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Kaio

 

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06 maio 2009

Opinião Externa

(Giovana e Henrique, em uma conversa durante o almoço)

- Você viu? O César escreveu um texto, contando para todo mundo, mesmo que sob forma fictícia, sobre o 'episódio' que ele teve na semana passada!

- Pois é. Sei lá, achei desnecessário. Às vezes ele exagera; sente-se tão legitimado por aquilo que você chamou nele de "extro-introspecção", que começa a ficar fofocando sobre a própria vida (e a daqueles que convivem com ele), como se se sentisse no direito de julgar tudo e todos.
- Não é bem assim; até duvido que ele tenha tamanha malícia. No final das contas, é a maneira que ele encontra para resolver seus problemas. Colocar no 'papel' e expô-los para que quem quiser leia. Acho que, no fundo, essa é a idéia dos blogs intimistas, da 'old-school': um diário aberto, em que você compartilha seus segredos, pouco se importando se ninguém, poucas ou várias pessoas irão ler.
- Eu sei, Giovana, mas reprovo essa conduta. Ele pode magoar quem teve sua vida exposta, mesmo que indiretamente, em suas historinhas. Há certas coisas que podemos (e deveríamos) guardar para nós mesmos - e nisso incluo desde a fé até detalhes sórdidos de nossas vidas.
- Não seja tão dogmático, Henrique. Você mesmo gosta de fazer pregações político-ideológicas (essa última eleição acabou de provar isso), ou mesmo contar para todo mundo o quanto a sua vida mudou depois que você fez 15 anos, e toda aquela ladainha...
- Sim, mas eu não tomo a iniciativa de ficar contando isso para as pessoas, ao contrário dele. Só o faço quando elas me dão abertura para fazê-lo. Acho que você mesma é assim; raramente a vejo revelando para todo mundo sua intimidade.
- Óbvio, afinal quase ninguém entenderia sequer um milésimo dos meus, por assim dizer, traumas foucaultianos. Então, é melhor ficar calada. Porém, agir diferente do César (com seu auto-conhecimento externalizado) ou mesmo da Júlia (que satiriza e despreza as pessoas como válvula de escape para seus próprios problemas) não significa que eu deva reprovar a conduta deles.
- Entendo, mas você não acha que ele, mesmo que não deliberadamente, fez um texto meio 'vingativo'?
- Não. Poxa, Henrique, pare com esse maniqueísmo. Não há apenas uma ou duas interpretações possíveis para as atitudes humanas. Há toda uma teia de detalhes que devem ser analisados antes de um veredicto - e mesmo essa decisão deve ser relativizada. Não quero parecer advogada do diabo, mas há mais na psiquê do César (ou da Júlia, Alice, Mário...) do que seu dogmatismo quer ver.
- Então, mostre-me. O que há para ser compreendido, além de um típico "já que ela não me quer, vou contar pra todo mundo o que aconteceu"?
- Antes de tudo, uma inspiração literária. O César, que sempre reclamou que nunca tinha histórias dignas de serem contadas em um livro, passou por uma situação razoavelmente válida, tanto para o aprendizado dele (que, espero, aprendeu a ser menos iludido no campo do amor) como para exercício estilístico. Concordo que o texto poderia ter sido melhor elaborado, para não ficar tão "óbvio", mas talvez ele mesmo não quisesse formalizar demais algo que não o precisava. Em segundo lugar, preste atenção no desenrolar da trama: depois do fato em si (enfatizado por sublinhados em vermelho), ele pára e reflete, e constata que não existem culpados e vítimas na história; no máximo, uma pessoa que precisou de uma situação extrema para abandonar idéias pré-concebidas; aliás, algo que você mesmo deveria aprender.
- Tudo bem, mas e o ressentimento? Ele fala que quer evitá-lo, mas escrever tão explicitamente sobre o assunto já não denota uma vontade de despejar amarguras?
- Acho que não. A própria filosofia dele, o Anfisismo, já explica isso - discursos aparentemente contraditórios, na verdade, representam multiplicidades. Em outras palavras, e usando um esquema 'tripartite': enquanto a parte mais "ética" dele quer tirar alguma lição daquela experiência, a parte mais "ansiosa" não quer perder a chance de encerrar 'a angústia do silêncio', já a parte mais "tecnocrática" vai jogando informações até encaixá-las de uma maneira que a esclareça melhor, e assim por diante. Conclusão: não é ressentimento, mas talvez a insegurança em lidar com as próprias emoções, a imaturidade de um rapaz com uma trajetória tão previsível como a dele.
- Hum, faz sentido. Eu já sentia essa falta de discrição - e mesmo de tato - do César desde que nos conhecemos, há uns seis anos. Esse jeito "nada a esconder" dele, por um lado, é preocupante e lamentável, mas por outro - e nisso concordo com você - pode também ser visto como uma maneira que pessoas como ele utilizam para, sei lá, encontrarem a si mesmas. É uma opção arriscada (e que pode causar estragos), mas, se ele aprender algo de bom fazendo desse jeito, não é tão reprovável assim.
- Que bom que você entendeu, Henrique. E, melhor ainda, não me acusou de ser "uma realista cínica" (algo que a Júlia adoraria ser chamada, ao contrário de mim). Já estava meio cansada de ficar tentando lhe convencer que o César não é um monstrinho normativo e tragicômico. Mesmo que isso soe sádico, fico feliz por ele ter tido essa situação com a Flor, pois, agora, ele poderá ter um caminhar menos pesado e aproveitar a vida mais tranquilamente - como ele mesmo parece, enfim, querer.
- Tomara, Giovana. Tomara. Mudando de assunto, vai votar na minha chapa?
- Céus, vai começar tudo de novo...

 

Comentários:

 

 

Bando de fofoqueiros! Como o povo gosta de falar da vida alheia! Huhauhaua

Preciso de uns textos assim para me dizer que não sou fracassada no "amor".


7: onde tá?
7/2: sob, 7!
7: é mesmo. to sentindo..
7/2: urum. tá mentindo.
7/7: tem mentido.


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