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Kaio

 

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05 agosto 2005

Bondade e notas

Detesto ser bonzinho. É sério. Mas, infelizmente, acabo praticando o bem. Seria eu uma boa pessoa? Não sei ao certo. Hoje, na escola, eu tinha a chance perfeita para ferrar o pessoal que não cala a boca em nenhuma aula e não tem vergonha disso - sim, aqueles alunos (e alunas) bagunceiros tão freqüentes numa sala de Primeiro Ano. Já estava anotando os nomes para passar para a coordenação, já que sou o representante da turma. Foi quando olhei para a cara de um dos sujeitos que estavam tumultuando a aula. Vi uma expressão que me deixou incomodado. Será que eu seria capaz de ser o responsável por acabar com o ano letivo da pessoa, que provavelmente levaria uma advertência ou suspensão? Teria eu coragem de fazer o tal aluno ser punido pelos pais depois que esses soubessem da indisciplina do filho?
Fui idiota, e apaguei a lista. Claro que me arrependi. Perdi a chance de fazer os arruaceiros criarem vergonha na cara e pararem de incomodarem os professores e a classe em geral. Lembrei-me de certa oportunidade na 7ª série, quando fizeram um montinho em mim (eu estava dormindo na hora do recreio, portanto, foi semi-voluntário) e eles foram levados para a coordenação, e eu decidiria se eles levariam suspensão ou não. Optei pela segunda alternativa e fui visto com melhores olhos pela classe, que até aquele momento me considerava apenas o CDF que faz todas as tarefas, ajuda os professores, prefere livros do que festas e comenta a aula inteira. Talvez aquele momento, por incrível que pareça, foi uma reviravolta na minha vida.
"Será que, no fundo, eu sou uma pessoa boa?"
Outro indício foi nesse ano, pelo fato de, em todos os dias, após a última aula, eu me responsabilizar por arrumar e limpar a sala. Já percebi que muitos tratam minha atitude como mais um motivo para me chamarem de "cara politicamente correto", o "certinho" da turma. O fato de ser o queridinho dos professores também pesa.
Eu, bom exemplo? Duvido. Mas parece que estou cada vez mais próximo do rótulo de bom cristão, mesmo sendo um ateu convicto. Seria influência da minha ideologia esquerdista essas boas ações que pratico? Ou apenas exceções ao comportamento não tão bom que pratico fora de escola? Enfim, nunca saberei. Mas eu gostaria de não ser bom. Preferiria ser neutro, nem ser Yin, nem Yang. Até porque odeio maniqueísmos. Mas essa minha boa fama já se espalhou. Argh.
Mas será que ser cruel resolveria as coisas? Ou mudaria radicalmente meu rótulo para "mais um aborrecente que não dá valor à vida"? São questões demais e respostas de menos. Vou continuar lendo Nietzsche para buscar algo que, talvez, me dê a solução para essas contradições.

Mudando de assunto, será que eu subestimo minhas notas? Eu acho tão estranhos as pessoas acharem sensacional um boletim cuja pior nota é 85 e com seis notas 100, ou o fato de eu ter sido 2º colocado no simulado de 1º ano. Qual a diferença que faz o relatório de notas ou uma classificação num simulado? (pessoalmente, eu achei até fraco o meu desempenho, podia ter ido bem melhor) Será que números valem mais que pessoas? É um absurdo para mim constatar que se é mais valorizado quando se tem boas notas. O sujeito com mau desempenho nas avaliações é mau visto por todos, e isso serve até como pretexto para o professor perseguí-lo. Já vi isso em várias situações. Discordo totalmente dessa atitude de valorizar mais as notas do que o aluno em si. Claro que um bom resultado no vestibular será necessário para aqueles que querem ir para a faculdade e tentarem ser alguma coisa. Mas o conceito da sociedade do que é formação, do que é aluno bom e aluno ruim é completamente contestável. Não é papel da escola pregar que tirar uma nota boa a qualquer custo (seja decorando ou colando) é melhor do que entender de verdade os conteúdos e ter um resultado não tão bom nas provas.

Ah, aproveitem e visitem (e se cadastrem) no meu fórum definitivo: o Bone Machine.

 

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