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Kaio

 

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17 fevereiro 2011

Lever Kühn

Há um bom motivo pelo qual não escrevi no blog nos últimos dias: estava terminando de ler "Doutor Fausto", de Thomas Mann. Claro que houve motivos secundários (por exemplo, baixei e vi vários episódios de South Park e Seinfeld), mas o principal foi tal leitura.

Pois bem, terminei o livro hoje, e posso dizer que é excelente!

Como viajo para São Paulo amanhã (yay! Finalmente conhecerei a Débora e reencontrarei o Filipe!), estou meio sem tempo de fazer uma resenha sobre o livro. Para que este post não fique tão simplório, ao menos colocarei o fichamento que fiz dos primeiros 28 capítulos ("Doutor Fausto" tem 47 mais um epílogo):

- p. 14-15: Zeitblom fala sobre o lado humanista do estudo das línguas.

- p. 30: a Natureza é um campo de estudos mais místico que as Humanidades.

- p. 37-38: Adrian, quando mais velho, reproduz universo bucólico de sua infância na sua casa.

- p. 42: a biografia é voltada para um tempo futuro, em que haja atmosfera menos asfixiante.

- p. 51-52: povo, bruxaria e a cura pelas letras e ciências humanísticas.

- p. 61-62: escola, relação com professores e relativismo da verdade.

- p. 64-65: ócio e autodidatismo no piano.

- p. 69: cabe ao orador despertar o interesse.

- p. 77-78: a aprendizagem antecipadora pode ser benéfica.

- p. 81-94: digressões de Kretzschmar – Cultura e barbárie, Música e ascetismo, o reencontro com o Elementar, a história do anabatista Beissel (teoria musical heterodoxa – senso de ordem válido?).

- p. 96-98: formação cultural de Adrian por Kretzschmar – Shakespeare, Beethoven etc.

- p. 106-107: Adrian e sua mescla de autocontrole intelectual e ânsia levemente febril

- p. 109-110: a Filosofia como rainha das ciências; sacrificium intellectus?

- p. 111: Adrian havia se libertado de Kaisersaschern? Livre = neutro, característico = ligado.

- p. 113: alemães, um povo confuso.

- p. 117-121: Halle, entre humanistas e fanáticos religiosos; o problema das tentativas de racionalizar a fé; o risco de demonologia na Teologia.

- p. 126: o curso de Teologia e a enteléquia de Aristóteles.

- p. 128-130: o professor Kumpf – anti-dogmático, dúvida religioso quanto à confiabilidade de nosso pensamento, relação pessoal com “o opositor de Deus”.

- p. 133-138: o professor Schleppfuss – psicologia da religião, Mal como conseqüência necessária da existência de Deus, liberdade e pecado, exemplo da mulher adúltera.

- p. 141-146: o sexo como domínio demoníaco, exemplo do “impotente” (mulher faz bruxaria para garantir fidelidade), crítica de Serenus.

- p. 154-158: debate dos jovens da Winfried sobre a juventude; Adrian é mais cético que os demais.

- p. 160-167: a Igreja, o nacionalismo (von Teuteblen) e o socialismo (Matthäus Arzt), a crítica nominalista (Hubmeyer), a síntese de Deutschlin, a questão do homem moderno (Dungersheim).

- p. 170: França e Literatura, Alemanha e Música.

- p. 174-179: carta de Adrian a Kretszchmar; a Teologia como tentativa malograda de autodisciplina; a música como “Homo fuge”; a Arte como paródia.

- p. 180-182: comentário de Serenus; a resposta de Kretzchma (“chega de celibato teológico”; “cumpre procriar”) .

- p. 189-192: trecho da carta de Adrian sobre visita ao prostíbulo; súbita mudança de tom (e vocabulário) depois que a confissão foi feita.

- p. 193-199: análise da carta por Serenus; “inferno da volúpia” e pureza corrompida.

- p. 205-208: o encontro de Adrian com a “Hetaera esmeralda”; “acautelou-o contra seu próprio corpo”; digressão sobre o amor.

- p. 209-211: o misterioso destino dos médicos de Adrian – um morre, o outro é preso.

- p. 216-217: adaptação da Divina Comédia; Serenus critica renegação humana em prol de uma predeterminação absoluta.

- p. 225-230: sobre Schildknapp – falta de impulso criativo, “gentlemanlike”, aproveitador, compensação no egocentrismo racial, não ajuda amigos, humorista, os olhos da indiferença.

- p. 231-235: reflexão sobre a II Guerra – Alemanha européia e Europa alemã, barbárie em nome da Cultura, colapso alemão, guerra perdida.

- p. 242: o professor como personificada consciência do aluno; em um mundo desarmônico, a bela aparência se transformou em mentira.

- p. 243-244: a obra de arte como fraude; aparência x conhecimento; a máscara de banalidade, ingenunidade.

- p. 248: o sono leve da Música nas poesias românticas.

- p. 252: “uma só carne” – amor e sensualidade são sinônimos; a domesticação do desejo pelo casamento.

- p. 255-256: a necessidade de um mestre-escola; liberdade e esterilidade; a subjetividade como uma forma de organização.

- p. 259-260: a composição rigorosa; a dialética da liberdade; os fenômenos mais interessantes da vida têm a ambigüidade de passado e futuro.

- p. 267-269: amigos de Munique – o cômico Leo Zink, o cético e “dissimulado” Baptist Spengler e o bem-apessoado e extrovertido Rudolf Swerdtfeger.

- p.273: a vida cultural da Munique pré-I Guerra.

- p. 276: Adrian descobre a bucólica aldeia de Pfeiffering.

- p. 281-282: a senhorita que engravidou do chofer do pai e teve o filho na casa da sra. Schweigestill.

- p. 287: os irmãos Manardi: o advogado conservador Ercolano e o livre-pensador Alfonso.

- p. 291-292: Shakespeare traído pela amante como influência para Byron e Rosaline.

- p. 293: Cultura (erudição arrogante) x Barbárie (atitude natural); Serenus e o papel humanista da Música.

- p. 300-338: o relato da conversa de Adrian com o Diabo.


• 302-304: “Ele” se parece com um rufião, “falando alemão e espalhando frio”; Leverkühn não gosta de tutear.
• 307-309: ampulheta do tempo; Sammael, o “anjo do veneno”; sobre disfarces; alemão é talentoso, mas lerdo.
• 311-312: Diabo oferta tempo grandioso; as dores da Pequena Sereia; Dr. Martinus = Lutero?
• 313-314: alusão à doença venérea de Adrian; “Ele” não se interessa pelos medíocres.
• 318-320: reflexões sobre o que é mórbido e sadio; a loucura e a doença; “o artista é irmão do criminoso e do demente”; o diabólico como triunfante superação da crítica.
• 322-324: Diabo muda de aparência, tornando-se mais elegante; Adrian começa a se sentir à vontade; a composição tornou-se mais difícil na arte emancipada; a submissão à técnica.
• 325-326: obra = tempo = aparência; expressar a dor em seu momento real; a aparência auto-suficiente da Música tornou-se impossível; caráter ilusório da obra de arte burguesa.
• 327-329: a paródia como niilismo aristocrático; Música é tão matéria teológica quanto o pecado; “doença criativa, propiciadora de gênio”; Diabo diz que Adrian se tornará o líder de uma geração, emanando loucura inspiradora; burguesia abandonou a Religião e cultuou a Cultura em si mesma, e agora está farta desta.
• 330: Diabo deixa de se parecer com um intelectual musicólogo (Kretzschmar?) e ganha a aparência de um professor de Teologia (Schleppfuss?).
• 332-335: a “volúpia infernal” e os insultos; Inferno não oferecerá novidades a Adrian (peculiaridade dos extremos); reflexão sobre a desesperança do arrependimento diante de pecado imperdoável (Caim), um desafio à infinita Bondade.
• 336-338: “Ele” oferece 24 anos de genialidade criativa em troca de Adrian renunciar a amar (“esfriamento total de tua existência”); deboche à Psicologia; Leverkühn volta ao normal, e percebe que estava lendo o livro do Cristão (Kierkegaard).

- p. 339: Serenus reflete sobre a elaboração da biografia do amigo em meio à guerra (1944).

- p. 341: um fim funesto para nós, depois que uma política de inspiração funesta nos pôs em conflito.

- p. 349: embora sob isolamento na casa da Sra. Schweigestill, Adrian ainda recebia visita de pessoas da cidade.

- p. 350: sobre Spengler, “no seu Espírito, o sexo e o intelecto andavam estreitamente ligados”.

- p. 357: Adrian era muito crítico para pensar a Arte como uma luz que iluminasse as trevas.

- p. 359: composições de Adrian têm um quê de “especular os elementa” (pai).

- p. 360-365: relato sobre viagem submarina. “Adrian fazia seu relato exatamente como se de fato tivesse descido ali”.

- p. 368-370: discussão sobre a natureza e a espiritualidade, ciência vs. religião. “Meu Homo Dei humanista (...) não passaria então (...) de um produto da fertilidade de gases dos pântanos de um dos planetas mais próximos...”

- p. 376: Barão de von Riedesel, “conservantismo esse de caráter pós e anti-revolucionário, espírito frondista contra os valores estabelecidos pela burguesia liberal”

- p. 377: Breisacher, “um filósofo da cultura cuja mentalidade se dirigia, contudo, (...)contra a própria Cultura”. Via na história da mesma um processo de decadência. Desprezava o “progresso”.

- p. 381: segundo Breisacher, o rei Salomão abandonou as tradições de um deus nacional, “quinta-essência da força metafísica do povo”, e iniciou o culto a um Deus abstrato.

- p. 382: “expectorações altamente conservadoras de Breisacher, tão divertidas quanto nojentas”.

- p. 383: em uma religião autêntica, não existe pecado. “Tudo o que é moral é deformação ‘puramente espirtual’ do rito”.

 

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