Considerações kaionistas - parte 1
Nota-se uma discrepância no sistema educacional privado do Brasil (nossa, que início onipotente! Gostei) - a negação do indivíduo, e o principal motivo para isso é o vestibular. Viramos criaturas que se preocupam excessivamente com números e resultados, e chegou-se a um ponto em que ou nos adequamos a isso, ou estamos fadados a ir pra fila do desemprego.
Viramos monomaníacos por estudar - robôs sem sentimentos, cuja "assistência técnica" são os professores. Só nos importamos com o sucesso profissional, este passou a ser um valor mais importante que a individualidade e a criatividade. Qualquer fuga dessa realidade é mal vista, o maniqueísmo "alunos que passam em vestibulares / alunos que não passam" chegou ao ápice.
Se eu fosse apontar o principal motivo para isso, seriam, muito provavelmente, as próprias escolas particulares. São elas que financiam a permanência dos vestibulares, e burocratizaram a mera passagem do aluno de Ensino Médio para a faculdade. O modelo americano de entrevista com os reitores e testes que são apenas parâmetros (e não a "peneira" que seleciona) é bem mais interessante, mas os tupiniquins preferem continuar com essa tecnocracia, afinal, no século XXI, a técnica superou a principal função da escola: a transmissão de conhecimento.
A globalização é um "capitalismo comunista", pois homogeneizou tudo, ao invés de facilitar a circulação de idéias e informação. Nisso, a esquerda venceu a direita, por incrível que pareça - o coletivo e o suposto 'bem-estar' esmagaram a liberdade de cada um.
Estudamos inúmeras coisas objetivas (e inúteis) na escola: nas ciências humanas, a informação e o senso comum superaram a formação e o bom senso; nas exatas, a teoria é mais valorizada que a prática; e nas biológicas, detalhes e notas de rodapé valem mais do que o pleno entendimento dos estudantes.
Não se preocupem - tudo isso que eu citei é em nome de uma "democracia nefasta", afinal, somos todos uma massa de manobra, meros tijolos no muro. No muro do sistema educacional falido que é o do nosso querido Brasil, a república dos bananas. E quem ousa levantar a voz contra isso? Ninguém, afinal é mais bonito dizer que é punk ou comunista do que realmente levantar-se do sofá e fazer algo pelo mundo. Que sejamos felizes nesse admirável mundo novo do século 21.