07 julho 2016
1. Após quatro empates e uma vitória no finalzinho de uma prorrogação, enfim Portugal venceu um jogo no tempo normal, e não havia hora melhor para fazê-lo: na semifinal, diante de País de Gales. Os portugueses fizeram sua melhor partida na Euro até agora, e já no 1º tempo mostravam mais iniciativa que os galeses. Com menos de 5 minutos da 2ª etapa, Cristiano Ronaldo abriu o placar com uma cabeçada certeira após escanteio, e 3 minutos deu um passe involuntário para o segundo gol, de Nani. É preciso lembrar, contudo, que a seleção portuguesa caiu no chaveamento mais fácil, e daquelas 8 seleções apenas a Bélgica era tecnicamente superior; porém, os belgas caíram para País de Gales, que na semi mostraram que não estavam à altura de Portugal. (Além disso, dos desfalques, Ramsey fez mais falta do que Pepe) Isso não tira o mérito dos lusitanos, que cresceram ao longo da competição, já possuem outros talentos além de CR7 (Renato Sanches está fazendo uma ótima Euro, e Nani e Quaresma vêm jogando bem) e fizeram uma saga de “seleção forte que passa apenas em 3º na primeira fase, mas que se redime no mata-mata e avança à final” que lembra a da Argentina na Copa de 90 ou a Itália em 94. O problema é que ambas perderam a decisão para seleções que estavam jogando melhor, então Portugal terá que se superar ainda mais para poder conseguir o título sobre a...
2. ... França, que fez uma partida sensacional contra a Alemanha e conseguiu não só quebrar um tabu (nunca vencera os alemães em partidas eliminatórias), como também manter outro (possui um ótimo retrospecto como anfitriã). No 1º tempo parecia que ia dar Alemanha; a seleção treinada por Joachim Löw exibiu enorme domínio tático sobre a França, que ficou acuada e parecia estar jogando por uma bola. E ela veio justamente no último lance da 1ª etapa: um pênalti idiota cometido por Schweinsteiger. Pela 2ª partida seguida os alemães colocaram tudo a perder por uma mão na bola dentro da pequena área; a diferença é que agora o jogo estava 0x0, pois os alemães desperdiçaram as ótimas chances que criaram nos primeiros 45 minutos. Griezmann bateu muito bem, fez 1x0 e deixou a França empolgada e a Alemanha nervosa para o 2º tempo. A partir daí os franceses atacaram mais, resistiram melhor à tática alemã e marcaram o 2º pressionando a defesa alemã, que cometeu mais um erro bobo e a bola sobrou para Pogba driblar e chutar, Neuer defender mal e Griezmann acertar o rebote. Este atacante do Atlético Madrid agora é o virtual artilheiro da Euro, com 6 gols; só poderá ser superado se CR7 ou Nani fizerem um “hat-trick” na final. A Alemanha pode ter vencido a “final antecipada” contra a Itália, mas não vai à final “de facto” porque ficou abalada com o gol no fim do 1º tempo e perdeu justamente seu maior trunfo: a frieza. Já a França jogou como quem quer ser campeã; a desconfiança da torcida em relação ao trabalho de Deschamps (p.ex., a não convocação de Benzema), tal como o ceticismo em relação a Aimé Jacquet na Copa de 98, pode estar sendo respondido (e superado) em campo. Agora que alcançaram o topo da cadeia alimentar, i.e., do chaveamento mais difícil da competição (Espanha < Itália < Alemanha < França), Les Bleus são os favoritos para levar a Euro 2016.
P.S.: Além do título inédito, Portugal também joga por uma revanche, pois perderam para a França em três semifinais: nas Eurocopas de 84 (3x2, na prorrogação) e 2000 (2x1, na morte súbita) e na Copa do Mundo de 2006 (1x0).