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Kaio

 

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25 janeiro 2008

Textículos

Redação da UnB, cujo tema era "Entre mudanças, lentas ou rápidas, a humanidade vai construindo o futuro"

Mudança (s): eis algo intrínseco à condição humana. As idéias formadas a partir de perspectivas sobre as transformações já fundamentaram várias escolas filosóficas e artísticas, desde a dialética de Heráclito até a crença no progresso contínuo, típica da Modernidade. Fica a impressão de que as metamorfoses são mesmo inevitáveis. Mesmo assim, a construção do futuro segue sempre as mesmas diretrizes? Além disso, será que sempre mudamos para algo melhor?
Há quem diga que o mundo seria mais agradável se permanecessem as tradições e legados deixados pelas gerações passadas. Os conservadores são geralmente refratários a mudanças que, segundo eles, interfeririam na harmonia da sociedade. Costumam ser avessos a transformações rápidas, até mesmo porque julgam que muito do que a ciência, a tecnologia e os intelectuais propõem é prescindível.
Praticamente no diâmetro oposto ao conservadores, temos os progressistas. Estes, no entanto, não constituem um grupo homogêneo; dividem-se em tecnófilos (entusiasmados com novidades científicas, mas não muito interessados em questões sociais), radicais (apaixonados por política, são exaltados na defesa de uma nova ordem, seja ela mais liberal ou socialista, cosmopolita ou nacionalista, anarquista ou estatista), individualistas (favoráveis a uma "revolução individual", podem optar pelo hedonismo, pela megalomania ou até mesmo pelo minimalismo), entre outros.
Pode-se questionar o sentido de enumerar tais posicionamentos. Oras, é importante pensar não apenas em fatos e eventos concretos, mas também nas ideologias que os motivaram. A velocidade e o caráter de uma mudança depende tanto do contexto histórico quanto das idéias e indivíduos que fizeram a sua parte. Logo, não é possível, por exemplo, falar em Revolução Industrial sem dar crédito ao liberalismo proposto por economistas liberais como Adam Smith e a perspectiva filosófica mecanicista do Iluminismo inglês. O futuro não é um mero produto da coletividade, visto que a ação humana também se fundamenta em individualidades. São elas que farão de um fato histórico gradual ou veloz.
Não se deve, no entanto, acreditar que toda a transformação é necessariamente benéfica. Há sempre o que criticar em certos "grandes feitos da humanidade". É verdade que a conquista de alguns direitos civis foi mais lenta do que deveria ter sido; mas, deve-se refletir se sempre valerá a pena mudar, mesmo que ao custo de milhões de mortes, problemas ambientais e o extermínio de culturas. Lenta ou rápida, a construção do futuro precisa ser avaliada não só como cientificamente possível, mas também como eticamente viável.

Crítica - Control


Poucas bandas conseguiram fazer um trabalho tão consistente e relativamente extenso em apenas 3 anos. Joy Division é uma delas. Em poucos meses, eles lançaram: Unknown Pleasures e Closer, dois dos melhores álbuns de rock de todos os tempos; singles incríveis, como Transmission e Atmosphere; Love Will Tear Us Apart, o compacto que se transformou em um dos maiores clássicos dos anos 80; isso sem falar nos B-sides e sobras de estúdio - presentes em compilações como Still e Substance -, que estão à altura das músicas de trabalho.
Enfim, o impacto da banda sobre o post-punk inglês e todo o rock alternativo dali em diante foi considerável. Porém, não é sobre a banda que eu falarei nesta crítica, mas sim sobre o filme “Control”, cinebiografia de Ian Curtis (1956 - 1980), vocalista do Joy Division. Sua alma atormentada pela epilepsia, problemas conjugais, drogas e o trabalho incessante do JD levaram o rapaz a cometer suicídio no dia 18 de Maio de 80, aos 23 anos de idade.
O diretor Anton Corbijn, baseando-se no livro “Touching From A Distance” (escrito por Deborah Curtis, viúva de Curtis), retrata nesta película, lançada em 2007, os últimos anos de um dos maiores letristas e vocalistas que o rock britânico já teve.
Ian e Deborah se conheceram ainda na adolescência. Ela era namorada de um amigo dele, mas não demorou muito para que ambos se apaixonassem um pelo outro. Casaram-se muito jovens, aos 19 anos. Pareciam ser um casal perfeito.
Aos poucos, no entanto, o relacionamento começou a se esfriar. Um dos motivos para isso foi o ingresso de Curtis na banda Warsaw, que meses depois mudaria seu nome para Joy Division. Junto do baixista Peter Hook (Joe Anderson), do guitarrista Bernard Sumner (James Anthony Pearson) e do baterista Stephen Morris (Harry Treadaway), ele faria parte de um quarteto que simbolizou a transição da agressividade do punk para os ares mais soturnos do post-punk. Também contribuíram para o sucesso do JD o empresário Tony Wilson (Craig Parkinson), o produtor Martin Hannett (Ben Naylor) e o ‘manager’ Rob Gretton (Tobby Kebell, que, aliás, foi um dos destaques de “Control”).
Então, gradualmente, Ian começa a se afastar de sua esposa. Nem o nascimento de sua filha Natalie impediu que ele se dedicasse cada vez menos ao seu casamento. Para agravar a situação, ele conhece a jornalista belga Annik Honoré (Alexandra Maria Lara), que viria a ser sua amante.
Mesmo que sutilmente, “Control” aponta a relação entre certas letras e a situação emocional do vocalista. Quanto a isso, fique de olho, por exemplo, quando forem tocadas She’s Lost Control, Isolation e Love Will Tear Us Apart. Os fãs da banda também vão notar versos de algumas músicas sendo recitados em cenas importantes.
Sam Riley é o ator que interpreta Ian Curtis. A sua atuação foi mais do que competente: ele conseguiu reproduzir de maneira convincente vários dos tiques e trejeitos do cantor. Além do mais, nas cenas mais dramáticas, ele também soube transmitir a melancolia necessária.
No geral, há pouco o que se criticar no filme. Até cenas mais difíceis, como a que antecede o suicídio de Ian, não decepcionaram. Talvez Anton Corbijn só tenha pecado no aspecto de ter valorizado bem mais a vida íntima do cantor do que a música que este produziu. Tirando isso, a sua direção foi muito boa. Também são dignos de elogios a fotografia, a opção pelo monocromático (ou seja, o filme é todo em preto e branco) e, é claro, a trilha sonora, que, além das músicas do próprio JD, contém faixas de artistas que influenciaram a sonoridade do conjunto, como David Bowie, Iggy Pop, Kraftwerk e Velvet Underground.
Enfim, “Control” é um ótimo filme, e mesmo quem ainda não conhece muito o Joy Division poderá gostar da película. Quanto à nota, eu daria um 9.2.

 

Comentários:

 

 

ah kaio! deixa de ser chato.

o filme foi feito pra ser assim mesmo, não era pra contar a história do Joy Division. O Corbijn mesmo disse isso. Ó:

[ “Control” foi aplaudido em vários festivais de cinema, inclusive em Cannes, onde o diretor recebeu três prêmios. Corbjn estava inflexível em não classificar “Control” como um “filme de rock”.

“É um filme sobre um garoto que tinha um sonho e tentou realizá-lo, mas termina num ponto em que ele se encontrava infeliz. É uma história de amor, com músicas boas. É assim que vejo, nessa ordem”, explicou o diretor. ]

Dá 10 pro control vai! =P


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