Blue, azul, bleu, freedom, liberdade, liberté
Hoje é dia do Rock. Ah, falo sobre isso mais tarde.
Posso discorrer sobre outros dois filmes que eu vi nas últimas 26 horas e adorei: "Barbarella" e "Politicamente Incorreto". Hum, agora não.
Será que eu falo sobre o resultado da UnB que vazou antes da hora, o qual confirmava que eu passei em Ciência Política? Pode até ser, mas acho melhor esperar pela ratificação através do resultado "oficial", que sairá hoje, às 15h, e não contar pra ninguém (exceto para o blog, que felizmente não tem leitores; isso significa que não há a possibilidade de amigos meus na 'vida real' espalharem a notícia de que eu fui aprovado na UnB. Ufa!).
[Atualização feita no post às 15:28 do dia 13 de Julho: pois é, passei mesmo, mas estou bem menos feliz e eufórico do que esperava. Estou até mesmo indiferente, rs]
Levando-se em conta o medo de não passar no vestibular "pra valer" que farei em Janeiro do ano que vem, assim como a inevitável pressão psicológica extra pela qual passarei se realmente tiver passado, indubitavelmente eu não me sentiria confortável ao dar tal notícia. Se eu passei, que maravilha, mas não é algo que realmente me surpreenda. Não estou sendo arrogante, apenas acredito que as coisas são como eu disse certa vez no blog: passar na prova era um mero mecanismo antes das minhas reais conquistas, que serão obtidas através dos estudos, projetos e planos que farei na universidade.
Além do mais, eu nem fui tão bem na prova quanto poderia ter ido... deixem muitas questões em branco (45, sendo 43 no "dia das Exatas"), errei muita besteira... minha ansiedade impediu-me de conseguir um resultado que realmente me orgulharia.
Pronto, assunto 1 concluído. Ah, havia mais um que eu deveria ter listado no início do texto... é que eu tenho que escrever nas próximas horas um texto para um site no qual eu tenho uma coluna mensal, o Pré-Fabricando. Ele foi criado por colegas meus que estudam na UFG, e um deles me convidou para escrever artigos sobre Política uma vez por mês lá. Pois é, estou há duas semanas "esperando" ter criativdade e idéias para o bendito (ou maldito, depende do referencial) texto! Até agoras, necas, mas pensei que teria tal insight ontem à noite (ou, trocando em miúdos, há menos de 3 horas).
"Politicamente Incorreto" foi uma das mais mordazes e ácidas críticas sócio-políticas que eu já vi em um filme. Dirigido e protagonizado por Warren Beatty, a obra tem como enredo a 'saga' de Bulworth, um veterano senador pela Califórnia, que está atrás nas pesquisas eleitorais e vive um momento delicado de sua vida, tendo inclusive que fazer concessões a grupos econômicos poderosos, como seguradoras, para financiar a sua campanha. Cansado de tal apatia e decadência, ele resolve mudar radicalmente sua vida. Não vou contar algumas das mudanças que ele fez, pois elas revelariam parte do final do filme, mas a principal delas foi comportamental:
ele passou a ser o mais sincero possível em seus pronunciamentos e discursos, do jeito mais cínico e honesto possível. Tal porra-louquice estende-se a outras coisas, inclusive fumar maconha, fazer raps e flertar com uma ativista afroamericana, Nina (Halle Berry).
Inicialmente, seus assessores ficam desesperados e preocupadíssimos com o novo Bulworth, mas começam a gostar do eleitorado quando notam que a imprensa e o eleitorado estão positivamente surpresos com o senador, e que as chances de ele ganhar as eleições são bem maiores. Bulworth, em meio a todas as maluquices e exaltações, vive preocupado com um matador de aluguel que estaria atrás dele. Tal suspense combina perfeitamente com o tom de comédia inteligente que "Politicamente Iincorreto" assume.
Adorei o filme, e recomendo-o para todos que queiram assistir a uma película extremamente reflexiva, sarcástica e ousada. Isso sem falar em uma frase brilhante que é dita por um certo mendigo em várias cenas, e que soa como a 'moral' da história: "Você tem que ser um espírito, e não um fantasma".
Agora, falarei sobre "Barbarella". Descobri esse filme graças a uma das minhas bandas prediletas, o Duran Duran, que tirou seu nome do cientista maluco do filme.
Provavelmente eu nunca vi um filme tão ambíguo, sutil e tão monomaníaco quanto ao assunto sexo. Mesmo não havendo nudez explícita, a quantidade de diálogos e cenas bem sugestivas é gigantesca! Talvez seja por isso que eu tenha visto muito por aí o rótulo de "ficção científica erótica", que realmente aponta qual é o estilo de "Barbarella". Estrelado por Jane Fonda, a obra é de 1968, e provocou perplexidade na época; talvez seja por isso que tenha sido tão mau recebido pela crítica. Só foi em meados da década seguinte que ele passou a realmente ser reconhecido e valorizado, e sua importância cultural tão notória foi percebida.
A liberdade sexual de Barbarella, fruto de sua "ingenuidade maliciosa" e libido absurdamente elevada, é um dos destaques. Também o é o comportamento dos habitantes do planeta no qual ela, que é uma astronauta, foi parar, graças a ordens do presidente da Terra (!) para impedir os planos do dr. Duran Duran; este, a propósito, tinha criado um perigoso e poderoso raio positrônico, que poderia permitir a ele dominar o Universo. Outros personagens, como o "anjo" Pygar e a Grande Tirana, também têm importância na história.
Não nego que fiquei muito surpreso ao ver tantas resenhas negativas sobre "Barbarella" pela internet afora. Isto poderia indicar que 1. Eu tenho mau gosto pra cinema, ou 2. O filme é subestimado e incompreendido por críticos ranzinzas, frígidos e mal amados. É óbvio que a segunda opção é mais sensata, portanto, recomendo a todos (especialmente os que, assim como eu, adoram Duran Duran) que assistam a esse clássico da ficção científica. Pode até ser trash, mas não deixa de ser cult!
Sobre o dia do Rock, deixo que sites e blogs mais apegados a datas façam especiais e matérias bacanas para vocês lerem. Racio Símio só citou a data para não deixar as coisas totalmente em branco, até porque o post é sobre a cor azul.
Falando em azul- péssimo link de assunto, hein? -, acho que é hora de falar sobre "A Liberdade é Azul".
Nem sei por onde começar, visto que ainda estou entorpecido pelo grande filme que acabei de ver. Acho que vou fazer algumas considerações que possam demonstrar o que eu vi e gostei.
O azul, é claro, aparece constantemente. Provavelmente vocês já devem ter notado que está e a minha cor predileta, portanto, a minha identificação com o filme foi ainda maior. A cor perfeita para demonstrar dor e alegria, melancolia e liberdade aparece em piscinas, enfeites, paredes, roupas, luzes... é quase uma ciano-overdose!
Outro motivo para que eu adorasse "A Liberdade é Azul" foi o fato de que meu (s) nome (s) favorito (s), Júlio/Júlia, aparecerem no nome da personagem Julie e no de Juliette Binoche, a qual a interpreta. Ela, aliás, foi perfeita e impecável em sua atuação. O telespectador nota claramente a personalidade sombria, sutil, soturna e amarga que Julie adquire depois da morte de seu mariado, um famoso maestro e compositor e sua filha única, em razão de um acidente automobilístico ao qual ela sobreviveu.
A maneira como a trama se desenvolve é extremamente peculiar e envolvente, com direito a epifanias toda vez que a tela fica preta. Clarice Lispector adoraria, hehe. A quantidade de símbolos repletos de significados também é um dos destaques, tanto em objetos quanto em certas cenas.
Não vou me estender muito nesta mini-resenha, mas creio que ainda tenho que falar na concepção de liberdade apresentada por Kieslowski. Pelo que eu pude compreender, é uma liberdade baseada na reconstrução da vida após uma tragédia, com uma mistura de abnegação, minimalismo, prestar atenção nos pequenos detalhes, maior sensibilidade, não fugir do passado e sim resolver suas pendências, reafirmar sua individualidade e autodeterminação... enfim, isso e muito mais. É uma liberdade moldada pelo foro íntimo, e não aquela mais 'tradicional' e coletivista, tão divulgada e pouco praticada.
"Você é o que quiser". Talvez seja esta uma das mensagens que o filme passa. Ou não.