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Kaio

 

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21 maio 2014

"Quem vive sobrevive"

Não imaginei que este dia chegaria; depois de fiascos como As Dez Mais (1999) ou Sacos Plásticos (2009) eu já tinha perdido as esperanças. Porém, pela primeira vez desde meus 7 anos de idade (ano de lançamento do Acústico; se considerarmos só os álbuns de estúdio, então a última vez foi um ano antes, quando comprei Domingo), posso dizer a plenos pulmões: os Titãs lançaram um disco muito bom!
Na primeira vez que ouvi “Nheengatu” (e admito, sem prestar tanta atenção), confesso que não gostei. Para mim soava como se os Titãs estivessem fazendo uma paródia de si mesmos, um maneirismo nostálgico dos tempos em que a banda fazia um som mais pesado.
Porém, surpreendido por tantas resenhas positivas (Folha, O Globo, Scream & Yell...), resolvi dar uma segunda chance para Nheengatu - e desta vez ouvindo-o atento. E não é que achei o álbum ótimo? Acredito que, com 20 anos de atraso, ele é o disco que fecha a trilogia iniciada pelo auto-produzido e escatológico Tudo Ao Mesmo Tempo Agora (1991) e o grunge/metal Titanomaquia (1993); é um digno sucessor de ambos. Porém, ele soa mais indispensável agora em 2014 do que o seria em 94.
Cabe citar as 5 canções que mais me impressionaram: “Fardado” é um 'pé na porta' que começa o CD em grande estilo e poderia muito bem ser a trilha sonora das manifestações; “Mensageiro da desgraça” é um inusitado hino dos marginalizados, situado em São Paulo mas de alcance (infelizmente) universal; “Cadáver sobre Cadáver” - que conta com a colaboração do saudoso Arnaldo Antunes na letra - é um autêntico bate-estaca, e sua letra é uma dolorosa reflexão sobre a morte; “Pedofilia” traz à tona um tema polêmico e delicado; “Quem são os animais?” é candidata a single, pois é mais pop que as demais, mas tem uma letra contundente e extremamente atual.
Pois é, finalmente os Titãs voltaram à boa forma! A turnê Cabeça Dinossauro (2012) realmente fez bem para a banda; eles redescobriram a agressividade lírica e a crueza sonora, e voltaram a escrever sobre política, demonstrando estar mais sintonizados com a realidade nacional do que a grande maioria das bandas mais jovens (com a louvável exceção do Apanhador Só).
Enfim, não resisti e comprei "Nheengatu" hoje à tarde, na Saraiva. Recomendo que façam o mesmo.

 

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