Deslocado
Não me considero um adolescente normal, sou diferente da maioria, mas sem exageros - na pior das hipóteses, sou um... deslocado.
Nunca tive depressão, mas escrevo poemas relativamente melancólicos (qualquer dia publicá-los-ei aqui no blog). Talvez eu seja como os caras do post-punk britânico: "Se fizéssemos tudo o que relatamos em nossas letras, já estaríamos mortos". E, contraditoriament, meus textos em prosa sempre foram mais bem humorados, ora otimistas, ora sarcásticos.
Notei também que nunca fiz parte de uma tribo propriamente dita até hoje. Dos 9 aos 13 anos, eu poderia ser considerado um nerd gamemaníaco, só que sem fanatismos, já que meu discurso claramente nintendista não me impedia de jogar vez ou outra PlayStation ou ler matérias sobre o Xbox e o PS2 na EGM Brasil. Nessa mesma época, eu também era viciado em Pokémon e Cavaleiros do Zodíaco, só que, ao contrário de muitos dos fãs, nunca fiz cosplay e nunca fui a convenções de animes/mangás ou outro tipo de evento especializado - era um entusiasta mais "internético e individualista". Eu adorava criar enredos de RPGs, mas nunca montei um sistema de batalhas decente, nem cheguei a ser tarado por Senhor dos Anéis e Dungeons and Dragons.
Durante todo o ano de 2004, eu estive na minha fase beatlemaníaca, mas não deixava de ouvir Mutantes, The Clash, Legião Urbana, Nirvana, entre outros. Mesmo durante meus tempos de esquerdista, eu queria conciliar tudo - acreditava em um "socialismo com livre concorrência, pentapartidarismo e democracia direta". Mais utópico e contraditório, impossível...
Meu ano passado foi marcado pela instabilidade emocional e as dificuldades em me sociabilizar na nova escola, mas a situação já estava até resolvida no final do ano, mesmo com alguns acidentes de percurso. Houve o tempo em que eu me declarava direitista (eu me interessei muito pelo federalismo e o anarcocapitalismo), cheguei até a dizer que era indie (empolgação com bandas alternativas), entretanto, desisti de rótulos que não definiam nada sobre minha personalidade. "Tudo é relativo, inclusive essa frase".
Estarei eu fadado à eterna dúvida? Ainda não sei se sou ateu ou agnóstico, se sou libertário ou reacionário, se prefiro Beatles ou Joy Division, se devo buscar a garota certa ou aceitar a solidão eterna, se sou uma farsa ou se tenho futuro, se sou feliz por ser triste ou se sou triste por ser feliz, e por aí vai.
Quantos dilemas... Auto-análise seria o caminho para resolver boa parte deles? Creio que sim. Já disse e volto a repetir que jamais gastaria dinheiro com psicólogos, não preciso que terceiros me ajudem a resolver meus problemas - ainda sou muito orgulhoso quanto a isso. Tratamento e divã são coisas desnecessárias, ainda mais sabendo que ter uma adolescência equilibrada e estável é impossível.
Por fim, estou entre dois caminhos (infelizmente, me reduzi a um dualismo): Carpe Diem ou Isolation? Devo eu viver intensamente e sem me preocupar com besteiras (enfim, misturar cinismo com epicurismo), ou preciso reforçar meu individualismo e entregar-me à filosofia e aos devaneios, tirando desta loucura egoísta algo, digamos, interessante?
Não tenho a resposta para essa pergunta. Mesmo assim, já tenho a certeza de que ter um pensamento livre e desimpedido poderá me auxiliar nessa "busca constante por algo novo"...