11 abril 2020
(Versão ampliada da resenha que escrevi para este álbum em 2015)
Em 11 de Abril de 1995, o Pavement lançou o seu disco mais controverso: Wowee Zowee. Controverso porque desapontou os fãs e críticos musicais que esperavam que a banda fizesse um disco acessível e melódico como o antecessor, Crooked Rain, Crooked Rain (1994) - que gerou 3 singles, dentre eles "Cut Your Hair", cujo clipe tocou bastante na MTV. Em suas 18 faixas, a banda se dispersa por vários estilos (country, punk, space rock, balada acústica, grunge...), e não há nenhuma canção com potencial de hit. A resenha da Rolling Stone na época chegou a acusar o Pavement de tentar se auto-sabotar, de ter medo do sucesso.
Ainda no final da década de 90 a opinião pública sobre Wowee Zowee começou a mudar, e hoje em dia este disco é merecidamente reconhecido como uma caótica e excêntrica obra-prima, algo como o White Album do Pavement; muitos fãs e críticos o consideram o melhor álbum da banda, e eu concordo com eles. É bom ressaltar que o Pavement havia lançado antes dois outros grandes e influentes discos: Slanted and Enchanted (1992) e o supramencionado Crooked Rain, Crooked Rain, o que só realça o alto nível de Wowee Zowee.
Apesar de ter 18 faixas, o disco é surpreendentemente consistente, ainda que altamente eclético: há o furioso punk "Serpentine Pad" (com os sempre bem-vindos backing vocals insanos de Bob Nastanovich), a divertida "Brinx Job", o grunge melódico "Kennel District" (composta por Scott Kannberg, a.k.a. Spiral Stairs), a simpática "Black Out", a melodia cativante de "AT & T" o excêntrico manifesto "Fight this Generation", a épico de 6 minutos "Half a Canyon"...
Se eu pudesse separar as 6 melhores faixas, elas incluiriam o apaixonante country "Father to a Sister of Thought", o refrão viciante e o belo solo de guitarra de "Rattled by the Rush" (que tem um videoclipe com tantas mudanças de câmera que precisou ser editado para não dar dor de cabeça aos espectadores), a maníaca e eletrizante "Flux = Rad", o ritmo delicioso de "Grave Architecture", o melancólico glam "We Dance" (na qual Stephen Malkmus canta com um falso sotaque britânico que lembra David Bowie e Brett Anderson) e a estonteante balada "Grounded".
Aproveitei a ocasião do 25º aniversário de Wowee Zowee para fazer uma coletânea das minhas 30 músicas favoritas do Pavement: