Listen Up!
5. "The Fear" - Lily Allen
Embora seja muito fácil associar "The Fear" ao simpático clipe ou à trilha sonora do beijo de Naomi e Emily na 3ª temporada de Skins, a faixa, em si, é muito boa. Versos como "I'm a weapon of massive consumption" são de um sarcasmo adorável.
4. "I'm Throwing My Arms Around Paris" - Morrissey
Morrissey continua melodramático ("Only stone and steel accept my love"), mas ainda com o tom mais firme e menos auto-piedoso que sua música vem adotando desde 2004, com o CD "You are the Quarry". Nesta curta canção, os vocais e a melodia são irresistíveis. Moz, portanto, chega aos 50 anos ainda em forma.
3. "Magnificent" - U2
O U2 encerra a década com uma canção cujo título é auto-explicativo. "Magnificent" é, desde já, um clássico. Ao juntar uma letra mais romântica ("Justified till we die, you and I will magnify") com um ritmo empolgante, ela funciona como uma bela síntese dos rocks e baladas que o conjunto irlandês emplacou nessa década.
2. "Lucid Dreams" - Franz Ferdinand
A versão curta, com seus versos matadores ("I no longer cared if there is some great truth or not (...) There is no nation of you, there is no nation of me") já era fantástica. Porém, a "Lucid Dreams" de 8 minutos do álbum é ainda mais sublime. Com um ritmo menos linear do que o padrão do Franz, temos até paradinhas antes do refrão, e na segunda metade, uma viagem dançante, cheia de sintetizadores. Enfim, um épico, que indica os rumos promissores do britpop e do indie rock para os próximos anos.
1. "Black Hearted Love" - PJ Harvey
Se a 2ª colocada aponta tendências, a minha #1 resgata influências. A guitarra lembra Television (e, em suas distorções, um pouco de grunge), e PJ Harvey, retomando a parceria com John Parish, faz sua melhor canção na década. Vocais sexy, letra mais ainda - o clipe, então, com seu slow-motion de Polly Jean em uma cama elástica numa noite chuvosa, mostra que, além de ficar mais bonita com os anos, ela continua sendo uma das artistas mais expressivas do rock alternativo. "I'd like to take you to a place I know, my black hearted".
5. "Fantasies" - Metric
Após um disco razoável ("Live it Out"), o Metric finalmente supera "Old World Underground, Where Are You Now?", e lança aquela que é sua melhor obra, até agora. "Fantasies" é redondinho, com produção bem limpa e faixas que viciam nas primeiras audições. Destaque para "Sick Muse", "Help I'm Alive", "Stadium Love" e "Gimme Sympathy".
4. "It's Not Me, It's You" - Lily Allen
Depois de um debut repleto de ska e deboche, esta musa britânica mantém o 2º elemento ("Not Fair" não deixa sombra de dúvida), mas com uma sonoridade bem mais eletrônica. Há canções de zombaria política ("Fuck You"), desabafo ("Everyone's at It") e lamentação com tons de crise de consciência (a supracitada "The Fear"). Lily Allen, portanto, continua adoravelmente junkie, só que desta vez com um disco mais maduro.
3. "The Resistance" - Muse
A cada disco, eles ficam mais progressivos, mais megalomaníacos, mais politizados, mais apocalípticos... enfim, mais art-rock. O quinto CD do Muse mantém e aprofunda os êxitos de "Black Holes and Revelations", gerando grandes momentos como a ópera à la Queen "United States of Eurasia", o electropop "Undisclosed Desires", a revolta de "Uprising" e o ótimo refrão de "Resistance".
2. "The Pains of Being Pure at Heart" - The Pains of Being Pure at Heart
NYC, como veremos daqui a pouco, vem sendo um celeiro de bandas interessantes nos últimos anos. A última novidade é o Pains of Being Pure at Heart, com seu rock de vocais fofos, riffs contagiantes e guitarras distorcidas. Em muitos momentos, lembra o dream-pop da fase 1987-88 do My Bloody Valentine. Porém, funciona mais como inspiração que como 'revival'. As mais imperdíveis do disco de estréia deles são "Come Saturday", "This Love is Fucking Right!", "Young Adult Friction" e "Everything with You".
1. "Tonight: Franz Ferdinand" - Franz Ferdinand
Após anos de espera, finalmente temos em mãos o 3º disco do Franz. Felizmente, a banda continua demonstrando excelência musical, desta vez com um álbum conceitual, que conta a história de uma noite agitada e inesquecível. O pontapé com "Ulysses", a euforia de "No You Girls", a tensão palpável de "What She Came For", a delicadeza de "Katherine Kiss Me" e o clímax "Lucid Dreams" fazem de "Tonight" o CD de 2009. Mais detalhes no meu review.
10. Amy Winehouse
Várias foram as cantoras que se sobressaíram nos últimos anos (Kate Nash, Lily Allen, Joss Stone, Lady GaGa...), mas nenhuma delas conseguiu juntar atitude com talento tão bem quanto Amy. Ela lançou apenas dois discos na década, mas ambos são tão repletos de momentos sublimes ("In My Bed", "Stronger Than Me", "Rehab", "You Know I'm No Good", "Tears Dry On Their Own") que até perdoamos (quase) todos os excessos, porra-louquices e baixarias dessa britânica. E que venham mais trabalhos de qualidade da Winehouse!
9. Interpol
Americanos fazendo rock à moda inglesa. Sim, provavelmente você ouviu pelo menos 20 bandas que fizeram isso. Porém, poucas absorveram tão bem o post-punk de Joy Division, Echo & the Bunnymen e outros quanto o Interpol. Em seus 3 CDs, esse conjunto de Nova York alternou momentos soturnos com outros mais vibrantes, mas sempre produzindo músicas de respeito: "Not Even Jail", "Evil", "No I in Threesome", "Obstacle 1", "The Heinrich Maneuver" e "The New", por exemplo.
8. The Strokes
Provavelmente a banda mais superestimada da primeira metade dos anos 2000. Chegou-se até a falar em "salvadores do rock". Mesmo não merecendo todos os elogios que lhes foram dados, os Strokes, que surgiram de NY (!), lançaram um disco muito bom ("Is This It"), e outros dois razoáveis. Em um aspecto, no entanto, são impecáveis: singles. Dançamos muito as animadas "Last Nite", "Reptilia", "Juicebox", "New York City Cops" e outras nas baladas indies. Não lançam um disco novo há quatro anos, mas não ficaram parados; Little Joy e o solo de Julian Casablancas, por exemplo, são trabalhos de bom nível, e só aumentam a expectativa pelo 4º dos Strokes.
7. Los Hermanos
Com as devidas proporções, eles foram como um Weezer brasileiro: primeiro disco bem-sucedido, mas com reputação de one-hit wonder; segundo disco mais hermético, sendo amado pela crítica e ignorado pelas rádios; terceiro disco com redenção comercial e manutenção dos êxitos de seu antecessor. Foi assim com este quarteto carioca, que experimentou dois picos de popularidade: o primeiro em 2000, com o hit "Anna Julia"; o segundo, entre 2004 e 2006, com a reputação (re)construída pelo boca-a-boca e a guinada musical finalmente celebrada. O "Bloco do Eu Sozinho" foi um dos melhores CDs brasileiros dos últimos dez anos, mas os outros três discos dos Los Hermanos também merecem louvores. Antes do 'hiato por tempo indefinido' de dois anos atrás, eles produziram pérolas como "Fingi na Hora Rir", "A Flor", "Casa Pré-Fabricada", "Além do que se Vê" e "O Vento".
6. The Killers
Eis uma banda prolífica. Desde 2004, tornou-se uma tradição encerrar o ano com pelo menos alguma novidade dessa banda de Las Vegas. Eles tiveram uma 'fase inglesa' em "Hot Fuss", outra 'americana' em "Sam's Town" e, em "Day & Age" (e em "Sawdust" também, pode-se dizer) procuraram fazer a síntese. A marca registrada dos Killers é o pop-rock carregado pelos vocais dramáticos de Brandon Flowers e os sintetizadores, mas também por guitarras proeminentes. "Mr. Brightside", "Glamorous Indie Rock & Roll", "This River Is Wild" e "Human" foram alguns dos melhores momentos musicais da década.
5. Gorillaz
Outro ato musical que precisou de apenas 2 CDs (em 2001 e 2005) para impressionar público e crítica. De férias do Blur, Damon Albarn resolveu fazer um experimento que mesclasse tudo aquilo que ele ainda não havia testado no conjunto-símbolo do britpop. O resultado foi uma 'banda virtual', recheada de clipes criativos e uma salada musical de hip-hop, eletrônica, rock e black music. O Blur, já sem o guitar-hero Graham Coxon, até incorporou algumas dessas combinações em "Think Tank" (2003), mas podemos encontrá-las em sua forma mais, digamos, simiesca em faixas como "Clint Eastwood", "Dare", "19-2000", "Dirty Harry" e "Rock The House".
4. Arctic Monkeys
Se Strokes foi o hype da América, os macaquinhos árticos foram os queridinhos da mídia britânica. Neste caso, porém, temos uma banda que apresentou álbuns realmente consistententes, mesmo com uma leve queda de qualidade em "Humbug" (talvez uma consequência do próprio objetivo experimental do disco, que aponta um futuro menos óbvio para os Monkeys). Com seu tom sarcástico e despretensioso, estes jovens fizeram várias canções divertidas como "I Bet You Look Good on the Dancefloor", "Brianstorm" e "Dancing Shoes", mas também outras mais intimistas como "Cornerstone", "Fluorescent Adolescent" e "A Certain Romance".
3. The White Stripes
Eis um exemplo de banda que não se acomodou depois de fazer sua obra-prima, "White Blood Cells" (2001). Desde então, Jack e Meg White continuaram a gravar canções muito boas, sempre repletas do jeito cru e insano que lhes é característico. "Elephant" (2003) trouxe o reconhecimento do mainstream, "Get Behind me Satan" (2005) apontou novos caminhos e "Icky Thump" (2007) une peso com contundência, encerrando dignamente a década dos Stripes, uma banda que sabe conciliar irreverência e minimalismo com a qualidade de poucos.
2. Muse
Extravagância é a palavra-chave para definir este trio britânico. A cada álbum, eles ficam mais ambiciosos. Começaram o século XXi com "New Born" e "Space Dementia"; atingiram o topo com singles do calibre de "Time is Running Out" e "Hysteria"; explodiram em popularidade com "Starlight", "Supermassive Black Hole" e "Knights of Cydonia". A alguns meses do fim da década, consolidam de vez sua identidade musical e lançam "The Resistance", que mantém a proeza do Muse: agradar desde metaleiros até indies. E pensar que, dez anos atrás, muitos juravam que eles eram apenas mais um clone do Radiohead...
1. Franz Ferdinand
"Oh, não! Franz de novo no topo? Isso me cheira a parcialidade/puxa-saquismo/hype..." Não, caro leitor. O Franz fez por merecer o primeiro lugar. Surgiram no fim de 2003 com a orgástica "Darts of Pleasure". Alguns meses depois, em seu estupendo álbum homônimo, explodiram com "Take Me Out" e fizeram obras-primas como "The Dark of the Matinée". Um ano se passou, e eles voltam com força total; "Do You Want To" e "Walk Away" capitaneiam o retorno. E, já em 2009, encerram a década com chave de ouro, com um disco que pode ser um antecipador de tendências do rock alternativo dos próximos dez anos: álbuns conceituais (mas, não tão complexos como os do rock progressivo), batidas eletrônicas coexistindo perfeitamente com riffs grudentos, músicas feitas para se ouvir tanto sozinho quanto nas pistas de dança, produção caprichada (adeus ao pretenso 'garage rock'?) e, é claro, um clima de pop-art (inteligente e acessível).
10. Os Cascavelletes
"Deixa eu andar na sua moto... mas quem vai na frente é você - vou sempre na carona!" O que pensar de uma banda que se vangloria de ter criado o 'porn-rock'? Pois é, os Cascavelletes são uma das bandas brasileiras mais divertidas a surgir na eferverscência do rock gaúcho (fim dos anos 80). Além disso, os geniais Frank Jorge e Flávio Basso (a.k.a. Júpiter Maçã) foram alguns dos integrantes deste conjunto. Descobri-os em Maio, por meio de um amigo, mas só comecei a ouvir com mais frequências semanas atrás. Adoro o jeito burlesco com que eles lidam com os mais diversos assuntos, desde a menstruação até a homossexualidade feminina.
9. MGMT
No Reveillon, enquanto preparava a tracklist da Skins Party, achei esta banda americana. De cara, adorei "Kids" e "Time to Pretend", mas com o tempo também comecei a gostar de outras faixas do 1º CD deles, como "Pieces of What", "Electric Feel" e "Weekend Wars". Das bandas atuais, é uma das com maior capacidade de exalar juventude. Talvez sejam os vocais, ou o ritmo dançante. De fato, o MGMT, após esse início bem-sucedido, é uma das promessas para a próxima década.
8. The Pains of Being Pure at Heart
Outra banda jovem, e com um belo futuro pela frente. 2009 já estava em sua última semana quando entrei em contato com as músicas deles (valeu pela dica, Pitchfork!). Foi amor à primeira audição. Eles resgatam elementos do shoegaze (MBV, em especial) de uma maneira eficaz, ressaltando o que há de animado em um gênero que tem estereótipo de deprê. "Now that you feel, you say it’s not real".
7. Manic Street Preachers
Que blasfêmia: só fui passar a ouvir um dos pilares do britpop há dois meses! Mais politizados que seus contemporâneos musicais, os Manic Street Preachers conseguem ser esquerdistas (ninguém é perfeito...) e, simultaneamente, fazer músicas cativantes e de imenso sucesso comercial. "Australia", "Send Away the Tigers", "Suicide Is Painless" e "You Stole The Sun From My Heart" são alguns dos melhores momentos da trajetória deles.
6. Roxy Music
Quando a esta, foi graças ao VH1 e seu especial sobre a história do Rock. No episódio sobre o "Art-Rock", falaram muito de uma banda que reuniu talentos como Bryan Ferry e Brian Eno. Procurei por eles no Torrent, e não me decepcionei. Roxy Music foi uma das bandas que mais ouvi nesse ano, aliás. Encantei-me com faixas brilhantes como "Out Of The Blue", "Re-Make/Re-Model", "Virginia Plain", "Do The Strand", "2HB" e "Love Is The Drug". Vida longa ao glam rock e às escolas de arte!
5. XTC
"One, two, three, four, five! Senses working overtime..." Foi com rimas simples e efetivas como esta que o XTC construiu algumas das músicas mais simpáticas e espertas do pop inglês. Andy Partridge e Colin Moulding foram a dupla que nos trouxe discos excepcionais como "Drums & Wires", "Skylarking", "English Settlement" e "Black Sea". Além disso, o XTC merece o título de uma das bandas mais injustamente subestimadas de todos os tempos, não tendo jamais desfrutado do sucesso comercial que mereceu; pelo menos a crítica sempre foi atenta ao talento deles...
4. The Jam
Mods por excelência, o Jam é o caso contrário do XTC: uma das bandas mais merecidamente estimadas. É até difícil de acreditar que uma banda tão boa tenha conseguido tantos hits nas paradas britânicas. Chegou-se ao ponto de os singles importados deles chegarem ao top 20! Embora só tenham tocados juntos por apenas 5 anos, este foi um tempo suficiente para gravarem as ótimas "Start!", "That's Entertainment", "Smithers-Jones", "In The City", "Town Called Malice", "Down in the Tube Station at Midnight", entre outras. Já tinha ouvido um pouco no ano passado, mas foi em 2009 que eles despontaram na minha preferência.
3. The Fall
Manchester é mesmo uma cidade abençoada. Além de um dos melhores times de futebol do planeta e uma economia industrial próspera, é a terra natal de várias das melhores bandas inglesas: Joy Division, New Order, Smiths, Stone Roses, Chemical Brothers, Oasis... e The Fall. Mark E. Smith é (literalmente) o dono de um dos projetos musicais mais criativos das últimas três décadas. Clássicos como "Totally Wired", "Hit the North", "How I Wrote Elastic Man", "Cruiser's Creek" e "The Classical" explicitam meu argumento. Além disso, faz covers tão bem que quase se apropria das faixas; vide "Victoria" e "Mr. Pharmacist". Ah, e foi o mesmo caso do Jam: comecei a ouvi-los no fim do ano passado, mas a grande ascensão do Fall (que paradoxo!) no meu Last.FM foi entre Janeiro e Fevereiro de 2009. Além do mais, lembrem-se que, recentemente, meus anos começaram entre o fim de Outubro e o início de Novembro...
2. PJ Harvey
"You're not rid of me. I'll make you lick my injuries (...) till you say don't you wish you never, never met her". O que sentir a respeito de uma letra que lhe diz isso? PJ Harvey consegue colocar amargura, sarcasmo, sensualidade, fúria e desejo de vingança em suas canções de uma forma idiossincrática. Tinha ouvido falar dela há 4 anos, mas foi só em Dezembro que resolvi escutá-la. Não me arrependi. A cada música que eu ouvia, queria baixar outras. Se eu fosse separar minhas cinco prediletas da Polly Jean, seriam: "Rid of Me", "Legs", "O Stella", "Down By The Water" e "Black Hearted Love".
1. The Kinks
Os Kinks, além de cânone fundamental para as melodias do rock britânico, também fizeram escola com suas letras fantásticas. Dissertavam sobre a grandeza da Inglaterra vitoriana ("Victoria"), ressentimento nostálgico ("Picture Book") pastoralismo ("Waterloo Sunset"), diversão descompromissada ("Till The End of The Day", "All Day and All of the Night", "You Really Got Me"), tédio ("Sunny Afternoon") e até ambigüidade sexual ("Lola', "David Watts"). Foi nas férias de verão passadas que descobri os Kinks, para nunca mais deixar de levar minha coletânea deles no meu porta-CDs.
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