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Kaio

 

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10 setembro 2006

Estas flores malditas

Terminei As Flores do Mal, enfim. Aproveitei o tédio que tomou conta de minha alma na noite e madrugada de ontem e aproveitei para encerrar a leitura desta grande obra do Baudelaire.
Aproveitei para escrever um poema, que você pôde conferir no post passado (ou não. Provável que não, já que você não deve ser do tipo de pessoa que lê meu blog, certo? Que bom, sua saúde mental foi preservada!). Ele não é "baudelairiano", porque eu não usei a linguagem típica do simbolismo - apenas o tema do poema é dúbio. Na verdade, tal temática não foi premeditada - só descobri tal "sentido" quando estava revisando-o para publicá-lo no blog.
Enfim... algumas considerações sobre o livro.
- Spleen e ideal: a melhor parte, na minha opinião. Os poemas mais marcantes de Baudelaire estão aqui, como o meu favorito, "A serpente que dança":

Que eu amo ver, indolente amante,
Do corpo que excele,
Como um tecido vacilante,
Transluzir a pele!

Sobre o teu cabelo profundo
De acre perfumado,
Mar odorante e vagabundo,
De moreno azulado,

Como um navio que desponta,
Ao vento matutino
Sonhadora, minha alma se apronta,
Para um céu sem destino.

Teus olhos, que jamais traduzem
Rancor ou doçura,
São jóias frias onde luzem
O ouro e a gema impura.

Ao ver teu corpo que balança,
Bela de exaustão,
Dir-se-ia serpente que dança
No alto de um bastão.

Todos os ócios com certeza
Tua fronte movem
Que passeia com a moleza
De elefante jovem,

E o teu corpo se alonga e pende
Qual navio soberano,
Que as margens deixa e após estende
Suas vergas no oceano.

Onde crescida da fusão
De gelos frementes
Se a água da tua boca então
Aflora em teus dentes,

Bebo um vinho que me infunde
Amargura e calma,
Um líquido céu que difunde
Estrelas em minha alma!

- Quadros parisienses: reúne os poemas que eu menos apreciei. Não sei se foi por causa da linguagem, metalinguagem ou da minha paciência, mas não me interessei muito por eles.
- O vinho: a bebida, a bebida... Baudelaire vê cura e abismo, alegria e tristeza, bem e mal reunidos em um mesmo líquido alcóolico. Eu, como pessoa sóbria, talvez não possa entender como Charles os prazeres (ou dores) do vinho, mas pelo menos considerei a poesia boa.
- Flores do mal: não intitula o livro por acaso. Essa é ideal para ser recitada.
- Revolta: caramba, quantos versos agressivos e, digamos, profanos... a metáfora sobre Abel e Caim ficou genial.
- A morte: um dos pontos centrais da poesia romântica e simbolista do século 19 é destrinchada de maneira brilhante, principalmente em "A morte dos amantes" e "A viagem".

 

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