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Kaio

 

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07 agosto 2005

É verdade!

O Pânico na TV assustou seus velhos fãs (como eu, que assisto desde os primeiros programas, lá em setembro de 2003, e não sou mais um modista que vê o Pânico só porque eles são populares agora) e os apreciadores do bom humor nos últimos domingos - o programa tinha começado a ficar sem graça. As piadas estavam se repetindo, o "Pedala Robinho" já encheu, o Vesgo e o Silvio apelaram para o sensacionalismo com as sandálias da humildade, a Sabrina irritava com sua (claramente falsa) burrice, e o Emílio está insuportável com os merchandisings e criação de expectativa exagerada.
Mas parece que houve uma pequena melhora da qualidade do humorístico no dia de hoje. As matérias, em geral, estavam boas. Foi divertido ver um mané jogando, a 35 metros de altura, bolas de boliche nas TVs do ferro velho que estavam sintonizadas nos canais concorrentes. As vestimentas de prisioneiros (incluindo o caracterísitico 171) foram um protesto interessante contra o mandato judicial contra o programa. Aliás, o principal momento do Pânico na TV de hoje foram os "esclarecimentos" sobre o assunto. Eles foram proibidos de passarem a matéria do Vesgo e o Silvio pentelhando a Carolina Dieckman com as sandálias, e, além disso, seriam processados se citassem o nome dela. Emílio conseguiu perder um pouco a fama de chato, e explicou bem sobre o assunto. Mesmo admitindo que era uma invasão de privacidade o que eles estavam fazendo, disse que os papparazi também o fazem quando tentam fotografar a qualquer custo celebridades. O argumento é bom, mas não justifica o exagero da atitude do Pânico.
Acho que isso é consequência do fato deles terem atingido o ápice de popularidade. O fenômeno que ocorreu uns 3 ou 4 anos atrás com o Casseta e Planeta está se repetindo com eles: todo mundo, seja no trabalho ou na escola, comentam o programa e os bordões se espalham por todo o Brasil (assim como Bussunda e cia. criaram o "Fala sério" e o Seu Creysson, o Pânico na TV inventou o "Pedala Robinho", o Chifronésio e o Robert). E isso é um alto risco que o humorístico corre: não ser mais tão engraçado e não se cansar de repetir fórmulas. O Casseta é a prova de que isso é possível, já que hoje não passa de piadas prontas sobre as novelas da Globo e a crise política.
Claro que seria exigir demais do programa ser sempre engraçado. Mas há melhores maneiras de ter bom humor do que apelar demais. Se eles queriam ser agressivos e sarcásticos, estão fazendo (quase) tudo errado. Felizmente, há uma atitude louvável no meio de tudo isso: sempre que eles chegam ao ápice da audiência, fazendo algo totalmente anti-comercial. Semanas atrás, leram poemas de Fernando Pessoa. Hoje, passaram cenas de uma apresentação de nado sincronizado (e nas legendas, ensinaram a fazer um doce que eu não me lembro). Tomara que eles consigam ser irônicos e criativos no resto também.

Obs.: Ouvindo Should I Stay or Should I Go, do The Clash, uma das músicas que eu mais gosto. O riff de guitarra é grudento e inesquecível. Clique aqui para baixá-la.

 

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