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Kaio

 

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13 maio 2009

Gates of Dawn

(Henrique)

... estava bastante ansioso em relação à festa da Bio. Inicialmente, ele nem pensava em ir, mas de repente viu que o convite de Alice não era de se descartar. Afinal, a semana havia sido exaustiva, com toda a campanha política e, é claro, as matérias e aulas. Portanto, aproveitar a noite de sexta era não só uma opção agradável, como também indispensável para que ele se desestressasse um pouco.

Combinou de pegar carona com um colega. Enquanto o mesmo não chegava, ficou pensando nos projetos políticos que tinha para a universidade. A responsabilidade que teria agora que fazia parte do diretório era imensa. Como deve ser "estar no poder, na situação"? Será que ele iria fazer diferente mesmo?
Porém, resolveu entrar na internet para chegar na festa com a mente mais fresca. A noite prometia.

(Giovana)

O ínicio da festa foi agradável. Encontrei alguns colegas, e conversamos enquanto os portões não abriam.
Os primeiros minutos foram especialmente cômicos. Estava tocando disco/70s, e os meus amigos alopravam na pista. Eu mesma não me contive, e fiz uns passos bem escrachados. Outro bom momento foi quando tocou "Unbelievable", do EMF. Olha, nem sou tão aficionada por música que nem o César, a Alice ou a Júlia, mas há certas canções de bandas 'one-hit wonders' que realmente são obrigatórias em uma festa que se preze, né?
Havia passado a semana bem confusa, como sempre. Dúvidas, inquietações, incertezas... Céus, quase fico com dor de cabeça só de relembrar o tanto que minha mente ficou atolada nos últimos dias.
E a pressão vinha de todos os lados, sabe? Trabalhos da faculdade, briguinhas bobas com colegas por motivos ainda mais bobos, desilusões contínuas no campo dos sentimentos, falta de tempo para dormir e me alimentar bem, minha mãe me enchendo o saco porque não pude ir para Pastória no Dias das Mães... Aliás, sobre esse último probleminha: juro que é porque eu tinha que terminar uma prova a ser entregue na 2ª de manhã, mas ela pensa que é porque eu sou uma filha desnaturada, mal agradecida.

Nem quero ficar pensando nisso, chega! Oba, estão tocando "Olhar 43"!

(Júlia e/ou César)


O que fazer? 1h30 da manhã, e eu pareço devorada(o) por um "eterno retorno": diversão durante algumas horas, seguida de súbita melancolia nas seguintes. Afastei-me do meu grupo, e fui sentar em um lugar qualquer, bem afastado, entregando-me à consternação. Não queria mais nada: nem amigos, nem música, nem festa, nem prazer... Enfim, é como se eu caísse no vazio, desistisse de viver.
Não conseguia sequer chorar, pois minha alma já estava tão congelada por esse desprezo por mim mesma(o) e a tudo que me cerca, que expressar qualquer tipo de emoção era simplesmente impossível.

Porém, foi nesse ponto que eu resolvi reagir. Precisei chegar à fossa mais profunda para despertar da letargia. Veio-me em mente a seguinte frase, tão banal e tão efetiva: "O que você tem a perder?"

Passei os últimos 18 - quase 19 - anos recusando-me a ser espontânea(o). Evitei toda e qualquer oportunidade que tive para desfrutar de uma existência menos sistemática. Sei que isso é um pedantismo desnecessário, mas não custa nada constatar que, durante todos esses anos, defendi a liberdade, o laissez-faire e a autonomia individual, mas comportei-me como uma autarquia obsoleta e regida implacavelmente.
Detesto falar em contradições, então usarei outros termos para dizer praticamente a mesma coisa: minhas multiplicidades estão em uma coexistência tão conflituosa, que, uma hora ou outra, eu terei que fazer escolhas, e me decidir por uma delas em detrimento das demais. E, sinceramente, pela 1ª vez visualizo meu "eu mundano" próximo de prevalecer.

Foi nessa hora que eu e o César (a Júlia) começamos a andar e dançar juntos. A música estava animada (algum techno da vida, bem ao gosto da Alice), mas isso era o que menos importava naquele momento.
Passamos algum tempo sentados na grama, usando a jaqueta dele (a minha jaqueta) como "tapete" - de mãos dadas, calados. Nem tinha certeza - ou preocupação - se gostávamos um do outro (qualquer dia falo sobre o que é ter uma amizade assexuada em estágio avançado), ou mesmo se avançaríamos para o "próximo passo". Mas, nada disso me interessa agora. Durante aquela hora e meia, eu queria ficar perto dele (dela), e vice-versa. Aquelas paixões malogradas pelas quais havíamos passado já eram pretérito perfeito. Voltar a ser livre é maravilhoso. "I'm taking a ride with my best friend".

(Alice)

Depois que ele foi embora (tinha que dormir cedo para estudar para uma prova), fiquei sozinha, mas não solitária. Já eram 3 da matina, mas a noite ainda estava longe de acabar. Voltei para a pista de dança e fritei.
O César me disse que na tenda mais vazia estavam discotecando anos 80 (Dire Straits, New Order, Joy Division, Siouxsie), e que ele e a Júlia estavam fazendo suas dancinhas 'góticas'. O Mário e o Henrique foram curtir o cover de Mamonas Assassinas, que estavam tocando no palco principal. Eu e a Giovana resolvemos ficar na tenda electro mesmo. Pessoas descoladas, muita androginia (nada no nível Party Monster, mas o suficiente para uma festa com reputação queer), música poderosa... enfim, coisas que eu sempre curti na festa da Bio.
Se fiquei com alguém? Nem lembro. A Giô disse que peguei 2 ou 3 caras aleatórios, mas o simples fato de eu nem ter me recordado deles (e olha que nem bebi tanto, foram só algumas vodkas e drinks) demonstra o quão irrelevantes eram os garotos que eu peguei.

Porém, foi só no fim da noite que fiquei sabendo que uma amiga minha tinha passado mal.

(Mário)

"Usando aquela gíria bobinha", disse, "ela deu P.T." Foi a primeira vez, pelo que lhe disseram. "Eu e o Henrique até demos uma passada lá para cuidar dela, mas o Edgar e o Fábio já estavam lá de plantão".
Mário disse que se preocupou com dela, mas no dia seguinte, pelo Messenger, ficou mais tranquilo. "Foi um susto, mas ela mesma me disse que serviu de lição para não se repetir mais. Se com ela acontecer o mesmo que eu (um 'problema etílico', e a noção dos próprios limites), beleza, já me despreocupo. Enfim, a festa da Bio foi uma degradação, mas deu para curtir um pouco. O cover de Mamonas foi hilário!"
Embora tenha achado que a banda estava mais 'wasted' que o próprio público, ele não mudou sua opinião de que o show havia sido bom. Porém, já eram quase 5 da manhã e ele queria ir logo para casa, pois daqui a algumas horas haveria treino de Fórmula 1. Ele sentia pena de César, que teria que acordar mais cedo por causa de uma reunião de um projeto no qual havia se inscrito.
No final das contas, só Mário e Henrique foram a Pastória no Dia das Mães. Os pais de Alice foram visitá-la (afinal, alguns parentes dela moram em Cosmopólia), e outros três agiram como "filhos insensíveis", e colocaram suas obrigações acadêmicas como mais importantes para aquele domingo do que fazer um agrado às mães.
Ok, trivialidades à parte, era hora de dormir, "pois a F1 não vai me esperar".

 

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