Cadê a direita?
Antes de qualquer coisa, analisemos o perfil dos que disputam a presidência da nação tupiniquim.
Lula, que já pregou socialismo, hoje é o queridinho do FMI. O modelo econômico adotado foi o da ortodoxia quanto à taxa de juros somado a um intervencionismo estatal, como provam o aumento da carga tributária e toneladas de programas assistencialistas e parasitários - o que nos leva a considerar sua gestão de centro-esquerda. Seu desempenho na presidência é apenas mediano, mas ele é o favorito nas pesquisas.
Geraldo Alckmin, do PSDB, faz jus à sigla de seu partido, já que provou no governo de SP que é um social democrata moderado. Ele valoriza o papel do Estado na economia, mas sem impedir a ação da iniciativa privada e a racionalização administrativa. Alckmin, ao que tudo indica, montará uma chapa de centro, juntando os trabalhistas PPS e PDT e o conservador PFL.
Heloísa Helena é conhecida por seus discursos exaltados e a imagem de credibilidade que passa. Ela, no entanto, ainda é muito radical, com propostas típicas de extrema esquerda, como a "superação do capitalismo", a luta de classes entre os trabalhadores e a "elite imperialista", a moratória da dívida externa e o nacionalismo econômico.
Já Anthony Garotinho é o populismo em pessoa - demagogo, paternalista, fanático religioso e "inimigo das elites". Aliás, ele foi motivo de piada nacional quando decidiu responder às acusações de corrupção feitas pela imprensa fazendo uma greve de fome, o que prova que ele é, além de tudo, um covarde. Seu partido, o PMDB, tem uma longa história de desunião, dissonâncias e fisiologismo.
Muito bem: agora, cadê os "destros"? Nem ultranacionalistas ou federalistas estão no pleito. Muitos apoiarão Alckmin como o "menor dos males", outros gostariam de ver Enéas como candidato, alguns até falam em voto nulo. Coitadinhos. Estão mais ocupados na internet, formando "partidos virtuais", discutindo liberalismo clássico e anarcocapitalismo e falando mal da esquerda. Isso quando o Olavo de Carvalho não decide alertar para a existência de "conspirações comunistas"...
Não, não estou pedindo por um governo de direita. Apenas gostaria de ver uma diversidade ideológica maior, para que nós, eleitores, pudéssemos fugir de velhos clichês eleitorais, como a polarização petistas x tucanos, políticos populistas ou vermelhinhos tresloucados (alguém se lembra do "contra burguês, vote 16"?). No final das contas, o Brasil vira uma lei de Newton, permanecendo na inércia, sem novidades no quadro político.