Novos tempos
Cansado da melancolia dos últimos 12 meses, provavelmente o período mais intenso e, ao mesmo tempo, tedioso de minha vida, peguei por acaso um livro de Química na quinta-feira passada (16) e tentei estudar. 30 minutos depois, me dei conta de que eu estava vidrado e maravilhado com o fato de que a matéria que eu estava estudando era legal. Sim - eu voltei a gostar de estudar!
Minha mãe disse que é muita arrogância da minha parte dizer, no meio do ano, que estou farto de dar o pior de mim na escola e, agora, retornaria ao Kaio que eu era. Creio que ela não esteja completamente errada, mas é verdade o fato de eu ter recuperado algumas características do meu "velho eu", que existiu (!) entre Setembro de 2003 e Agosto de 2005, como, por exemplo:
- Interesse pelos estudos, principalmente em relação a ler a parte teórica dos conteúdos;
- Otimismo quanto à vida, sem medo de admitir que eu estou tranqüilo e sem problemas sérios;
- Politizado, com uma interpretação pessoal das ideologias, mesmo que pendendo para um certo idealismo;
- Fissurado em Beatles, com suas canções vibrantes, melódicas, alegres e geniais.
- Sem nenhuma inspiração para poemas (é verdade, felicidade e poesia, na minha opinião, são coisas que não combinam);
- Auto-desprezo e paranóia são coisas descartáveis para a minha vida, chego a considerar tolice ter valorizado-os tanto como eu os valorizei nos últimos tempos.
Enfim, eu saí dos "anos pessimistas" e estou na transição entre os "anos idealistas" e os "anos redentores" - sim, uma regressão progressiva, ou uma progressão regressiva, seja lá o que esse trocadilho queira dizer. Em outras palavras, entre Ago/05 e Ago/06, eu estive em uma fase de desconstrução - um Kaio mais cético, irritável, solitário, sensível, recluso, insensato. Eu não fiquei obcecado por bandas soturnas como Joy Division, The Cure e Muse e escritores pessimistas como Schopenhauer, Nietzsche e Orwell por acaso - eles refletiram o que eu sentia naquela época.
Não sou do tipo de pessoa que muda. Eu diria que tenho tendências comportamentais oscilantes. Por exemplo, em uma determinada época de minha vida, minha personalidade tendia a ser x, meus interesses eram y, minhas aspirações eram z. E eu estou voltando a ser o Kaio que eu era antes, com apenas duas ressalvas.
1. Não mais ateu - "livre pensador" talvez seja melhor para definir minhas posições em relação a Deus e religião.
2. Não pretendo resgatar minhas idéias de esquerda, até porque elas não soam mais verossímeis para mim, e as que eu ainda conservo, na verdade, tendiam mais para o liberalismo, como o imposto único e a livre concorrência, que eu defendia mesmo quando era de esquerda.
Creio que já falei o suficiente por hoje. Até o próximo post, o qual, provavelmente, será sobre Sêneca e estoicismo.