Contemplação
CONTEMPLAÇÃO
Soturna como a noite
Ela vaga pelas ruas
Um pedido de açoite
Na contemplação das luas.
Sua boca é carnuda
E o sorriso, infernal
Quando suas curvas ela desnuda
A instigação é fatal.
Uma beleza sombria
Aterroriza a quem passar
E, na madrugada fria,
Ela deseja jamais descansar.
Quando lhe oferecem flores
A criatura logo repele
Não quer nelas relembrar dores
Que afaguem sua pele.
Calculista e minuciosa
Logo ela encontra uma vítima
Na sua função não é misericordiosa
Pois sua fraqueza é ínfima.
É hora de partir
O trabalho está feito
Quem sabe poderá sorrir
Por mais um ato perfeito.
(Também o postei no Sofisma Burlesco, mas como parece que ninguém mais o visita, não custa nada postar também por aqui).