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Kaio

 

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21 janeiro 2007

Pseudocult até a medula

O conto "O Crime de Lorde Artur Seville", do genial Oscar Wilde, é um retrato bem interessante do cinismo da Inglaterra vitoriana (aliás, Wilde faz isso em praticamente todas as suas obras, sempre de maneira brilhante, como no romance "O Retrato de Dorian Gray"). Gostei muito de como foi 'dissecado' o perfil psicológico do protagonista, expondo insegurança e determinação ao mesmo tempo. A reflexão sobre o destino também foi incrível, prendendo o leitor da primeira à quadragésima e última página da história.

"Os Vagabundos Iluminados" é, das 4 obras de Kerouac que eu já li (as outras três são "On The Road", "Os Subterrâneos" e "Tristessa"), a mais tranqüila. O protagonista, Ray Smith, ao contrário de outros personagens kerouacianos (como Sal Paradise e Leo Percepied), troca a porra-louquice pelo estilo zen. Pessoa muito espiritual que é, faz inúmeras referências a ensinamentos budistas durante a obra, e cenas como a em que ele fica em uma montanha, solitário, 'ouvindo o silêncio', são um símbolo do Jack Kerouac do final dos anos 50, pouco antes do ceticismo e amargura da última década de sua vida. Como em todos os escritos do autor, há um certo tom melancólico nos personagens (mesmo em Japhy, o amigo oriental de Ray), algo bem comum na geração beat (um ótimo exemplo disso é em poemas como "Uivo", "O Automóvel Verde" e "Sanduíches de Realidade", todos de Allen Ginsberg), que, em meio a toda a loucura, não via o futuro como bons olhos, e o hedonismo, ao invés de dissimular essa realidade, só a expunha mais intensamente. Como eu já disse em um texto do mês passado, o post-punk é um reflexo disso.

O filme "Psicopata Americano" trabalha de maneira realista o tema ao qual se propõe, e o ator Christian Bale atuou muito bem como Patrick Bateman, demonstrando todas as idiossincrasias de um 'típico' psicopata (especialmente nos 20 minutos finais do filme, com o clímax da história, levando a um desfecho satisfatório). Yuppie que é, Bateman concilia o sucesso profissional com a patologia, e entre suas vítimas estão desde colegas de trabalho até prostitutas e mendigos. A sua frieza para matar concilia com seu jeito temperamental e sua lábia altamente persuasiva, tornando-o uma pessoa muito perigosa para todos que o cercam, ainda mais porque poucos têm o mínimo de consciência da psicopatia de Patrick.

"Réquiem Para Um Sonho" é, na minha opinião, o melhor filme sobre drogas já feito, depois de "Trainspotting". Ao contrário deste, no entanto, "Réquiem" preza menos pela ironia e o sarcasmo e mais pelo relato ultra-realista e chocante (mas não sensacionalista) sobre os efeitos de substâncias como as anfetaminas e a heroína em seus usuários. Uma coisa que eu achei bem legal foi a relação que se fez com as estações do ano - o Verão é a melhor época para os quatro protagonistas (todos representados por ótimos atores - Jared Letto, Jennifer Conelly, Ellen Burstyn e Marlon Wayans), que obtém prazer pelas drogas e estão todos bem. No Outono, as drogas já não funcionam tão bem como fuga da realidade, e eles começam a ter problemas. O Inverno é o fundo do poço, com todo o desespero e o horror ao qual eles inevitavelmente alcançariam pelas suas escolhas. Enfim, "Réquiem Para Um Sonho" é alucinante do início ao fim, altamente recomendável. Destaque também para o diretor Darren Aronofsky, que conduziu muito bem o filme.

 

Comentários:

 

 

Só livros bons
;)


Réquiem é porrada das boas... Ellen Burstyn é A atriz.


FINALMENTE ALGUÉM QUE LEU "OS VAGABUNDOS ILUMINADOS"!!!!!!!!
"PSICOPATA" É SOCO NA NUCA, MUITO BOM!
"RÉQUIEM" É DO CARALHO, MAS PREFIRO "TRAINSPOTTING".


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