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Kaio

 

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12 abril 2013

Thursday I'm in love: The Cure no Rio

Prefácio
4 de Abril de 2013. 18h. Saí mais cedo da aula de Teoria Política 3 para pegar o ônibus para Barra da Tijuca (onde fica o HSBC Arena, local do show). Ainda assim enfrentamos engarrafamento e só chegamos lá quase três horas depois. Porém, os ingressos caros impediram o show de ficar lotado, então não tivemos dificuldade de achar uma cadeira que não ficasse muito longe do palco. Como dá para ver pelas fotos que a Carol tirou, estávamos bem localizados.
Minha namorada passou lápis de olho e sombra em mim; vim com uma camisa preta de manga comprida e abotoada até o pescoço (parece a que o Robert Smith usou em clipes como "The Caterpillar"), calça preta (rasgada no joelho esquerdo, mas não de propósito; foi desleixo mesmo, rs) e botas (já que não tenho coturno). Enfim, eu parecia um cosplay do vocalista do Cure - embora seja uns 20 cm mais alto que ele, rs. A Carolina também veio com um visual dark.
A banda atrasou o show em apenas meia hora, e ainda assim com justificativa: já que o trânsito para chegar ao HSBC Arena estava lento, deu mais tempo para os fãs chegarem. Às dez em ponto, começou...

O show
1. Open: Como eu quase nunca ouvi esta faixa de abertura do Wish (1992), cheguei a pensar que era uma música nova. Não é exatamente empolgante, mas funcionou bem para mostrar a vibe introspectiva que predominaria na performance da banda.

2. High: O primeiro hit da noite. Tem uma levada bacana, agradável. 

"And when I see you happy as a girl
That lives in a world of make-believe
 It makes me pull my hair all out..."

3. The End of the World: Uma das poucas músicas deles na última década de que gosto. É bem pop e redonda.

4. Lovesong: Uma das minhas preferidas. Presente de casamento de Robert Smith para Mary, é uma das mais belas declarações de amor da história do rock.



5. Push: Primeira que animou a platéia. É do álbum The Head On The Door (1985), um dos mais alegres da banda - lembrando que "alegria" no Cure é sempre com as devidas proporções...

6. In Between Days: Mais uma deste álbum de 85. Foi a 2ª deles que eu conheci; até 2005, eu só tinha ouvido "Boys Don't Cry". A letra é bipolar: primeiro quer afastar a outra pessoa, depois quer que ela volte.

"Yesterday I got so scared
I shivered like a child
Yesterday away from you
It froze me deep inside"


7. Just Like Heaven: Outra grande canção da banda. É uma das mais famosas e elogiadas, logo dispensa maiores apresentações.

"'Show me how you do that trick
 The one that makes me scream' she said
 'The one that makes me laugh' she said
 And threw her arms around my neck"


8. From the Edge of the Deep Green Sea: Terceira canção do Wish. É uma das poucas deste disco que eu curto; o riff de guitarra dela é feroz.

9. Pictures of You: Começa aqui uma trinca de músicas do Disintegration (1989). Sete minutos de uma melodia bonita e uma letra nostálgica. A propósito, a capa do single é uma foto antiga que Smith tirou de Mary.


10. Lullaby: Talvez esteja no meu top 5 de favoritas do Cure. É delicada e assustadora ao mesmo tempo.

"And there is nothing I can do
When I realise with fright
 That the spiderman is having me for dinner tonight"


11. Fascination Street: O riff de baixo é arrepiante. Talvez seja a faixa mais rock 'n' roll do melancólico Disintegration, o qual é para muitos o melhor disco deles - na minha opinião é o 2º colocado, perdendo para Seventeen Seconds (1980); mas, numa análise mais fria e menos subjetiva, concordo que aquele é o álbum mais maduro do Cure.

12. Sleep When I'm Dead: Minha favorita do disco mais recente deles (4:13 Dream, de 2008) marcou presença. A Carol também gosta muito dela.

13. Play for Today: Fiquei exaltado quando percebi que eles iam tocar a dobradinha do Seventeen Seconds. Esta canção, apesar de triste, tem uma batida empolgante, e a letra é curta e dolorida.

"It's not a case of doing what's right
It's just the way I feel that matters
Tell me I'm wrong
I don't really care"


14. A Forest: Enfim, a obra-prima do The Cure! É a música mais poderosa deles: já começa com uma introdução assombrada nos teclados e guitarra, segue-se um riff inesquecível, uma letra marcante (sonhos com uma garota na floresta e a inevitável sensação de solidão), um solo desesperador e, após oito minutos, ela se encerra com uma linha de baixo minimalista.

"I'm lost in a forest
All alone
The girl was never there
It's always the same
I'm running towards nothing
Again and again and again and again..."



15. Bananafishbones: Esta foi meio anti-clímax. Não que seja exatamente ruim, mas acho que eles podiam ter tocado mais uma da fase gótica (1980-82) para combinar com a vibe de "A Forest"...

16. Shake Dog Shake: Agora sim! A faixa de abertura de The Top (1984) é uma das mais raivosas da história do Cure.

"Wake up in the dark
The after-taste of anger in the back of my mouth
Spit it on the wall
 And cough some more"


17. Charlotte Sometimes: Um ótimo single da fase soturna apareceu com um arranjo um pouco diferente; tanto é que demorei alguns segundos para reconhecer.

18. The Walk: Adoro essa; é animada e tem um teclado sensacional. Dancei bastante, contrastando com o jeito quieto da maioria das pessoas da platéia. 

19. Mint Car: Não gosto do Wild Mood Swings (1996), mas esta canção é uma das poucas que se salva nele. Sua sonoridade é ensolarada (o fato de Robert tocar violão reforça isso), e ela parece ser uma continuação de um sucesso de quatro anos antes, e que foi justamente a faixa seguinte...

20. Friday I'm in Love: Pop e grudenta, do tipo "ame ou odeie". Eu gosto, mas minha namorada (que tem um gosto musical que tende ao hard rock) não suporta; tanto é que ficou sentada tirando fotos do palco enquanto ela tocava, rs.


21. Doing the Unstuck: Outra do Wish. Começa aqui a pior parte do show.

22, 23 e 24. Trust, Want  e The Hungry Ghost: Três músicas fracas, respectivamente do Wish, Wild Mood Swings e 4:13 Dream; como eu já disse, não estão entre os meus discos prediletos do Cure. Aproveitei para ir beber água.

25. Wrong Number: Longo e mediano single de 97. A versão ao vivo não é tão irritante quanto a de estúdio.

26. One Hundred Years: A apresentação volta a ficar boa com esta depressiva e existencialista canção do Pornography (1982). Infelizmente só tocaram quatro músicas da fase gótica; eu tiraria tranqüilamente as cinco faixas anteriores para tocar, por exemplo, "M", "At Night", "Primary", "A Strange Day" e "The Hanging Garden".  
Enfim, "One Hundred Years" foi a mais bad trip do show, e um dos motivos para isso foram as cenas de guerras e campos de concentração que ficaram passando no telão. 

"It doesn't matter if we all die (...)
Fighting for freedom on television
Sharing the world with slaughtered pigs (...)
Over and over
We die one after the other
It feels like a hundred years"


27. End: Como o próprio título de mais uma faixa do Wish sugere, a primeira parte do show chegava ao fim. Outra que não me agradou muito; depois ter acabado com minha garganta na canção anterior, fui beber mais água, rs.

Primeiro bis

28. Plainsong: Oba, mais uma do Disintegration! Esta é bem atmosférica.

29. Prayers for Rain: Uma das melhores do disco supracitado; a melodia é governada pelos teclados.

30. Disintegration: Para fechar a segunda trinca deste álbum, nada como a intensa faixa-título.  

"I never said I would stay to the end 
I knew I would leave you with babies and everything
Screaming like this in the hole of sincerity
Screaming me over and over and over"

Segundo bis

31. Dressing Up: Iniciando a parte final do show, tocaram uma melódica e sensual faixa de The Top.

32. The Lovecats: Começa aqui uma maratona de nove clássicos do The Cure, tocados de forma ininterrupta. Foi lindo! Finalmente a platéia mostrou animação.

"We bite and scratch and scream all night
 Let's go and throw all the songs we know"


33. The Caterpillar: Demorei anos para valorizá-la, mas atualmente é uma das minhas preferidas. É de uma beleza exótica mesclada com senso de humor.

"Flicka flicka flicka
Here you are
Cata cata cata
Caterpillar girl"


34. Close to Me: Melodia fofa, letra desesperada - o Cure é mestre nesses paradoxos... Mesmo sem o sax da versão original, continua dançante.

"I never thought that this day would end
I never thought that tonight could ever be
This close to me"


35. Hot Hot Hot!!!: Eis uma surpresa; não esperava que fossem tocá-la... Single subestimado do Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me (1987), tem uma levada funk de que eu gosto.

36. Let's Go to Bed: A música que "matou" a fase soturna e iniciou a guinada pop-serelepe da banda. A letra é um deboche só, satirizando o cunho sexual de tantas músicas populares.

"You think you're tired now
But wait until three
Laughing at the Christmas lights
You remember from December
All of this then back again
Another girl
Another name"


37. Why Can't I Be You?: Outra bem empolgante, foi hit em 87. Depois que vi o clipe dela, dias antes do show, passei a curtí-la ainda mais.

38. Boys Don't Cry: Finalmente Smith e cia. tocaram sua música mais famosa no Brasil (e em vários outros países, imagino). A letra é de uma sinceridade ingênua mas cortante:

"Now I would do most anything to
Get you back by my side
But I just keep on laughing
 Hiding the tears in my eyes"


39. 10:15 Saturday Night: Um dos melhores momentos do show; gostei de ver a platéia batendo palmas para acompanhar o ritmo dos pratos da bateria. Robert disse numa entrevista que é sua música preferida, até porque ela tem a essência do Cure.

"Waiting for the telephone to ring
And I'm wondering where she's been
And I'm crying for yesterday
And the tap drips"


40. Killing an Arab: Para fechar a noite, nada como o 1º single da banda! Estupidamente acusada de racismo por gente que nunca leu nem ouviu falar de O Estrangeiro (Albert Camus), fonte de inspiração para a crise existencial do eu-lírico desta música:

"Staring at myself
Reflected in the eyes
Of the dead man on the beach
The dead man on the beach
I'm alive
I'm dead
I'm the stranger
Killing an Arab"


Posfácio
Após um dos melhores shows da minha vida, eu e minha namorada pegamos um ônibus para Copacabana, desta vez num percurso de tempo bem mais curto que o da ida. Fiquei lendo Simmel enquanto ela dormia, mas tinha um casal barulhento do nosso lado que me tirou a concentração na leitura, então acabei resolvendo cochilar também.
Uma semana depois, ainda estou ouvindo The Cure todo dia, contrariando a "ressaca" que geralmente me acomete depois de ver o show de uma banda. Talvez isso ocorreu porque era uma apresentação que eu aguardava ansiosamente desde minha adolescência; Cure foi a minha trilha sonora em 2006, um ano de crise seguida de redenção. Ver e ouvir ao vivo músicas que tanto me marcaram foi uma experiência inesquecível.

 

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