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Kaio

 

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18 dezembro 2007

XVII Congresso de Planejamento Burocrático

É incrível: estou tendo mais facilidade para organizar detalhes sobre "Megalomania Psíquica" do que realmente escrever o livro. Por exemplo, já decidi que ele terá cerca de 250 páginas, divididas em dezessete capítulos. Além disso, já fiz um resumo sobre o que ocorrerá no primeiro capítulo e os sentidos extraídos disso. Até mesmo já delimitei a (des)ordem cronológica e a quantidade de aparições de certos personagens. Até já posso me dar ao luxo de criar os coadjuvantes. Só falta elaborar a obra em si, até porque há três semanas que não escrevo algum trecho significante. Tal situação, no entanto, pode vir a mudar.
A razão para tal... revisão de diretrizes é bem simples: resolvi parar as máquinas. Limitarei em 56 o número de livros que lerei em 2007. Ontem à noite, concluí o 54º, "Cultura e Psicanálise" (Herbert Marcuse), e já comecei hoje a ler um do Freud que contém três ensaios bem interessantes: "O Futuro de uma Ilusão", "O Mal-Estar na Civilização" e "Dostoiévski e o Parricídio". Assim que encerrá-lo, minha derradeira leitura para este ano será "A Sabedoria da Vida", de Schopenhauer. Depois, disso, só me dou o direito de voltar a ler no dia 21 de Janeiro. Tradução: depois do vestibular da UnB, rs. Não quero ser obrigado a recorrer ao plano B: fazer três ou quatro meses de Relações Internacionais na UCG (mesmo assim, só se eu conseguir uma boa classificação e, conseqüentemente, desconto na mensalidade), esperando pela prova de Junho/08 da UnB. Preciso passar já em Janeiro, e uma das razões para isso já foi repetida por mim aqui em RS zilhões de vezes: eu não vejo motivos para comemorar se eu passar no vestibular. Não é mais do que uma obrigação, e ponto. Se eu falhar, certamente ficarei decepcionado, justamente porque não correspondi às expectativas que criei para mim.
Enfim, desviei completamente do assunto ao qual me propunha. O fato é que preciso urgentemente ficar quatro semanas sem ler nada, assim como terei que diminuir a TV e o PC. Se vai dar certo ou não, não sei ao certo. Torço para que ao menos este ponto do XVII Congresso de Planejamento Burocrático seja bem-sucedido.

Dir-se-ia que eu buscaria outras maneiras de ocupar o tempo em que não estivesse em aula ou resolvendo exercícios. É verdade, e a solução que encontrei - em uma divagação feita na manhã de hoje, aliás - foi a seguinte: papel e caneta. Ou seja, aproveitar para escrever o livro quando estiver à toa e/ou entediado. Pelo menos eu estarei promovendo a cultura ao invés de simplesmente adquiri-la, hehe.

Ah, retomemos outro assunto do qual eu acabei me dispersando: comentários sobre "Cultura e Psicanálise" e "O Futuro de uma Ilusão".
Pois bem, aquele é composto por três ensaios, que melhoram em ordem crescente. O primeiro, "Sobre o caráter afirmativo da cultura", é muito técnico, talvez porque Marcuse ainda não tinha plenamente desenvolvido seu estilo argumentativo em 1937/38. Mesmo assim, é até bom, destacando-se nele a intertextualidade e a feroz crítica à limitação da plena liberdade, tanto individual quanto coletiva. Já "Comentários para uma redefinição da cultura" é bem melhor, e trabalha com os conceitos de civilização e cultura de maneira satisfatória. O terceiro, "A noção de progresso à luz da psicanálise", é o meu predileto. O fato de ter sido extraído de uma palestra permitiu-lhe ter uma linguagem bem agradável, mas o tema em si já facilita isso. Marcuse conseguiu associar as questões socioeconômicas com as teorias freudianas de maneira tão eficaz que eu até fiquei com vontade de voltar a ler Freud.
Pois bem, foi justamente isso o que ocorreu. Acordei disposto a ler alguns textos do psicanalista austríaco, e não me decepcionei. O primeiro dos ensaios, "O Futuro de uma Ilusão", é contundente ao criticar certas idéias às quais a sociedade se apegou durante o processo civilizatório, sendo que elas só corroboraram com a repressão dos instintos e a sublimação dos mesmos. O foco de Freud foi a religião, e eu gostei da maneira como ele abordou o tema, sempre abusando da ironia. Para quem já possui um posicionamento mais, digamos, livre e independente de culto a deuses (vide agnosticismo, ateísmo, humanismo etc.), o autor não fala nada de surpreendente, mas isso não torna a sua argumentação menos destacável. Não sei exatamente o que um religioso pensaria de "O Futuro de uma Ilusão"; o crítico literário Harold Bloom, por exemplo, afirmou em "Onde Encontrar a Sabedoria?" que não achou interessantes e convincentes a retórica freudiana em tal ensaio. Lembrem-se, no entanto, que Bloom é um ardoroso defensor dos valores da cultura 'judaico-cristã-ocidental-burguesa', hehe.
Mesmo assim, minhas expectativas quanto a esse livro de Sigmund Freud estão mais centradas nos dois outros textos. Aliás, já li "Mal-Estar na Civilização" no ano passado, mas como foi uma leitura limitada (e fragmentada) pelas reuniões semanais do Café Filosófico, acho que ainda preciso tirar conclusões próprias a respeito da obra.

Pois bem, acho que vou encerrar por aqui. O XVII Congresso ainda não acabou. Enquanto eu não encerrar todas as minhas pendências e terminar de traçar meus planos para os próximos dias e semanas, continuarei inquieto.

 

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