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Kaio

 

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02 março 2007

"Há silêncios que vêm para 'dessilenciar'"

Tive de escrevê-lo para a redação dessa semana lá na escola. Eu gostei do texto, apesar do tom meio bobo que ele emprega em certos momentos. Acho que, ou minha nota será péssima (pode ser que eu tenha fugido das características da crônica, e/ou o corretor não consiga acompanhar o ritmo dos diálogos, os quais eu intencionalmente não coloquei praticamente nenhuma indicação de quem está falando), ou excelente (se o corretor não ligar pro tom exageradamente subjetivo que eu empreguei). Ah, só uma coisa - a proposta era a seguinte: "Faça uma crônica a partir do que a frase seguinte, de autoria de Arnaldo Antunes, lhe sugere: 'o silêncio é o começo do papo'".

Balcão do bar de uma boate. Um rapaz está sentado, lendo algum livro. Chega uma garota, e senta-se ao lado.
- Uma Coca-Cola, por favor!
"Uma Coca-Cola?", pensou ele. "Céus, alguém, além de mim, é sóbrio nesse antro de ebriedade! Ela parece ser culta e interessante... bem, pelo menos é a minha impressão inicial, já que ela está usando uma camiseta dos Pixies. Amo essa banda!"
"Hum, esse garoto está discretamente me observando desde que eu pedi minha Coca... vejamos, ele também está bebendo uma Coca, além de estar sentado, calado e lendo um livro do Jack Kerouac - adoro 'Os Subterrâneos' - em uma boate! Que absurdo! Gostei dele, hehe."
"Opa, ela acabou de olhar para mim! Será que isso foi um flerte? Ou uma tentativa de quebrar o gelo?"
"Caramba, ele ainda não puxou papo! Isso está começando a virar um silêncio constrangedor. Analisando o olhar e a gesticulação dele, noto algumas idiossincrasias que eu também tenho - e nem precisei falar com ele para notar isso."
"Aposto que ela está esperando que eu tome a iniciativa."
"Não duvido que ele está implorando, com seu silêncio, que eu inicie a conversa."
"Cara, isso me lembra uma frase do Arnaldo Antunes... 'O silêncio é o começo do papo.'"
"Tudo bem que, em meio a todo o barulho dessa boate, é legal encontrar alguém mais, digamos, introspectivo, mas pô, estamos há 3 minutos nos encarando... e nada!"
"Eu não sou tão tímido assim, mas será que esse silêncio é como um pré-requisito para o desencadeamento de um bom diálogo?"
"Ou ele e eu estamos apenas nos flertando?"
"Chega! Isso é intolerável! Vou dizer um 'Oi'! Eu jamais me interessaria por ela se a conhecesse na pista de dança, em meio a uma confusão de decibéis. Não posso perder essa chance!"
"Já passou da hora de eu cumprimentá-lo... ok, vou falar com o menino!"
Mais 20 segundos se passam.
- Olá!, dizem ambos, simultaneamente.
- Poxa, finalmente nós dois resolvemos abrir a boca!
- Pois é, hehe... Foram minutos bem tensos, os últimos 4. Eu não gosto muito de barulho, associo a minha alegria mais a momentos calmos e quietos, mas ficamos um tempão calados!
- Eu também não me dou bem com barulho... enfim, 'que se inicie o papo pelo início', hehe. Qual o seu nome?
- Claro, hehe. Ah, meu nome é Giovana, e o seu?
- Sou o Lucas. Prazer em conhecê-la. E então, gosta de Arnaldo Antunes?

 

Comentários:

 

 

Adorei! Sobre a nota.. hmmm... arrisco uns 9,0. Depois me conta qual foi...


Legal o texto. Me fez lembrar um dos primeiros episódios de "Cidade dos Homens", quando, à noite, estava um garoto rico na janela e um pobre na rua. Um olhando para o outro e rolando um diálogo mental. Algo do tipo:

"Olha aquele garoto que tem tudo o que quer"
"Olha aquele garoto que pode andar livre por aí"

E eles seguem fazendo comparações assim, e no final, quando pensam algo que têm em comum, pensam juntos:

"quem nem eu".

Foi um diálogo muito legal, tal qual o do seu texto.


Só achei o vocabulário (temos de concordar) meio rebuscado demais pra a situação. Mas a idéia da boate foi mesmo bem legal.


Kaio Jones Diary
Amei! Pq num escreve mais esses tipos de textos?

Quero conversar mais com vc, mto mesmo...


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