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Kaio

 

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13 setembro 2006

Prosseguindo...

I - Recapitulando o que eu iniciei no post passado, a primeira teoria anfisista propõe a valorização do indivíduo, já que vê nele um ser dotado de intelecto e experiência próprias, que não pode negar a si mesmo. Mesmo que ele busque algo que o oriente e conforte (religião e ideologia política, por exemplo), sugere-se que ele não se resigne, sujeite-se completamente a isso - as opiniões dele podem muito bem se ajustar com tais credos. Em outras palavras, o Anfisismo não acredita que "fulano é de esquerda" ou "sicrano é cristão", mas sim que "fulano tem idéias sócio-econômicas de esquerda" ou "sicrano se identifica com a religião cristã". A mudança do verbo "ser" para "estar", ou possíveis eufemismos, não são por acaso. O importante não é a doutrina, mas sim o indivíduo que a busca.

II - Já a segunda teoria é contra radicalismos. Eu notei que posicionamentos extremistas são maniqueístas e autoritários, e dificultam possíveis discussões com quem tenha opiniões contrárias. Por exemplo, nacionalistas xenófobos e cosmopolitas, ultraliberais e socialistas radicais, ateus e fanáticos religiosos, etc.
O ser humano, portanto, deveria buscar evitar alinhamentos sectários. Em outras palavras, procurar pelo equilíbrio, pela balança. Não é um meio-termo, até porque neutralidade é algo impossível de se obter na minha opinião, mas sim posições moderadas, conciliatórias. Claro que exigir isso do ser humano, em certas situações em que é preciso uma resposta lacônica (sim ou não), seria almejar por uma perfeição inalcançável , mas existem outras nas quais isso é possível. Por exemplo, não é interessante dizer "eu odeio profundamente o Lula" ou "eu amo o Lula, mexeu com ele, mexeu comigo", mas sim "o governo Lula tem seus pontos negativos e positivos, e podemos muito bem debater quais são eles".

III - Outro ponto a ser discutido é o eterno dilema entre teoria e prática. Em quase todas as situações pelas quais passamos, sempre há alternativas mais sonhadoras e idealistas, e aquelas que buscam o pragmático, o funcional. Infelizmente, nenhuma das duas funciona plenamente. Ser muito teórico torna o processo mais lento, mas a excessiva praticidade ignora a necessidade de renovação, de criatividade.
O que eu vejo como possibilidade é analisar cuidadosamente cada atitude, sempre que possível. "Ok, dessa maneira as coisas seriam como eu gostaria, e daquele jeito a chance de êxito seria maior. Então, vejo como necessário fazer concessões tanto para um lado quanto o outro". Sonho e realidade podem caminhar juntos, e vários exemplos na História da humanidade provam que nem sempre precisamos ser um Bola-de-Neve (Trótski) ou um Napoleão (Stálin).

IV - Agora, algo a respeito do pessimismo e do otimismo. Ambos parecem ser inconciliáveis, mas, inconscientemente, unimo-los. É muito difícil que alguém sempre veja o mundo de maneira muito negativa, assim como é estranho se deparar com alguém que nunca tem suas esperanças abaladas. Há uma pontinha de decepção e confiança em tudo.
A partir disso, o anfisismo deseja explicitar esse relação. "Me sinto impotente perante a esse mundo tão cruel, mas farei tudo que esteja a meu alcance para diminuir minha infelicidade". Dá até para se basear em caras como Nietzsche, Schopenhauer, Dostoiévski e Freud, que viam o mundo de uma maneira realista e até pessimista, mas nem por isso negavam a seus anseios e desejos, cada um à sua maneira, com seus respectivos estilos e pensamentos.

V - E, para finalizar por hoje, o substantivo abstrato mais polêmico, avassalador e poderoso - o amor. Eu, ao sistematizar as teses anfisistas, coloco o amor como a energia que move esse mundo, pois nele próprio já estão envolvidas outras poderíssimas, como o metafísico (ou mesmo o inconsciente) e o sexo.
Nada traz mais alegria e sofrimento, prazer e dor, satisfação e desespero, ao mesmo tempo, que o amor (eis um exemplo de como funciona a teoria IV). Ele é capaz de abalar até o mais forte dos homens ou a mais valente das mulheres. Nada é mais intenso, profundo e complexo do que ele, afinal, nossos sentidos, percepções e até a razão são consideravelmente abalados por uma possível paixão.
Mesmo com todas as facilidades para direcionar a libido para outras atividades no mundo moderno (internet e games, por exemplo), eu considero praticamente impossível que a pessoa nunca se sinta incompleta e solitária por dentro. Nem o mais bem-sucedido epicurismo ou o mais sisudo cético conseguem, ao meu ver, fazer a mente evitar mínimos pensamentos, como "Será que um dia eu encontrarei a pessoa com a qual eu sentirei confortado (a) e feliz? Será que eu ainda encontrarei alguém por quem terei um grande afeto e confiança?"
Eu já cheguei a acreditar que o amor era para os fracos. Na pior das hipóteses, eu mesmo estaria me considerando um deles. Na melhor, estaria admitindo que é impossível existir alguém que seja forte nesse mundo... portanto, faço a auto-crítica e digo algo que pode soar aforístico, mas é a minha opinião no momento - é inviável tentar resumir o amor em poucas palavras.

 

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