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Kaio

 

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23 junho 2009

Post-silence

(Ainda em 24/5, na conversa de Mário e Giovana. Entra Alice)

- Ah, vocês ficaram sabendo? Domingo passado, dia 17, justamente no dia do aniversário da Júlia, ela e o César se beijaram! So cute!
- Poxa, Alice! Nós dois estávamos falando misteriosamente, da maneira mais ambígua possível, e você vem, se intromete e revela o segredo?
- Ué, Giovana, foi mal. Achei que vocês já tinham passado dessa fase, de ficar fazendo fofoca em códigos...
- Relaxem, garotas, sem brigas desnecessárias. O fato é que dois de nossos melhores amigos, finalmente, estão namorando!
- Pois é, adorei essa notícia. Porém, se isso fosse um livro, teríamos esperado 349 páginas por esse acontecimento. Quantas idas e vindas desde 16 d.M., não?
- Exatamente, Alice. Parece que foi a Júlia quem tomou a iniciativa do beijo! O César é mesmo um bobo: 3 anos a tendo como melhor amiga, e ainda assim não foi o responsável pelo ato simbólico...
- Eu até que o entendo, garotas. Também tive dificuldades para iniciar meu 1º beijo. Tudo bem que ele ocorreu muitos anos atrás, mas compreendo a insegurança e a timidez do César. A sorte dele é ter conhecido uma garota tão legal - e de atitude - como a Júlia.
- Concordo. Sendo piegas, "eles foram feitos um para o outro". Suas características, qualidades são complementares, de uma maneira bem peculiar. Logo, não fiquei surpresa quando descobri sobre o beijo. Achei até que demorou, hehe.
- Será que eles estão namorando mesmo?
- Não sei, César e Júlia andam muito calados sobre isso. Como diria Collor, "o tempo é o senhor da razão". Portanto, em breve saberemos...

(1 mês depois, 23 de Junho de 19 d.M. César e Henrique conversam)

- ... o que ocorreu no Conselho foi um problema de falta de comunicação, até mesmo de ação coletiva. O movimento estudantil está fragmentado, cheio de disputas de ego e oportunismo político. Utilizam causas importantes, como as fundações e a Casa do Estudante, como bandeiras para autopromoção, sem se preocupar com a importância crucial daquilo que está se discutindo. O futuro do M.E. de nossa UNICOS é delicado, meu caro César. O que a sua chapa, "a da direita", pensa a respeito disso?
- Serei sucinto, porque essa discussão (aliás, exposição programática feita por você) já está cansando. A opinião que eu e meus colegas liberais/libertários/conservadores compartilhamos é a seguinte: essa nova invasão da reitoria, assim como o impedimento da reunião do Conselho, foram ilegítimas, ilegais, irresponsáveis, sem civilidade e muito menos respeito à liberdade de expressão. A sua chapa, que é o atual 'governista' do Diretório, tinha a possibilidade de fazer algo a respeito, mas preferiu a omissão, em uma atitude lamentável e covarde. É como se vocês fossem coniventes com o radicalismo daquela meia-dúzia de "revolucionários" batedores de panela. Sinto muito, mas seu tom melancólico não me convence de que vocês não erraram em sua avaliação e (falta de) ação. Agora, chega, estou sem paciência para debater política estudantil. Vamos mudar de assunto?
- Ai, ai, tudo bem, César... Mas, em breve abordarei novamente esta temática, e que você não se ausente de uma discussão sobre os rumos de nossa universidade, certo?
- Tudo bem, Henrique... Vamos, sugira um tópico.
- Ok, eu sei que quase nunca falo (ou deixo as pessoas falarem) sobre assuntos 'pessoais', relacionamentos, amor etc., mas hoje vou abrir uma exceção. Até mesmo porque eu mesmo ando menos cínico sobre assuntos românticos, então seria legal jogar esse tema numa conversa. Conte-me sobre como vão as coisas entre você e a Júlia. Prometo que não vou interromper.
- Uau, é raro ver você interessado por falar sobre isso... Façamos o seguinte. Hoje à noite, escreverei um texto, e você poderá lê-lo depois. É que, sei lá, não estou acostumado a falar diretamente às pessoas sobre meu namoro, mas acho que hoje posso quebrar, literariamente, meu silêncio de 1 mês about it:

Estava tocando The Who. "I Can See For Miles". Lentamente, nossos lábios se tocaram. Não tenho dúvidas: foi ela quem tomou a iniciativa do beijo. Não que eu não quisesse; pelo contrário, passei aquela noite inteira pensando nisso. Porém, faltava-me a coragem. Felizmente, ela não foi tão 'mole' quanto eu, e iniciou aquilo por que tanto esperávamos: a confirmação simbólica de que realmente gostávamos um do outro.
O mais fantástico de tudo é a combinação de acasos e fatores. Primeiro, dia 17 era aniversário dela. Segundo, o Mário estava jogando Need for Speed na kit, o que nos impediu de ficar por lá, estudando. Resultado: fomos no carro dela, jantar no McDonald's. Terceiro, eu tinha acabado de voltar de uma viagem-relâmpago para Pastória, e estava meio deprê. Porém, quando ela ligou para mim, às 16h, e eu ainda estava no ônibus (perguntou-me que hora eu chegaria em Cosmopólia), minha intuição dizia que algo importante iria acontecer entre nós, naquela noite. Não necessariamente um beijo ou coisa do tipo, mas pelo menos uma conversa que marcasse as nossas vidas.
Realmente, conversamos por horas a fio. Falamos sobre antigas paixões, estudos, livros, música, ambições, decepções... Descobri muitas coisas sobre a vida dela que ainda não sabia, e vice-versa. O tempo foi passando, e, 0h30, quando tecnicamente já nem era mais 17 de Maio, nós nos beijamos. Nosso 1º beijo foi longo, e inesquecível.
Os dias que se seguiram foram também muito especiais. Talvez porque ainda não soubéssemos o 'status' de nossa relação, entramos em um período de extrema liberdade, e passávamos horas juntos - mas, por outro lado, foi também uma época de "hedonismo burro". Faltamos algumas aulas, e eu cheguei atrasado em quase todos os dias da simulação de que estava participando. Felizmente, no último dia, resolvi calar todas as críticas e conduzi bravamente os trabalhos para aprovar uma versão revisada de um projeto sobre voto distrital misto.
Uma semana depois, já nos tratávamos como namorados. Porém, nem tudo eram flores. Também tivemos brigas. Júlia me deu várias broncas, a respeito de atitudes egoístas e fracas que eu estava tomando. Eu procurei melhorar o máximo possível, para provar a ela que não há sacrifício que eu não estarei disposto a fazer para provar meu amor a ela. Ah, sim, falei a palavrinha mágica: "amor". Ele brotou da maneira mais intensa possível entre nós, o que nos deu forças para superar vários dos problemas que estamos a enfrentar neste semestre (principalmente ela, que está em um período complicado de sua vida).
Outro aspecto importante que descobrimos desde que começamos a namorar foi quanto à quebra de expectativas e (pré) conceitos que tínhamos um do outro. Os estereótipos que as pessoas geralmente atribuem à minha linguagem corporal dizem respeito ao meu jeito introspectivo, aparentemente inseguro, excêntrico e megalomaníaco. Quanto à Júlia, ela, à primeira vista, parecia ser fria, cética, arrogante etc. Ela, no entanto, descobriu, que eu sou seguro de mim mesmo, auto-consciente, transigente, pacato (um "idiossincrático banal", enfim), e eu pude ver o quanto ela é extremamente sensível, romântica, determinada e adorável.
Enfim: eu a amo, "de todas as formas possíveis: como namorado, como amigo, como parceiro (inclusive intelectual), como admirador". Finalmente, meu livro tem um desfecho, embora eu ache que este namoro é apenas o início de uma nova história, menos angustiante e entediante do que aquela que eu estava a escrever em minha existência.
"Pouquíssimas pessoas realmente fizeram alguma diferença na minha vida. Certamente, Júlia é uma delas, e está no topo dessa 'lista'."

(Júlia, em monólogo)

Já faz mais de um mês desde aquele beijo entre eu e o César. Muito ocorreu depois daquilo; Maio e Junho foram dois dos meses mais turbulentos de minha vida. O percurso foi tortuoso, mas cada vez mais temos a certeza de que nos amamos.
Vamos começar falando dos problemas; "as más notícias primeiro". Uma das coisas que mais achei desgastante até agora é precisar frequentemente dizer ao César, com todas as letras, o que ele precisa fazer para me agradar, para não me decepcionar. Isso vale desde a questão da alimentação (afinal, ele andava comendo só 'junk food') até coisas mais sérias, como a atitude que eu esperava de um namorado. Sei lá, faltava a ele me passar segurança e auto-confiança, ser menos egocêntrico e auto-indulgente... Além, é claro, de entender naturalmente os meus sentimentos, sem que eu precisasse ter que explicar a ele como queria que agisse.
Pronto, falarei agora dos (inúmeros) pontos positivos de nosso namoro. Ele é atencioso, sincero, delicado (às vezes parece que ele é a "menina" do relacionamento, hehe), constante, afetuoso... Enfim, lindo! Revelou-se uma pessoa fantástica, com quem eu adoro dividir o meu dia-a-dia. E, fico feliz de ver que ele realmente está mudando, sendo mais espontâneo. Além do mais, César vem me ajudando muito nas últimas semanas, época complicada de minha vida (tanto pessoal quanto acadêmica). Aos poucos, ele vem se tornando um "ponto de apoio" para mim nos momentos difíceis - e vice-versa, segundo ele.
Temos vários gostos em comum, embora César ainda prefira Joy Division e Blur a Chico Buarque e Caetano... Descobri que ele gosta quase tanto quanto eu de cultura 'queer'. O próprio livro que ele me pediu de Dia dos Namorados ("Uma Casa no Fim do Mundo", do Michael Cunningham - César já o leu 2 anos atrás, mas ainda não o tinha 'fisicamente'), assim como o fato de que ele também curte Queer as Folk, Placebo, Montage, Oscar Wilde etc. me deram a certeza disso. Ah, e assistimos juntos a um filme que ele me indicou: "Velvet Goldmine", sobre o glam rock setentista. Digamos que, embora 'straight', ele é culturamente um 'fag', hehe.
Adorei as cartinhas que ele me mandou, tanto de aniversário quanto de Dia dos Namorados, de 1 mês de namoro, entre outras. São coisas como estas que me fazem acreditar que este relacionamento está dando certo - "here, there and everywhere".

 

Comentários:

 

 

tem pedantismo engraçado e pedantismo chato. o seu é do tipo chato.
e não adianta ficar alegrinho que alguém leu e comentou, pq eu não tive saco de ler não.


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