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Kaio

 

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25 agosto 2007

Jeitinho brasileiro: bonitinho, mas ordinário (?)

Não há dúvidas de que o povo brasileiro é o mais idiossincrático do planeta. Existem certas características e situações que são praticamente uma marca registrada dos tupiniquins, levando o país a ser, simultaneamente, um dos mais admirados e ridicularizados. Várias atitudes do cotidiano nacional, segundo alguns sociólogos e antropólogos, poderiam constituir o chamado “jeitinho brasileiro”. Será que ele tão elogiável ou execrável quanto se pensa?
O fator histórico é indispensável na análise de tal questão. O Brasil é, na prática, um “país vira-lata”, em razão da miscigenação étnica de seu povo; nesse caldeirão foram adicionados lusitanos, angolanos, nativos americanos, italianos, holandeses, espanhóis etc. Logo, se herdaram comportamentos bem diversificados, desde o jeito serelepe dos negros até os anseios por ócio dos ameríndios. É claro que nem tudo que foi trazido por tais etnias seria benéfico. Em um país tão oprimido e desorganizado durante o processo colonial, além de um Império fajuto e uma República que já foi oligárquica e até populista, era patente que a população teria de encontrar mecanismos e brechas para sobreviver.
Evidentemente, maniqueísmos não servem nesse assunto. Não se poder considerar o jeitinho como o que há de melhor ou pior no brasileiro. Nem a xenofilia ou o patriotismo são possíveis na análise. Se, por um lado, somos campeões de corrupção de pequeno, médio e grande porte (desde um suborno até uma “mesada” para deputados federais), também poderíamos ser vistos como criativíssimos e talentosos em tudo o que nos realmente propomos a fazer, mesmo que no futebol ou na ciência.
Há tempo e espaço de sobra para listarmos prós e contras da “malandragem” dos brasileiros. Comecemos pelos aspectos negativos: utilizar-se do “você sabe com quem está falando?” é não só uma falta de caráter e escrúpulos, mas também a expressão de uma ideologia coronelista e arcaica; o clientelismo e o nepotismo são totalmente reprováveis; a despolitização gerada pelo jeitinho brasileiro é preocupante, visto que a população se acomoda com as navegações sociais que realiza, negligenciando a verdadeira luta por reformas e mudanças; o desrespeito às leis é tão constante que soa mais fácil encontrar brechas nelas do que buscar cumpri-las.
Em contrapartida, o indivíduo é completamente esnobado pelo Estado no Brasil, ou pelo excessivo intervencionismo (carga tributária absurda, dificuldades para montar o próprio negócio) ou pela negligência e indiferença do mesmo quanto ao que realmente lhe cabe. De quebra, nossa economia, mesmo sendo uma das top-12 mundiais, é uma das mais desiguais do mundo. Poucos países estão tão aquém do liberalismo político e econômico como o nosso.
Creio que a pergunta feita no primeiro parágrafo não tem uma resposta definida, mas sim leva a uma amarga reflexão: os brasileiros estão muito distantes do ideal de nação justa. As instituições sociais são ineficazes, mas a própria população não parece disposta a contribuir para o progresso e êxito do Brasil. Falar em “mudanças pela educação” é até hipocrisia para um país que nunca valorizou a intelectualidade, tampouco se interessou pela construção da real cidadania. Fazer prognósticos é difícil, mas, como diria um certo músico, “Malandragem, dá um tempo!”

[Redação que eu fiz anteontem. Tirei nota máxima, e ainda por cima o texto foi corrigido por um amigo meu que agora é corretor em minha escola.
Mudando de assunto - terminei o livro do Bloom ontem. Ele superou as minhas expectativas, e os motivos para isso serão esclarecidos em uma futura resenha; entretanto, a obra já valeria a pena pelas boas dicas de leitura que me deu. Hoje retornei a leitura de "A Genealogia da Moral", do Nietzsche, que eu tinha começado há alguns meses, mas parei porque sentia que não era o momento para lê-lo. Já que estou em uma overdose literária, não custaria nada retomar algum escrito do bigodudo para dar sequência à minha dose cavalar.]

 

Comentários:

 

 

Você escreve que há uma relação entre comportamentos e etnias ("comportamento serelepe dos negros"???? "Anseios por ócio dos ameríndios"????) e consegue tirar um 10? Não admira que a educação, no país, esteja tão sofrível...

Gostaria imensamente de saber onde você se baseia, além de em seus próprios preconceitos, é claro, pra dizer que populações esmagadas sobre o peso de trabalhos forçados (como os genericamente destacados "negros" e "ameríndios") têm um inerente jeito "serelepe" e "anseios por ócio".

A propósito: o oposto, ou seja, o jeito sisudo e os anseios por trabalho, estão em que "raça" puro-sangue? Os europeus?

Patético.


Parece que você não entendeu o teor irônico desse trecho meu caro, rs. Eu pretendia fazer algo meio sarcástico para que soasse preconceituoso, e pelo que parece alguém não conseguiu entender isso, hehe.
Não se preocupe, eu não sou um puro-sangue. Sou um vira-lata também, sou descendente de negros pela parte da minha mãe e até de judeus e índios pela parte do meu pai. Nunca liguei para minha origem étnica, afinal isso não determina em nada a minha personalidade. Se coloquei aquilo no texto, foi para passar uma falsa idéia de que todos os indígenas são ociosos e todos os "afro-descendentes", alegres.


Essa gente de esquerda não vê graça em nada. E quem corrige não deve corrigir de acordo com sua ideologia ou posição política. O corretor da tal redação deve ser muito bom. ;-)


Não foi escrito em estrutura irônica. E, prova disso, é que toda sua argumentação se baseia na relação entre comportamentos e etnias, inclusive sua resposta a mim.


Em outras palavras, só pra deixar claro: ironia é escrever algo querendo dizer o contrário; é argumentar de uma forma tal que o decorrer do texto "sacaneia" a própria argumentação.

O que você fez foi escrever um texto preconceituoso sem querer que assim o fosse. Ou seja, escreveu um texto preconceituoso, pra passar uma idéia preconceituosa, mas, por qualquer razão, não foi capaz de inserir a ironia.

Dizer que é ironia não basta para tornar um texto irônico.

PS: Ironia e sarcasmo NÃO são a mesma coisa.


Ricardo: quem corrige deve, então, corrigir baseado em quê? TODO critério baseia-se na posição individual do corretor. A não ser, claro, que você assuma a existência de uma essência acima dos indivíduos, que deve, a partir de critérios "imparciais", julgar algo. Quem seria esse ente? O Estado? Isso sim, é posição de esquerdista.

PS: Mania que certas pessoas têm de tachar todos que discordam de suas idéias de esquerdistas... Sai dessa, sô!


E falando sobre questões históricas, os amerindios não são ociosos, isso foi um erro nos livros de História que hoje são severamente criticados, os índios não foram substituídos pelos negros por conta da ociosidade e sim por conhecer as matas e saber escapar muito bem e também do tráfego negreiro que era uma grande fonte de renda.


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