É verdade!
Mas parece que houve uma pequena melhora da qualidade do humorístico no dia de hoje. As matérias, em geral, estavam boas. Foi divertido ver um mané jogando, a 35 metros de altura, bolas de boliche nas TVs do ferro velho que estavam sintonizadas nos canais concorrentes. As vestimentas de prisioneiros (incluindo o caracterísitico 171) foram um protesto interessante contra o mandato judicial contra o programa. Aliás, o principal momento do Pânico na TV de hoje foram os "esclarecimentos" sobre o assunto. Eles foram proibidos de passarem a matéria do Vesgo e o Silvio pentelhando a Carolina Dieckman com as sandálias, e, além disso, seriam processados se citassem o nome dela. Emílio conseguiu perder um pouco a fama de chato, e explicou bem sobre o assunto. Mesmo admitindo que era uma invasão de privacidade o que eles estavam fazendo, disse que os papparazi também o fazem quando tentam fotografar a qualquer custo celebridades. O argumento é bom, mas não justifica o exagero da atitude do Pânico.
Acho que isso é consequência do fato deles terem atingido o ápice de popularidade. O fenômeno que ocorreu uns 3 ou 4 anos atrás com o Casseta e Planeta está se repetindo com eles: todo mundo, seja no trabalho ou na escola, comentam o programa e os bordões se espalham por todo o Brasil (assim como Bussunda e cia. criaram o "Fala sério" e o Seu Creysson, o Pânico na TV inventou o "Pedala Robinho", o Chifronésio e o Robert). E isso é um alto risco que o humorístico corre: não ser mais tão engraçado e não se cansar de repetir fórmulas. O Casseta é a prova de que isso é possível, já que hoje não passa de piadas prontas sobre as novelas da Globo e a crise política.
Claro que seria exigir demais do programa ser sempre engraçado. Mas há melhores maneiras de ter bom humor do que apelar demais. Se eles queriam ser agressivos e sarcásticos, estão fazendo (quase) tudo errado. Felizmente, há uma atitude louvável no meio de tudo isso: sempre que eles chegam ao ápice da audiência, fazendo algo totalmente anti-comercial. Semanas atrás, leram poemas de Fernando Pessoa. Hoje, passaram cenas de uma apresentação de nado sincronizado (e nas legendas, ensinaram a fazer um doce que eu não me lembro). Tomara que eles consigam ser irônicos e criativos no resto também.
Obs.: Ouvindo Should I Stay or Should I Go, do The Clash, uma das músicas que eu mais gosto. O riff de guitarra é grudento e inesquecível. Clique aqui para baixá-la.