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Kaio

 

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08 fevereiro 2007

Vigilância consentida

Estamos privados da privacidade. Infelizmente, quase todas as distopias do século passado, direta ou indiretamente, se concretizaram. A violação da vida privada, a qual é talvez uma das mais lamentáveis delas, tornou-se explícita. O caminho para a eliminação da liberdade e individualidade, conquistadas nos últimos anos a duras penas, foi iniciado.
O professor Alexandre Freire, da FGV-SP, em sua obra "Inevitável Mundo Novo - O Fim da Privacidade" (citada na última IstoÉ), até enfatizou o dia que pode ser considerado o marco deste processo: 11 de Setembro de 2001. Os ataques terroristas em NY criaram uma histeria em escala mundial; tal cenário foi propício para que os mais paranóicos alertassem para a necessidade de se colocar a segurança em primeiro lugar, como se o discurso de que coletivo deve "esmagar" o indivíduo ganhasse força e todos passassem a ser ameaças à humanidade, sendo assim, imprescindível a vigilância constante.
As novas tecnologias, ironicamente, passaram a auxiliar tal absurdo. Há cada vez mais mecanismos e apetrechos para "dar uma espiadinha" no que fazemos em cada uma das 24 horas diárias. Chegou-se ao ponto no qual tudo que fazemos em nossa intimidade pudesse ser uma movimentação estranha e suspeita aos "olhos" das câmeras. Como resultado, é como se se acreditasse que, com todo esse monitoramento, apenas os "wrongdoers" deveria ter com o que se preocupar. Será mesmo?
Óbvio que, em meio a tudo isso, alguns artistas iriam se preocupar com a situação. O Radiohead, por exemplo, alude ao controle cada vez mais rígido de nossa liberdades individuais na canção "Karma Police". Já o mundo da televisão resolveu tirar sarro do contexto atual; referindo-se a um famoso personagem do supracitado romance "1984" (George Orwell), uma emissora holandesa criou, há alguns anos, o reality show "Big Brother". Ele, pode-se dizer, é uma maneira divertida de demonstrar como a exposição da vida alheia já é uma realidade. Além disso, há público (muito, aliás) que se interesse pelo programa, tornando inegável o fato de que todos nós, em maior ou menor escala, somos "voyeurs".
Este processo, no entanto, não é irreversível. Mesmo assim, as chances de impedir que nossas vidas privadas passem a ser cada vez mais públicas são remotas. Um dos motivo para isso, aliás, somos nós mesmos. A internet, com seus blogs, fotologs, MySpaces e orkuts, é uma prova incontestável de que adoramos expor as nossas intimidades. A perda de privacidade não será revertida tão cedo e a culpa não é dos Estados (os quais, temerosos de novos ataques terroristas, jamais interromperiam agora suas medidas de segurança), mas sim dos indivíduos, que gostam de serem observados e preferem rir do que refletir sobre a situação, afinal, "sorria, você está sendo filmado".

(Redação que eu fiz nessa semana. Tirei 90, a corretora disse que eu poderia ter feito mais intertextualidade para fazer mais relações "do micro para o macro". Concordo, acho que o texto se fixou demais a alguns exemplos. Espero fazer textos melhores nas próximas semanas.)

 

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