Th(r)e(e) party(ies)
Sinceramente, irei à festa para experimentar teorias e paquerar garotas. Como? Oras, testarei cantadas e flertes que aprendi nas últimas semanas, mas também tratarei de ficar observando as pessoas e calculando possibilidades. Adoro combinar racionalidade com desejos e sensações. O César diz que me pareço com o Hans Castorp: um engenheiro com coração.
Ando tão cheio de planos e tarefas que não perderia a primeira oportunidade de descarregar essas tensões e preocupações. Logo, uma balada é a ocasião perfeita para ter uma 'diversão planejada'.
Durante a conversa, nós meio que fizemos uma divisão - cada um de nós deveria tentar convencer outra pessoa a ir à festa. Incubi-me de persuadir a Giovana. Porém, ela anda meio estranha nos últimos dias - sei lá, mais relativista do que nunca. Para ela, ninguém está certo ou errado: "é tudo uma questão de ponto de vista". A Giovana jura que isso é reflexo de uma atitude mais relaxada da parte dela em relação à realidade, mas algo me diz que, no fundo, ela fez ou fará algo que procurará justificar com esse discurso perspectivista.
Alice O Mário puxou conversa sobre a festa, e o assunto veio bem a calhar. Estou animada em relação a esse evento da Bio; eles têm tradição no ramo. Não tanto quanto nós, seres gloriosos da Comunicação Social, mas o suficiente para gerar uma boa festinha. A lista de DJs e shows parece bem promissora.
Minha mentalidade festiva é bem simples: aproveitar cada uma como se fosse meu último dia na face da Terra. Adoro perder o controle durante algumas horas, toda vez que tenho "a date with the night". Eu deixo as coisas rolarem, só me preocupando com arrependimentos (ou, quando possível, a ausência deles) no dia seguinte. Há quem chame essa postura de hedonismo, epicurismo ou sejá lá o que for. Eu prefiro considerar isso uma atitude válida de uma jovem que quer apenas curtir, sem frescuras ou maiores pretensões. Vou dançar bastante, e, se der na telha de ficar com alguém, por que não?
Tive uma semana bem complicadinha, cheia de provas e campanhas políticas. Minha chapa, de esquerda moderada, perdeu para a do Henrique, que é um "socialista mainstream", coisa de petistas mais tradicionais (e não esses vendidos de hoje em dia). Ficamos em um clima meio que de rivalidade; ainda mais ele, que leva política muito mais a sério que eu - que tenho mais com o que me preocupar, né?
Então, agora que a chapa dele venceu a eleição para o diretório estudantil, o Henrique ficou todo exibido. Nem sei se ele vai querer ir na festa da Bio. Porém, vou propor uma trégua partidária para tentar convencê-lo. Ia ser legal tê-lo por lá. Já que o levei pro mau caminho há alguns anos, nada como continuar curtindo junto com ele, até hoje, a nightlife de Cosmopólia. Além do mais, fiquei responsável, depois de um acordo com o Mário e a Ju, de "cuidar" dele; então, façamo-lo.
Júlia Que tédio. Ainda bem que teve o show do Oasis na TV, hoje à noite, para salvar o meu dia. Tocaram várias das minhas prediletas, tais como "The Importance of Being Idle" e "Supersonic". E, de quebra, ainda apresentaram um cover daquela que César considera a melhor música de todos os tempos: "I Am The Walrus", dos Beatles.
Sobre minha quinta-feira: à primeira vista, horas de palestras, filmes e conversas podem parecer uma maneira agradável de aproveitar o dia. Infelizmente, só parecem. Palestras enfadonhas, filmes caricatos, conversas improdutivas. Nada muito relevante, percebe-se. E olha que eu gosto de cinema, seminários e (um pouco, bem pouco mesmo de) socialização. Cheguei em casa (se você considerar uma kitnet como tal) esgotada fisicamente.
Porém, nada disso me desanima em relação à festa de amanhã. Gradualmente, venho acostumando-me ao ritmo da vida noturna universitária. Ao contrário do Ensino Médio, em que a opção pelas noites misantrópicas era mais do que natural (e sensata), agora eu não tenho mais desculpas para passar a sexta e/ou o sábado sem ter nada para fazer. Continuo a me sentir deslocada quando me arrisco a tentar conviver em sociedade, mas, se a música for boa, tudo vale a pena - até mesmo aguentar "as pessoas".
É nesse intuito que pretendo ir - para saber o que estou perdendo ou não fora da solidão. Só resolverei minha desconfiança me arriscando, e não preciso de horas de reflexões existenciais (como meu amigo com nome de imperador romano) para chegar a uma conclusão tão óbvia. Além do mais, é uma perfeita ocasião para constatar a decadência alheia. Os antropólogos chamariam isso de "pesquisa de campo", mas eu, como internacionalista arrogante que sou, nem me dou ao luxo de criar jargões para isso. Oras, é apenas uma distração do tédio rotineiro.
Eu, o Mário e a Alice estávamos a conversar hoje, e, em meio a assuntos bestialmente aleatórios, decidiu-se que cada um de nós iria abordar algum de nossos(as) amigos(as) para convencê-los a ir na festa. Esperta que sou, escolhi o César, sabendo que ele já comprou o ingresso há umas duas semanas, ainda no 1º lote. Ele parece muito empolgado em relação ao evento da Bio, ainda mais levando em conta que ele acabou de sair de um infortúnio sentimental. Acho que ele já esqueceu a Flor, ou pelo menos parece tê-lo feito; portanto, aproveitará a festa sem maiores dramalhões. Não o vejo tão ansioso em relação a uma "going out" desde o show do New Order, há mais de 2 anos. Isso é ótimo, mas algo continua a me preocupar; não sei ao certo, talvez ele esteja escondendo ou remoendo algo... Hei de perguntá-lo a respeito disso.
Bem, acho que era isso que eu tinha a dizer.