Considerações kaionistas - parte 2
Comentarei, a seguir, algumas obras que eu estou lendo - sim, adoro ler vários livros ao mesmo tempo, não consigo ficar preso em só um. Afinal, pedantismo é uma das artes mais apreciadas por minha pessoa.
- "Crítica da Razão Pura" (Immanuel Kant): esse alemão é um dos ícones da corrente filósofica "Idéias complicadas, mas que mudaram o mundo". Pensadores tão diferentes como Schopenhauer e Hegel foram influenciados por Kant. E não é para menos - ele consegue desenvolver muitos bem seus argumentos, sempre com muita coesão. Na obra, ele tenta achar um elo entre a razão absoluta (defendida por Descartes, por exemplo) e a razão empírica (maior expoente - John Locke). Boa parte do seu pensamento é sintetizado na seguinte frase: "A razão deve ir ao encontro da natureza, para ser por esta ensinada, é certo, mas não na qualidade de aluno que aceita tudo o que o mestre afirma, mas sim na de juiz investido das suas funções, que obriga as testemunhas a responder aos quesitos que lhes apresenta".
- "A República" (Platão): a Bíblia dos ociosos. Platão prova que o mundo é das pessoas que apreciam o ócio criativo, ou seja, que aproveitam o tempo livre pra discutir filosofia, política, ética, comportamento, leis, entre outros assuntos. O método da ironia de seu mestre Sócrates pode ser controverso, mas serviu para derrubar sofistas (apesar de que eu os admiro, por terem criado o pedantismo). Que venha a sofocracia!
- "O Idiota" (Dostoievski): ainda estou na página 116, mas já percebi alguns fatos notórios - 1. São centenas de personagens, vou demorar anos para decorar o nome e o apelido de todos eles; 2. A história é bem envolvente, tanto quanto a das obras primas do autor, "Crime e Castigo" e "Os Irmãos Karamazov"; 3. Míchkin é um Dom Quixote russo e epilético; 4. A análise psicológica que o autor faz de sua época é impressionante.
- "Lavoura Arcaica" (Raduan Nassar): personagens profundos, ritmo frenético (o autor não usa pontos para encerrar períodos, só vírgulas, o que dá uma sensação de ação contínua, sem pausas), enredo bem bolado, incesto, diálogos matadores... ah, se todos os livros fossem assim, o mundo seria bem melhor.