11 fevereiro 2014
Assisti agora há pouco ao último episódio de Freaks and Geeks, e minha admiração pela série é ainda maior do que a demonstrada no post anterior. É incrível como tanto o roteiro quanto as atuações conseguem transmitir uma notável mescla de seriedade e sensibilidade.
A crise existencial de Lindsay (aliás, sempre interpretada de forma brilhante por Linda Cardellini) é o centro gravitacional de Freaks and Geeks - algo que o último episódio mostra de forma tocante e com um desfecho surpreendente. A série, contudo, também dá um generoso espaço para os demais personagens, chegando ao ponto de praticamente fazer um episódio próprio para cada um deles. Exemplos não faltam: Lindsay procura conhecer outras facetas de seu self para além do estigma de "a melhor aluna da escola"; seu irmão Sam (John Francis Daley) enfrenta as "panelinhas" típicas do ensino médio e mostra um notável senso de moralidade; os "freaks" Daniel (James Franco), Kim (Busy Phillips) e Nick (Jason Segel) lutam contra tanto a baixa auto-estima quanto a subestimação de seus pais e professores; os dramas familiares dos "geeks" Bill (Martin Starr) e Neal (Samm Levine) são comoventes; e mesmo personagens mais fechados como Ken (Seth Rogen) amadureceram bastante ao longo dos 18 episódios.
Por fim, cabe ressaltar o viés "humanista" de F&G: concordo com Todd VanDerWerff quando ele diz que os personagens de Freaks and Geeks são fundamentalmente bons; por mais que cometam erros, estão sempre dispostos a se tornarem pessoas melhores.
Enfim, esta série se tornou uma das minhas favoritas; ouso dizer que é uma genuína coming-of-age story, de um romance de formação em forma de seriado televisivo.
P.S.: Sim, a trilha sonora continua espetacular nos 11 últimos episódios. Para não dar maiores spoilers para quem ainda não viu a série, direi apenas que dois dos capítulos homenageiam The Who e Grateful Dead!
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Hoje viajo para o Rio de Janeiro, pois amanhã é o único dia em que haverá a matrícula do doutorado na PUC. As aulas no IESP, no entanto, só começam em Março; mesmo assim, aproveitarei as próximas semanas para terminar (aliás, começar!) os trabalhos finais de "A Sociologia como Filosofia Moral" (farei um sobre o conceito de compaixão para Schopenhauer) e "A Teoria Estética de Theodor W. Adorno" (analisarei o contexto social e a música da Joy Division a partir do pensamento de Adorno). Também preciso terminar um artigo sobre Mario Vieira de Mello para uma revista, e já estourei meu prazo; estive tão em ritmo de férias (games, TV, internet, ir ao shopping para comprar livros e CDs etc.) que não consegui me concentrar para escrever nada. Espero que, chegando no RJ, eu consiga encontrar a inspiração necessária.
Estas férias estão entre as melhores que tive até hoje, principalmente pelo bom tempo que passei com minha família (tanto os pais e irmãos quanto as visitas aos avós) e pelas três semanas que a Carol esteve comigo (destaque para os quatro dias que passamos em Brasília). Foi uma renovação "de corpo e alma" comparável à de 2008, e coincidentemente em outro ano no qual começo uma nova etapa da minha vida: se seis anos atrás me preparei psicologicamente para a UnB, desta vez me "energizei" para o doutorado.
Tomara que este ano continue tão bom quanto começou!