Aesthetica
Terminei a leitura de três obras entre sábado e quarta: uma curta biografia de Chico Buarque (a qual não foi suficiente para despertar um interesse de minha parte pela obra dele; mesmo assim, já não estou tão intransigente quanto à MPB, mas apenas indiferente), "História do Brasil" (um livro de poemas de Murilo Mendes; muito bom, concilia sarcasmo com aguda crítica social, bem ao estilo dos modernistas) e "A Náusea" (primeiro romance de Jean-Paul Sartre; falarei sobre ele no próximo parágrafo).
O livro do Sartre citado acima é dos mais pessimistas e amargos. Em certos momentos, isso prejudica até a qualidade do texto, que se torna quase insuportável, mas os diálogos sensacionais e as reflexões contundentes do protagonista compensam essas recaídas. Algumas características dos romances do autor - o engajamento político-ideológico, por exemplo - ainda estão ausentes. Outras, no entanto, já estão bem evidentes, como o intimismo, o desprezo pelos "salafrários", os personagens envolventes (alguns são tão irritantes que acabam cativando o leitor) e a narrativa alternando fluxos de consciência com observações desinteressadas sobre situações do cotidiano e pessoas comuns.
O dilema existencial vivido por Antoine Roquentin é devastador, e o jeito introspectivo dele não é suficiente para esconder a sua melancolia consigo mesmo e com o mundo. O personagem que mais me surpreendeu, entretanto, foi o Autodidata. A conversa entre ele e Antoine em um dos momentos da segunda metade de "A Náusea" é de um ceticismo enorme quanto ao Humanismo, e um fato que ocorre nas páginas finais da obra corrobora com tal desconfiança. O que é, aliás, algo completamente adequado ao contexto do livro, publicado em 1938. A humanidade - e, especialmente, a Europa - atravessou um momento delicado na década de 30, que sepultaria de vez a ilusão burguesa da Belle Époque. O viria depois disso, bem, creio que já é de conhecimento geral: uma guerra sombria, seguida de uma profunda reconstrução de valores e renovaação da cultura ocidental.
Não seria, portanto, errado afirmar que "A Náusea" foi um dos livros que mais influenciou a juventude que mudaria o mundo nas décadas seguintes. A juventude, a partir da própria busca de um sentido existencial, passou a ter uma real importância na mudança de paradigmas do século XX, especialmente nas décadas de 50 e 60.
Em minha redação da semana, o motorista de ônibus usava mesóclise e os culpados pelos atropelamentos eram os próprios pedestres. Fiz o texto em menos de meia hora e mesmo assim recebi uma boa nota (96). O corretor deve ter acordado com bom humor. Ainda bem, hehe.
Comecei a ler "A Queda", de Albert Camus. Sim, acabou-se a fase latino-americana e patriótica de minhas leituras; já estou encaminhando uma francesa-existencialista. Se tudo der certo, ainda abrirei exceção para Mario Quintana, mas só porque é a única obra indicada para o PAS que falta para eu ler.
Em música, continuo ouvindo o básico: Smiths, Cure, Oasis, Legião Urbana, Muse e Radiohead.
Fui a uma audiência pública sobre cerrado e caatinga. Um pouco mais chata do que eu esperava, apesar da boa intenção.
O Painel de Notícias que houve quarta-feira no colégio foi excelente. O tema era Violência, mas sem generalizações, já que se tratou desde os massacres em colégios nos EUA até os conflitos na Ásia. Os três professores falaram muito bem, e o debate acabou ganhando uma tônica filosófica das mais pertinentes.
Para finalizar: estou ansioso quanto ao GP do Brasil de Fórmula 1. No meu "bolão", o vencedor será Massa ou Räikkönen. Ainda estou a torcer por uma batida entre o Alonso e o Lewis, rs.