Auto-consciência em momento oportuno
Quem leu um certo texto que eu escrevi em Maio sabe que eu estou na última etapa de minha adolescência. Segundo a cronologia kaionista, 17 anos é a idade central, o momento em que eu consolidarei definitivamente a minha personalidade, estabelecerei os paradigmas para a minha existência daqui em diante, necessitarei ter uma melhora substancial na qualidade de meus textos, leituras, oratória e retórica, entre outras coisas. É uma época decisiva e fundamental para que eu seja profundamente perfeccionista e ambicioso. Até a megalomania é mais aceitável do que não buscar os meus sonhos, projetos e objetivos.
Claro que ainda falta muito, mas muito para que eu sinta que já concluí 1% do que pretendo. É verdade, tive uma relativa estabilidade e tranquilidade nos últimos meses, com raros momentos de ansiedade e stress. Será, no entanto, que só isso será suficiente? Separarei umas dez coisas que ainda considero que deixam a desejar:
I - Livros. Comecei vários, mas só concluí 18 leituras nesse ano. Prometi para mim mesmo que leria ao menos uns dois nas férias, contudo terminei apenas um, pois ainda faltam 127 páginas para que eu acabe "A Náusea", e amanhã é meu último dia de recesso escolar! Isso sem citar os inúmeros autores que eu ainda não pude ler (ou li aquém do que deveria) nesse ano, por preguiça ou falta de tempo: Kant, Tolkien, Stuart Mill, Cervantes, Dante Alighieri, Montesquieu, Charles Darwin, Darcy Ribeiro, Michael Cunningham, Thomas Mann (agora que eu ganhei "A Montanha Mágica" de aniversário, preciso ler a 2ª metade da obra!), Nietzsche (já li uns 7 do bigodudo entre 2005 e 2006, mas ainda faltam 3 ou 4 que eu comecei e não terminei)... Preciso também falar dos livros que ainda tenho que comprar? Vou a um sebo amanhã, espero que consiga encontrar alguns que procuro; além disso, já encomendei pelo Submarino "O Caminho da Servidão" (Hayek).
II - Estudos autodidatas. Consegui dar uma boa adiantada na Física Moderna no mês passado, porém ainda falta ler o segundo volume do livro "Para Iniciados, Interessados e Aficionados". Quanto ao Latim, dei uma parada há mais de três meses e até hoje não reiniciei! Poxa, só estudei 24 das 104 lições da Gramática Latina do Napoleão! Para piorar, estou estagnado nas minhas pesquisas e leituras sobre Psicologia, Relações Internacionais e Artes Visuais, sequer comecei o Francês e ainda falta muito para que eu me considere realmente capacitado no meu futuro curso, Ciência Política, para entrar na faculdade e arrasar corações e mentes! Aliás, não quis ser engraçado na frase anterior, só fiz tal comentário para esconder a paranóia! Argh!
III - Música. Preciso ouvir mais jazz e música clássica para deixar nos trilhos o meu gosto por ambos os estilos. Quanto ao rock e à eletrônica, felizmente já estou no ponto ideal.
IV - Videogames. Vivo comentando em fóruns de games, mas jogar que é bom... Estou desperdiçando o PlayStation 2 que tenho em casa, e consigo ter o inescrúpulo de desejar um Wii?! É o fim da picada!
V - Amor. Não, não estou querendo dizer que preciso namorar, mas sim preciso de uma definição mais clara do que pretendo com o (s) hipotético (s) relacionamento (s) que terei no futuro. Serei mais idealista ou liberal? Ágape ou Storge? Desejar uma companheira para completar-me ou que seja uma espécie de versão feminina de mim? Os meus neurônios responsáveis pela parte mais 'sentimental' do Anfisismo têm que se definir logo, oras!
VI - Cinema. Poxa, este é preocupante. Assisti a vários filmes ótimos nas férias, mas ainda é bem abaixo do que estabeleci como meta. Não estou querendo pagar uma de cult ou pseudo-intelectual; é que eu vejo como uma necessidade conhecer cinema suficientemente bem para extrair uma lição ou um ensinamento de cada película que eu ver. Algo do tipo "compreender a beleza que existe naquela cena, naquele personagem, naquela trama". Enfim, ter uma apreciação artística refinada, por mais inútil que isso seja!
VII - Política. Sim, continuo o mesmo nos últimos 22 meses: libertário e com tendências de centro-direita. Mesmo assim, preciso enriquecer isso. Já que sou um livre pensador, preciso encontrar idéias interessantes e sensatas também nos outros 'times'. Nem que seja necessário conversar por horas a fio com anarquistas, socialistas, nacionalistas, conservadores etc., mas eu não posso ficar limitado às opiniões e noções que já tenho. É preciso ir além, expandir, ser um verdadeiro espírito livre!
VIII - Comportamento. Sou um egocêntrico quase incorrigível, e sei que posso incomodar as pessoas quando chego ao cúmulo de até escolher quais as músicas que vão tocar na hora do recreio no meu colégio (aliás, faço isso desde Fevereiro lá na escola, rs). Isso sem falar em outras idiossincrasias, como nunca achar que estou errado e ficar comentando e analisando os conteúdos durante a aula inteira, como se "pensasse alto" ininterruptamente.
IX - Escola. Já sei que vou insistir ao máximo para os coordenadores que deixem eu ficar dois meses como 'intercambista' do meu colégio lá no Poliedro. Se eu não conseguir, terei que replanejar completamente meu semestre. Do contrário, terei mesmo assim uma grande responsabilidade pela frente; tal aquisição de experiência de vida e independência afastar-me-á por dois meses de minha cidade natal, de minha família, de meus amigos... Isso sem falar no ritmo de estudos intenso que eu terei se for lá para São José dos Campos. Será que eu conseguirei mesmo lidar com isso, ou minha retórica excessivamente auto-confiante é uma fraude?
X - Elaboração das idéias anfisistas. Tudo bem que ainda não tenho dinheiro e patrocínio para escrever um livro, mas isso não é motivo para parar de fazer textos que explicassem no que consiste o Anfisismo. Nem me dei ao trabalho de fazer algo mais epistemológico ou mesmo um artigo informal que tivesse algumas linhas de raciocínio. Tudo bem que meu objetivo ao criar o ideário anfisista não é fazer filosofia à moda antiga (ou seja, tenho aversão a algo ultra-dogmático), mas que custaria a mim usar o ócio criativo para organizar melhor o Anfisismo? Ele vai completar um ano de criação em Setembro, Kaio! Wake up, stop being so tedious!
Ufa, acabou a sessão de auto-crítica. Bem, pelo menos por enquanto... Assim como o da carta na garrafa, usarei este texto que acabo de encerrar como uma espécie de manual para orientar-me sobre meus acertos e erros no decorrer desta nova etapa de minha juventude.