Dissidência
E o MST? Um movimento que prega a reforma agrária radical. Eu apóio a reforma, mas parece que os próprios envolvidos no MST não o fazem. Os sem-terra são minoria na sua própria organização - quantos ricos ou oportunistas não entraram nessa só pra descolar uma terrinha, distorcendo assim o projeto inicial e desgastando a imagem dos sem-terra? Agora, o movimento se passa por revolucionário e reformista, mesmo não o sendo.
Karl Marx foi o responsável pela minha iniciação na política mais voltada para ideologias, no início de 2004, quando eu li o Manifesto Comunista. Na época, eu era um "comuna". Mas algumas semanas depois, mudei de idéia, e virei social-democrata, por achar o comunismo radical demais. No final do mesmo ano, virei socialista democrático, e hoje, opto pela dissidência política.
Dissidente é o cara que discorda da opinião geral, do "consenso" de uma doutrina. Exemplos são muitos, desde o Lutero em relação aos católicos até o Orwell em relação ao comunismo soviético. Eu cansei de ficarem me rotulando, de me generalizarem com o resto dos politicamente progressistas. Não é porque eu sou socialista (acho que o único "ismo" que eu, vagamente, me encaixo é o socialismo) que eu sou anti-democrático e acredito no fortalecimento do papel do Estado! Só porque houve ditadura na URSS, na China e no resto dos países considerados comunistas, não significa que eu sou a favor desse regime. Acredito não só em socialismo, mas também em democracia plena e direta. Tanto que essa era minha ideologia. Acho que ainda é. Só que parece que liberdade e socialista são antônimos - ou você apóia um, ou o outro. Engraçado que tanto a esquerda quanto a direita dizem isso. É por isso que eu não sou de nenhuma delas.
Liberdade, igualdade e fraternidade não são, pra mim, apenas um discurso bobinho da Revolução Francesa, sendo que ambos foram traídos rapidamente pela burguesia, que tantos os pregava às massas. Considero-os realizáveis. Claro que o processo para obtê-los não é nada fácil. Talvez, se eu realmente quiser que o mundo tenha os três, vou gastar a minha vida inteira dedicando-me ao projeto. Mas é justamente isso que eu quero. Vou me explicar melhor.
Meu objetivo de vida é desenvolver uma teoria política que priorize o social e atinja o tripé da Revolução Francesa (ou de qualquer movimento progressista) de uma maneira prática. Eu não quero ser outro intelectual de butique que vive destilando belas idéias, mas fica trancafiado em seu apartamento, bebendo vinho e se considero superior em relação às proles. Não, não, não! Eu jamais quero virar um sujeito desses! Quero ser original, quero me desvincular da esquerda tradicional, e criar minha própria doutrina, uma a qual as pessoas, no futuro, possam seguir e que a justiça social seja alcançada. Que não haja mais pobreza, miséria e desigualdade social no mundo. Claro que falar é fácil, fazer é difícil. Pois é, eu sei disso. Por isso estou fora de qualquer meio intelectual que seja excessivamente teórico e pouco prático. Ou então, quando aplicado na vida real, é um desastre total, uma traição sem igual da ideologia que pregava. Vejam a União Soviética, por exemplo.
Alguns podem achar que eu sou apenas outra farsa - um pretensioso que ousa desafiar os grandes pensadores e que, inevitavelmente, falhará. Engraçado (o que eu direi a seguir soará arrogante, e eu não ligo para isso), mas espera: não foi isso que disseram para todos eles quando eles começaram a disseminar suas idéias? Nietzsche, Marx, Maquiavel e tantos outros foram incompreendidos em suas épocas, e anos depois, inspiraram gerações e gerações e viraram eternos na História. Sim, eu acho que posso, quem sabe, me igualar a eles. Mas essa é minha prioridade - a fama nunca foi realmente indispensável para mim. O reconhecimento, sim. Discorde de mim, mas pelo menos me respeite.
Nos próximos posts, vou falar mais sobre o meu "plano". Além disso, eu estou pensando em como tornar o meu pensamento prático. Talvez eu vire professor voluntário ou monte uma ONG. Mas desistir, nunca. Também penso em escrever livros, mas que não exatamente seriam "manuais de ciência política". Poderiam ser historinhas, com uma ideologia "embutida" nele. Algo como aquelas teorias niilistas que o Dostoiévski lançou no Crime e Castigo. Mas sobre a idéia de escrever um livro, eu falarei mais tarde.