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Kaio

 

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02 abril 2006

I'm singing in the rain

Como eu assisti ao Laranja Mecânica pela segunda vez no SBT, na última meia-noite, vou republicar minha resenha do filme, feita 3 meses atrás, com as devidas alterações:
Quero me matar por não o ter visto antes o "Laranja Mecânica" - putz, que filme sensacional. Uma crítica feroz ao Estado, mais ou menos da mesma maneira que o 1984 e o Admirável Mundo Novo. Um Estado que pode até decidir quando o indivíduo deve sofrer e quando deve se recuperar. Alex, o protagonista, era um arruaceiro que não ligava para ninguém, e maltratava até seus amigos e seus familiares. Isso sem falar nos estupros, roubos e atos de violência que ele cometia, sempre feitos com muito cinismo e sarcasmo (inclusive molestou sexualmente uma mulher, cantando "I'm singing in the rain").
Contudo, após, acidentalmente, matar uma mulher com uma estátua de gesso, que retratava um pênis (vejam só o nível de perversão da sociedade imaginada pelo escritor Anthony Burgess!), ele é capturado pela polícia, e vai para a cadeia. Durante 2 anos, ele agiu como uma pessoa hipócrita, dissimulada e que fingia ser um cristão convertido e arrependido de seus atos. Contudo, sua vontade de ser libertado do presídio o leva a aceitar ser cobaia de uma experiência criada pelo governo, o Tratamento Ludovico, que pretende transformar, em 15 dias, um perverso criminoso numa pessoa boa e redimida.
Só que Alex não esperava que o tratamento fosse tão intenso. Ele foi obrigado a passar por sessões de tortura em que o método empregado era assistir filmes sobre arruaceiros e estupros, para que se arrependesse de seus atos ao ver o quão cruéis eles eram. Com isso, ele foi completamente condicionado contra sexo e violência, e também para algo que não estava nos planos dos médicos: contra a música; m um dos filmes, que retratava a Alemanha nazista, a música de fundo era a Nona Sinfonia de Beethoven, o compositor clássico que ele mais gostava; depois de vê-la acompanhada de imagens tão cruéis como aquelas, ele passou a também ter uma repulsa por essa sinfonia, e toda vez que a ouvia tinha impulsos suicidas.
Quando acabou o tratamento, Alex estava em todas as manchetes de jornais, como 'propaganda' do novo método. As coisas, no entanto, não foram nada boas para ele após a volta à 'liberdade'. Todos que ele maltratara antes da prisão se vingaram dele. Primeiro seus pais, que, pouco depois de Alex ser preso, alugaram o quarto para um novo inquilino. Depois, um mendigo (espancado na 1ª cena do filme), que se juntou a seus "parceiros de rua" para assaltar e bater no protagonista. Para a surpesa dele, dois de seus ex-colegas da gangue viraram policiais, e quando espantaram os mendigos e o viram, também pagaram com a mesma moeda o egoísmo e autoritarismo de seu ex-líder. E as coisas ainda ficaram piores, já que ele foi socorrido pelo mesmo velhinho com quem Alex praticaram outro de seus atos de violência no início do filme.
Por alguns minutos, este não se lembrava do jovem, mas quando se lembrou - já que Alex cantou "I'm singing in the rain" enquanto tomava banho - chamou dois amigos para usá-lo como propaganda anti-governista (!), até porque o velho era oposicionista e escritor de 'literatura subversiva', e mostraria Alex como exemplo da crueldade dos métodos empregados pelo governo nas prisões. Para isso, não mediu esforços, inclusive prendendo o garoto em um quarto e colocando em seu toca-discos a Nona Sinfonia no volume máximo. O desespero tomou conta de Alexandre, que viu como única solução pular da janela e cometer suicídio. Para sua sorte (ou azar), ele ficou gravemente ferido, mas não morreu. Acordou no hospital, e lá novamente foi usado pelo Estado, mas de outra maneira: este queria a sua recuperação, para novamente usá-lo como símbolo da eficiência governamental. Para isso, ele foi bem alimentado, recebeu a visita dos pais (que prometeram dar lar a ele novamente) e recebeu um anti-tratamento, no qual reaprenderia a gostar de violência e sexo. Na cena final do filme, temos ele transando e dizendo "Finalmente estou recuperado".
Acho que não vou me arriscar numa análise mais complexa do filme (até porque o post já está enorme), mas pelo que eu entendi, o filme é um libelo contra o autoritarismo, mostrando o quanto as prisões são cruéis, como a violência juvenil pode atingir níveis alarmantes no futuro, o quanto é fácil para o aparelho estatal fazer uma lavagem cerebral nas massas, o quanto os opositores fracassam por apelar para a radicalização e, principalmente, o quanto o ser humano é cruel e vingativo. Alex é uma demonstração perfeita da juventude hedonista, impulsiva, pervertida e inconseqüente desse mundo do futuro.
Stanley Kubrick é realmente um gênio, a transposição para o cinema da obra de Anthony Burgess foi impecável. Tanto que eu estou louco para ler o livro e comparar com o filme. Talvez seja, ao lado dos livros de Huxley e Orwell, uma dos mais importantes obras distópicas.

 

Comentários:

 

 

Kaio, deixei um comentário a seu respeito no blog do Eduardo ("Levypla). Seria de bom grado se o lesse.

A propósito: quem "assiste" assiste "a" alguma coisa. Você deixou de lado a preposição. Tome mais cuidado, meu caro.

Pense nisto.


Hahahaha... esse Marcelo é um tecnocrata da língua portuguesa. Nem sei o que dizer dele. Uma inadequação na escrita, e ele já te condena. Francamente, que usasse essa ortodoxia estilística para algo mais útil do que comentar em blogs. O que importa é o conteúdo, não a aparência do texto.


Sem palavras o filme, nao sei como exclui ele da vez baixei ¬¬
O que vale é q assisti, q é foda, e é um dos poucos filmes q te deixa akela sensação: "Caramba!"


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