Catholic Block
A propósito, o resultado da UCG sai já na sexta que vem, e a matrícula e o início das aulas são no mesmo dia: 12 de Fevereiro. Como o resultado da UnB só sai dia 20, eu teria uma semana de aula na Católica antes de ele sair. Trocando em miúdos, parece que minha vida universitária, ironicamente, vai começar em Goiânia de qualquer jeito. Se eu passar em Brasília, tranco a matrícula (aliás, fui ver o preço da mensalidade, e é meio salgado...) e preparo as malas. Do contrário, entro em depressão, tento suicídio e... hehe, estou brincando. Voltando a frase: do contrário, eu fico chateado, continuo na Católica por mais quatro meses e presto de novo na UnB em Junho.
Antes de encerrar o irritante assunto Vestibular por hoje, leiam a minha redação:
Tema: "Regras: qual o limite?"
Modalidade: Dissertação
As regras são um dos mais simples e funcionais mecanismos elaborados pela faculdade da razão. O ser humano, de certa maneira, sentiu a necessidade de racionalizar a vida para torná-la menos desordenada. Logo, sistematizar questões ligadas tanto ao aspecto individual quanto ao coletivo surgiu como uma medida pertinente. Mesmo assim, será que tal pragmatismo é sempre conveniente e necessário?
Tradicionalistas (ou reacionários, para os seus desafetos) costumam ser bem apegados a regras. Em tal segmento, a razão se une ao senso prático, ao aprendizado do cotidiano. Geralmente provincianos, eles são os menos interessados em grandes mudanças e reviravoltas, preferindo assim um vida pacata e linear. Porém, tal opção pode limitar o desenvolvimento do indivíduo, levando-o à alienação, quase como se fosse uma "sedação".
Os científicos vêem as regras como método e disciplina, duas coisas que eles consideram indispensáveis. Se, por um lado, o rigor da ciência é útil para assuntos mais técnicos, por outro ele nem sempre funciona nas relações sociais. Prova disso é o fracasso da Modernidade: regras e objetividade em excesso "desumanizam" a sociedade, podendo levar a grandes desastres, como as duas guerras mundiais e os regimes totalitários.
Pode-se também lembrar dos anarquistas, que afirmam desprezar a maioria das regras estabelecidas; pregam, portanto, a subversão das mesmas. Alguns lutam contra o Estado, outros contra a propriedade privada, há quem se oponha ao moralismo sexual, até existem os que querem abolir a religião e a família etc. O problema é quando a desregulação vira niilismo, e a ordem é substituída pelo vazio de referenciais. É certo que romper com certas tradições é algo válido, mas a ausência de moral e limites podem levar a ação humana a se tornar uma ameaça a si mesma. Dostoiévski é um dos escritores que melhor relatou isso, em romances como "Os Irmãos Karamazov" e "Crime e Castigo".
Qual seria, então, o ponto de equilíbrio? É possível haver uma alternativa ao conservadorismo, ao cientificismo e ao niilismo? Sim, pois ainda não se mencionou o pensamento de liberais e libertários. Defensores de um individualismo positivo e um humanismo baseado no respeito às diferenças, propõem que regras só são boas quando não ameaçam a vida e a liberdade de cada um. Em outras palavras, acreditam que métodos só são convenientes e necessários se não forem de encontro com a felicidade e a espontaneidade.
Tais idéias, lenta e gradualmente, vêm ganhando força, e possibilitam que a humanidade seja mais otimista quanto ao futuro. A razão só é interessante quando não cria uma situação pior do que seria na ausência da mesma.
Para fechar o post, uma boa notícia (para mim): vou poder voltar a ler. Após um mês proibindo a mim mesmo de não ler nenhum livro para não atrapalhar a reta final da preparação para o vestibular, meu "castigo" acabou, e vou poder voltar a me afundar nos livros. Já escolhi o primeiro: "As Portas da Percepção", de Aldous Huxley.