Prefácio: uma coisa que esqueci de contar no post passado foi que mudei (ligeiramente) a minha posição político-ideológica. No dia 2 de Setembro, durante a I Conferência dos Estudantes pela Liberdade, desiludi-me com o libertarianismo, que fala muito de economia mas não é consistente em temas éticos e culturais. Terei de concordar com os detratores que o acusam de "individualismo grosseiro". Sendo assim, decidi que agora sou partidário do liberal-conservadorismo. Não que eu tenha virado um reacionário (continuo defendendo causas progressistas, como a legalização das drogas, o casamento gay e a mínima regulação do Estado sobre os indivíduos); apenas estou em paz com o "status quo" e sou cético quanto a grandes transformações/mudanças/reformas, sejam de direita ou de esquerda.
Eis o que escrevi durante a conferência no meu diário de viagem: "A dimensão mais importante da minha vida não é (ou deixou de ser) a política e a economia, mas sim (ou passou a ser) a moral/ética e a estética/arte. Sendo assim, se deixo de ser um libertário para me assumir como um conservador (ou um liberal-conservador), é simplesmente porque redefini minhas prioridades, aquilo que é meu sentido existencial. Não me tornei refratário a nada do que defendia antes, a questão é que o libertarianismo (assim como o liberalismo clássico) são rasos em temas culturais/morais. Não posso adotar uma visão de mundo que seja um "remendo" de utilitarismo, materialismo e 'prometeísmo' naturalista. Minha cosmovisão é mais orgânica e vê espaço para a transcendência. Sou um cristão e humanista, que embora ainda não tenha tido uma epifania, reconhece a beleza da idéia de Deus e acredita no potencial humano, mas reconhece as limitações e falhas irreversíveis do ser humano. É um 'humanismo pessimista', um 'helenismo cristianizado'."
5/9 - Reunião dos mestrandos que fizeram Teoria Política 1 para apresentar seus trabalhos. Gostei de ver a diversidade de temas: desde a questão da paixão e medo em Hobbes e Montesquieu até uma comparação entre o pensamento político de Maquiavel e Morus. O meu foi sobre a relação entre Bildung e liberdade em Kant e Humboldt.
6/9 - A Carolina me chamou para ir a uma feira de livros no Centro. Comprei três: "Mefisto" (Klaus Mann), "Auto de Fé" (Elias Canetti) e a 8ª edição da revista Dicta & Contradicta, que tem artigos interessantes sobre Kierkegaard, Dostoiévski, entre outros. À noite fomos comer no Burger King.
7/9 - Eu e a Carol fomos ao cinema ver "Totalmente Inocentes", que superou minhas
expectativas. Pensei que seria "outro besteirol brasileiro", mas o
filme é uma paródia simpática de Cidade de Deus e Tropa de Elite. Os diálogos
são cheios de referências pop, e os personagens são bem caricatos (no bom
sentido), com destaque para Diaba Loura e Do Morro, embora o irmão de Da Fé e a
chefe lésbica de Wanderlei também proporcionem boas gargalhadas.
Ainda nesta sexta-feriado fomos na Casa da Matriz, onde estavam acontecendo duas festas/discotecagens: no andar de baixo a Indiependência (rock dos anos 90 e 00), e no andar de cima o
Especial Madchester dos New Wave Hookers (década de 1980). Passamos a maior parte do tempo nessa discotecagem dos 80s. Incrível a quantidade de músicas boas que tocaram: muito Stone Roses, além de Joy Division, Happy Mondays, Siouxsie & the Banshees etc.
8 e 9/9 - Passei o fim de semana com minha namorada, no apartamento do pai e madrasta dela, em Vila Isabel. Assistimos ao GP da Itália de F1 (vitória do Hamilton) e três filmes, sendo um deles o primeiro de Pokémon (sim, aquele do Mewtwo). Os outros foram:
- "Snatch - Porcos e Diamantes": O
simples fato de ser um "filme de gângster" do Guy Ritchie já faria
esse filme merecer ser visto. Porém, Snatch é mais do que isso: ciganos que
falam rápido, várias reviravoltas, enredo desenvolvido de forma inteligente
(nenhuma cena é por acaso), trilha sonora empolgante, ótimas atuações (destaque
para Brad Pitt, Benicio Del Toro e Alan Ford) e um final surpreendente e
divertido.
- "Kick Ass": Eis um filme que me surpreendeu. Muito
mais violento do que eu esperava - o que não é um defeito; pelo contrário,
adorei a sanguinolência de personagens como a Hit-Girl, rs! Além disso, a história foge
de obviedades e clichês do gênero. Uma coisa curiosa é que o filme começa
"realista" (na medida em que mostra que andar mascarado por aí não é
sinal de super-poderes, rs), mas vai ficando cada vez mais alucinado/insano.
Ainda não li a HQ, mas agora fiquei com vontade. E mal posso esperar pela
seqüência!
P.S.: Com o perdão do trocadilho, Hit-Girl kick asses!
13/9 - Acordei tarde (9h), logo não deu para ir ao seminário
de Teoria Política que aconteceu no IFCS (o qual começou às 9h30). Fica para a próxima...
Ouvi o novo disco dos Killers, que me soou como uma continuação de Sam's Town
(cujo prefácio foi "All These Things That I've Done"): ou seja, rock americano com pegada
"épica".
Ocorreram as eleições para reitor da UnB. Para minha felicidade, Ivan Camargo (candidato apoiado pela Aliança pela Liberdade e por professores e estudantes que prezam pela excelência acadêmica) foi eleito, vencendo a candidata da situação, Márcia Abrahão.
Noite nerd com Hugo, Fernando e Isabelle (namorada do Hugo). Comemos pizza, vimos Inter x Botafogo e assistimos a "Twilight Zone".
14/9 - Fui ao cinema com Fernando, Nathalia e uma amiga dela para ver “Os Infiéis”. Até brinquei no Filmow, dizendo que foi a "primeira vez que vejo um filme francês
que não é chato, pedante ou pseudo-intelectual, rs." É engraçado do início ao
fim, com várias cenas hilariamente constrangedoras. O filme pega um tema que é
geralmente tratado ou com machismo, ou com (falso) moralismo, e oferece uma
abordagem inusitada e divertida. O final é surpreendente, mas é verossímil, faz
todo o sentido.
Depois do filme encontrei a Carol no Botafogo Praia Shopping.
18/9 - Após anos procrastinando, finalmente assisti a “Akira”. É uma excelente distopia, com um cenário apocalíptico marcado por violentas gangues de bikers e sombrias experiências científicas realizadas pelo "complexo político-militar". Além de tudo, o final tem um quê de místico...
20/9: 2ª Noite Nerd, com os três mais a Carol. Assistimos a cinco episódios de "Evangelion" e três de "Community", além de vídeos legais no YouTube, como este trailer de um filme fictício de Legend of Zelda ambientado nos anos 80, à la John Hughes.
23/9 - Esticaram de novo o prazo para entregar o artigo para o III EICS (já o haviam feito no dia 9). Ótima notícia, afinal fiz muitos progressos no texto nesses dias a mais que foram dados.
GP de Cingura, vencido pelo Vettel. Alonso segue líder.
24/9 - Fui com a Laura (ex-namorada, agora amiga que veio tentar a seleção de mestrado do IESP em Sociologia) ver "Ted". Como era de se esperar de um filme dirigido pelo
criador de Family Guy, diverti-me à beça: nerdices e referências culturais
pipocam, as piadas oscilam entre peidos e humor negro (conseguiram aludir ao 11/9 sem que soasse de mal gosto), o ursinho Ted é carismático, a
trama tem um desfecho não tão óbvio e há cenas antológicas (a minha favorita é a
em que eles cheiram cocaína com o ator de Flash Gordon, rs).
Porém, senti que faltou mais coesão entre as cenas; às vezes
ficou parecendo que era uma série de esquetes. E acho que as piadas poderiam
ter sido um pouco mais ousadas; considerando o humor profano e subversivo que
vemos em Family Guy e American Dad, Ted parece inocente. Ainda assim, vale a
pena vê-lo.
25/9 - Eu e o pessoal do mestrado passamos a noite conversando, bebendo e comendo. Voltei para casa sob chuva, mas valeu a pena.
26/9 - Encontrei por acaso a Laura andando pela Voluntários da Pátria. Ela estava abalada por ter ido mal na entrevista. De fato, dias depois saiu o resultado, e infelizmente ela não passou. É uma pena, afinal ia ser legal ter algum amigo/a da época da UnB vindo para o IESP no ano que vem.
28/9 - Outra festa anos 80 (New Wave Hookers), desta vez no Albergue da Matriz. Este lugar é especial para mim e a Carolina, afinal foi lá que nos conhecemos.
O setlist da noite foi de alto nível; além do mais, era um especial The Smiths!
30/9 - Após quase um mês, finalmente terminei de ler “Aforismos para a Sabedoria de Vida”
(Schopenhauer). Gostei bastante dele, e até achei uma maneira de aproveitá-lo no artigo sobre EVA.
1/10 - Falando nisso, passei setembro inteiro escrevendo este trabalho sobre "Neon Genesis Evangelion". Enfim ele ficou
pronto! Foi muito prazeroso escrever sobre este tema tão heterodoxo, rs.
Apresentá-lo-ei dia 11/10 no GT de Sociologia das Histórias em Quadrinhos, no III
EICS, em Pelotas, mas isso é assunto para a parte 3...