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Kaio

 

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01 fevereiro 2007

Uma "nação" libertária

A internet, inquestionavelmente, foi um dos maiores avanços do século passado, sendo ela um símbolo da globalização por interligar o mundo inteiro através de uma rede de computadores. As vantagens trazidas com o surgimento dela são incontáveis, mas uma em especial anda sendo muito discutida - o grau de liberdade.
Podemos muito bem comparar a internet a um regime anarquista. Não existem nenhum tipo de poder centralizado que determine o que pode ou não ser feito no mundo virtual, sendo ela, portanto, uma espécie de "nação" libertária. Todo e qualquer indivíduo pode fazer o que lhe vier em mente, e isso pode ser visto em várias páginas, como blogs (que são uma espécie de diário digital), orkut (uma comunidade virtual), Wikipédia (uma enciclopédia construída pelos próprios internautas), compartilhadores de arquivos (por exemplo, eMule e soulseek) e, claro, o famoso (ou famigerado?) You Tube, que proporcionou ao usuário a possibilidade de publicar e assistir a zilhões de vídeos.
Após dois parágrafos bem prolixos, finalmente chegamos aonde eu gostaria de falar sobre um exemplo de como essa livre expressão pode causar polêmica. Há cerca de 4 meses, vazou no You Tube um vídeo no qual Daniela Cicarelli e seu namorado foram flagrados em cenas picantes em uma praia do Mediterrâneo. A apresentadora da MTV, inicialmente, usou o discurso "E daí?", mas ela e seu companheiro acabaram por tentar processar o site e exigir que o vídeo fosse proibido, mas o juiz que eles consultaram teve uma idéia brilhante e nem um pouco imbecil - bloquear o acesso ao You Tube inteiro no Brasil, o que ocorreu há 3 semanas.
Óbvio que a reação dos internautas foi a mais indignada possível, provando quew o mundo virtual já tem uma força política expressiva. O caso brasileiro foi comparado até com o da China, país no qual diversos tipos de páginas são censuradas, como as que criticam o regime político chinês, as sobre direitos humanos e as de conteúdo erótico. Ou seja, bloquear o You Tube foi uma das atitudes que mais feriram a liberdade na rede mundial nos últimos tempos. A Justiça brasileira também deu um péssimo exemplo, pois além de parcial, foi simplista.
Falar sobre invasão de privacidade quando o assunto é internet, ao meu ver, é até contraditório, pois, se a pessoa expôs indevidamente em público a sua intimidade, é bem possível que alguém possa se aproveitar disso. A culpa, aliás, nem é da rede ou de quem publicou, mas sim da própria pessoa, que deveria estar consciente de que ela não está sozinha no mundo, e, portanto, não está imune às opiniões e julgamentos alheios. Acredito, então, que qualquer forma de censura à internet é intolerável e que o anarquismo dela não deve ser afetado por casos isolados de pessoas descuidadas.
(Essa foi uma redação que eu fiz hoje, cujo tema foi "a internet deve ser um 'território' livre ou deve haver algum tipo de censura?". Tirei só 89, mas levando em conta que os corretores do terceiro ano são bem rigorosos, nem fiquei tão decepcionado com a nota, até porque eu fiz a redação hoje de madrugada, lá pelas 5h, hehe.)

 

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