on the Storm", e é teve tanto peso artístico nos Doors quanto o vocalista Jim Morrison. Além disso, foi produtor da banda punk X (que, aliás, fez um cover de "Soul Kitchen").

21/5: The Velvet Underground foi a lista da vez. Não foi difícil fazer um top 20 da banda, pois já gravei uma coletânea com praticamente a mesma setlist (a única diferença foi que desta vez incluí "Pale Blue Eyes").

23/5: Aniversário do meu irmão semi-caçula; como ele tem aula cedo, liguei às 6h30 para dar-lhe os parabéns. Neste dia tive uma aula política na UERJ e uma aula engraçada no IESP: na primeira, falamos mais sobre os problemas sociais do Rio de Janeiro e os do mundo acadêmico (p.ex., as bancas de doutorado que ficam cobrando os estudantes a citar/lidar com autores da moda, tipo Bourdieu) do que sobre o autor em questão, Walter Benjamin (aliás, nem gosto muito dele e seu jeito nostálgico-derrotista; como diz uma amiga minha, ele é o hipster de Frankfurt, rs... Porém, admito que seus textos sobre Baudelaire são interessantes); na de Teoria Política 3, a aula sobre teoria do reconhecimento (Hegel, Taylor e cia.) foi bem descontraída.

24/5: Terminei a leitura de Desenvolvimento e Cultura. Este ensaio de Mario Vieira de Mello é de altíssimo nível; poucas vezes li uma reflexão tão profunda sobre a cultura ocidental e a posição do Brasil na história intelectual do Ocidente. Talvez a crítica de Vieira de Mello a Machado de Assis tenha sido exagerada, mas isso é mais do que compensado pela análise penetrante que fez sobre o viés marxista do desenvolvimentismo, a cultura francesa, Dostoiévski, Nietzsche etc. Se der, em breve postarei um fichamento desta obra, que se equipara em qualidade a Saudades do Carnaval.

25/5: Ontem foi o churrasco de boas-vindas aos calouros do IESP. Ao contrário do ano passado, vieram mais doutorandos que mestrandos. Acompanhei a final da Liga dos Campeões por lá; a propósito, Bayern de Munique 2x1 Borussia Dortmund foi um jogaço! O gol decisivo de Robben foi belíssimo. Novamente trouxe meus CDs e discotequei durante a maior parte da tarde. Porém, foi só começar a rodinha de violão que deu vontade de ir embora, rs... porém, antes de sair ainda conversei bastante com o pessoal e tomei sorvete.

26/5: Hoje foi um dia automobilístico. Às 9 da manhã acompanhei o GP de Mônaco de Fórmula 1. A corrida começou morna, mas melhorou na segunda metade, graças ao arrojo de três pilotos: Hamilton (que quase passou Weber na Rascasse), Pérez (que mandou bem ao ultrapassar Button, exagerou um pouco ao passar Alonso e foi imprudente em sua colisão com Räikkönnen) e Sutil (o qual fez belíssimas ultrapassagens em locais pouco óbvios). Kimi, apesar da batida do mexicano, conseguiu uma recuperação histórica nas voltas finais, indo de 16º para 10º. A vitória foi de Rosberg, que contou com o baixo desgaste dos pneus da Mercedes em Mônaco para finalmente fazer valer sua pole, ao contrários dos 2 GPs anteriores.
Eu e Carolina almoçamos enquanto víamos F-Indy. As 500 Milhas de Indianápolis foram emocionantes, principalmente nas voltas finais. Após várias trocas de liderança, Tony Kanaan assumiu a ponta faltando 3 voltas para o final e contou com uma bandeira amarela para sagrar sua prova impecável. O triste desfecho do piloto baiano na São Paulo Indy 300 (quando estava na liderança, seu carro ficou sem combustível graças a um erro de cálculo da equipe) foi mais do que compensado por este triunfo na mais tradicional corrida dos EUA.

 

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