I really got me
É importante observar, no entanto, que há muita coisa que deixei para ler em 2008; já tenho uma pilha de obras aguardando pela sua leitura, e falo de textos do calibre de "A Montanha Mágica" (Thomas Mann), "O Senhor dos Anéis" (Tolkien), "Laços de Sangue" (Michael Cunningham), "Crítica da Razão Pura" (Kant), "Anna Karênina" (Tolstói), "As Benevolentes" (Jonathan Litell), "Laranja Mecânica" (Anthony Burgess), "A Riqueza das Nações" (Adam Smith), "Fahrenheit 451" (Dan Bradbury), "As Portas da Percepção" (Huxley) etc. Ah, e ainda tem aqueles três volumes repletos de clássicos da sociologia brasileira: "Intérpretes do Brasil". Ou seja, opções não me faltam.
Terminei na tarde de ontem "A Sabedoria da Vida", de Arthur Schopenhauer. Não vou me estender muito no comentário, mas posso dizer o seguinte
1. É certamente um dos textos menos pessimistas de Schopenhauer. A própria temática explicitada no subtítulo ("A arte de organizar a vida e ter prazer e sucesso") já demonstra que o forte negativismo de outras obras do filósofo (por exemplo, "Do Sofrimento do Mundo" e "Metafísica da Morte") passa longe. Mesmo assim...
2. ... algumas características do autor continuam presentes. Comecemos pelos prós: o tom assaz irônico, os deboches em relação à cultura alemã do século XIX (obviamente, ele acha um ou outro pretexto para espinafrar Hegel, hehe), a linguagem clara e direta, a exposição bem sensata de suas idéias, a valorização da personalidade e da individualidade etc.
3. Por outro lado, alguns pontos fracos não se ausentaram. Um deles é até perdoável: Schopenhauer, na minha opinião, gastou tempo demais da obra falando sobre a honra cavalheiresca. Tudo bem que a intenção era boa (obviamente, uma crítica ácida à mesma), mas ele poderia ter sido mais conciso. O outro contra já é um pouco mais irritante: a profunda misoginia do filósofo. Se ele se limitasse a um machismo moderado, tudo bem; o problema é que ele discorre sobre as fêmeas com muito desprezo e até mesmo ingenuidade. É como se ele resolvesse abandonar a razão por algumas linhas e parágrafos para expressar o seu ódio pelas mulheres, sempre as inferiorizando. É uma pena, embora possa ser até compreensível: misantrópico e rabugento do jeito que era, é provável que Arthur Schopenhauer tenha experimentado algum desencanto, frustração amorosa e/ou sexual que o tenha levado a tal comportamento. É claro que há uma certa vantagem nisso, pois a defesa que ele faz da solidão é até convincente; é como se ele fosse, até certo ponto, como um Morrissey para a filosofia do século retrasado.
A propósito, qualquer dia desses eu faço uma lista com todos os livros que eu li nos últimos 12 meses. Não será uma missão tão complicada, visto que eu citei a maioria deles em posts feitos aqui no blog no decorrer do ano, rs.
Para encerrar a postagem de hoje, faço um pedido: que o The Sims 2 pare de dar problemas e 'aceite' ser instalado no meu notebook! Agora que eu vou ficar 20 dias sem ler, preciso dos games para os momentos de ócio! Já me cansei de Ragnarök, e duvido que o SimCity 4 conseguirá me distrair o bastante.