Kaio, você conhece a si mesmo?
Há momentos eu que eu penso "Alcancei um nível de auto-compreensão inimaginável. Posso até analisar cada traço da minha personalidade...". Porém, em outros eu fico na dúvida, como se algo estivesse faltando, como se eu me sentisse incompleto, vazio.
Eis um bom dilema.
Todos dizem que eu deveria ser menos egoísta. Até o Kaio. Se eu pudesse amar alguém, talvez esse problema fosse resolvido. O problema é que a garota dos meus sonhos, como a própria denominação aponta, é apenas fruto da minha imaginação. Ela não existe, eu sei disso, mas não consigo "apagá-la" da minha mente.
Ainda estou preso no mundo de fantasias que eu criei na minha infância.
Não confio nas pessoas, mas confio nas minhas idéias contraditórias.
Nunca consegui a extrema felicidade, tampouco a depressão profunda.
Kaio nunca se sentiu plenamente realizado. Sempre há algo que o atormenta, algo que o impeça de ficar relaxado e tranqüilo. Há sempre um "falta alguma coisa" pairando em sua mente.
É como se tudo fosse visto sob a óptica dos céticos moderados - "Não existe uma verdade absoluta, mas os humanos continuarão atrás dela mesmo assim". Pensamentos relativistas como esse podem até me confortar por alguns instantes, mas logo eu volto a desejar a concretização de algo. Uma abstração. A passagem do virtual para o real. A pílula vermelha de Matrix.
Talvez ser normal seja loucura, mas é comum que sejamos loucos. E assim por diante.
"Sou meu próprio líder, ando em círculos. (...) Minha vida toda espera algo de mim"
Trecho de "A Montanha Mágica", clássico da Legião Urbana. Estou lendo o livro homônimo à canção, de Thomas Mann. E estou achando-o fantástico. Aceito renunciar ao meu restinho de vida social por ele.