10 fevereiro 2011
Eu sei que é estranho o fato de eu nunca ler meu escritor favorito "numa só sentada". Com a exceção de "Carlota em Weimar", cujas 250 páginas finais li em apenas dois dias, nunca li obras de Thomas Mann com grande velocidade. Mesmo "A Montanha Mágica" demorei 1 ano e meio para concluir (longa história, mas, para simplificar, digamos que li as 500 primeiras páginas por uma edição emprestada por uma colega minha e as 500 finais numa que ganhei de aniversário, meses depois).
Com "Doutor Fausto", a escrita (quer dizer, leitura) se repete. Em Dezembro do ano passado, até que comecei bem: li as 330 primeiras páginas em 1 semana, até ser interrompido pelas aulas da UnB e novas prioridades para minha cabeceira (Erasmo, Montaigne...). Agora que voltei para Goiânia, resolvi retomá-lo. A leitura vem sendo bem lenta, até porque estou no famigerado "ritmo de férias", e fiquei vislumbrado com os downloads bem mais rápidos da internet daqui de casa em relação à da minha kit-net brasiliense. Ontem mesmo relatei no Facebook que baixei 3 filmes de quase 400 MB cada em menos de 20 minutos! Estou fazendo estoque para os tempos difíceis, haha!
Porém, sinto que já está na hora de me "forçar" a ler mais detidamente este romance.
Como álibi, afirmo que, desde ontem já estou em ritmo de monografia: coletei dezenas de páginas de artigos e ensaios sobre Thomas Mann, alguns especificamente sobre "A Montanha Mágica". Além disso, estou pedindo dicas de bons historiadores culturais para meus colegas de História, e em breve começarei a coletar teóricos políticos que "legitimam" minha área de estudo (Política & Literatura). O que mais gosto no meu tema é que ele me permite coletar bibliografia de várias áreas: Crítica Literária, Filosofia, Teoria Política, História etc. Para alguém como eu, um humanista que abomina a especialização acadêmica, nada mais gratificante.
Espero que dê tudo certo com a minha "mono", porque penso em fazer uma tese de mestrado ambiciosa: Identidade e Liberdade em "A Montanha Mágica" e "Os Irmãos Karamázov". Seria o máximo estudar comparativamente as ideologias políticas e visões de mundo dos 3 personagens principais (Castorp, Settembrini, Naphta x Alieksiêi, Ivan, Dmitri) de cada um destes dois clássicos!
Porém, voltando para o presente... preciso terminar logo de ler "Doutor Fausto" para ter ainda mais temáticas para pensar. Ou vocês acham que não vou querer relacionar Settembrini com Serenus Zeitblom e Naphta com Adrian Leverkühn e os professores de idéias radicais que ele teve? Mann pode ser por vezes maçante (e até irritante para quem não domine os assuntos sobre os quais ele adora falar - imaginem quão perdido fiquei quando ele fazia digressões sobre teoria musical!), mas seu estilo claro e realista e a riqueza de idéias presentes em seus personagens me fascinam profundamente.