Schmidt e a montanha
CONFISSÕES DE SCHMIDT (ABOUT SCHMIDT)
Jack Nicholson atuou de maneira espetacular nesse filme. Fica claro que ele é um ator experiente que sabe representar de maneira excepcional mesmo um personagem não muito fácil de fazer, como Warren Schmidt. Este, aos 66 anos de idade, enfrenta um dos momentos mais complicados de sua vida - a aposentadoria, a morte repentina de sua esposa e o casamento de sua filha com um genro que ele não gosta nem um pouco.
Mesmo assim, Schmidt vê que está diante de uma situação em que ele pode aproveitar para viver o que ainda não tinha vivido em toda a sua existência. Tendo isso em mente, ele resolve viajar pelos lugares que ele sempre teve vontade de ir, inclusive cidades que marcaram a sua infância, para tentar minimizar o jeito rabugento, pessimista e deprimido que adquiriu com a solidão. Outra válvula de escape para os seus problemas é o trabalho voluntário que ele faz, ao "apadrinhar" um garoto da África, ao qual ele doa 22 dólares mensais e envia cartas relatando o que acontece em sua vida.
No geral, o filme é bem interessante e não cansa. Talvez o enredo dê até pano para manga para discussões existencialistas do tipo "Qual é o sentido de nossas vidas?" ou "Será que alguém realmente se importou comigo em minha vida?". O desfecho também é convincente. Recomendo, portanto, o filme "About Schmidt" para todos.
O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN (BROKEBACK MOUNTAIN)
Falando sério, só há uma justificativa para que esse filme tenha perdido o Oscar - homofobia dos jurados. Sem exageros, mas, na minha opinião, "Crash" é apenas uma boa película, não chega sequer aos pés de "Brokeback Moutain". Creio que este foi um dos raros filmes que tenha tratado de um tema tão delicado e polêmico como o homossexualismo de uma maneira tão sensível.
Ennis e Jack se conheceram durante um trabalho temporário de pastores de ovelhas na montanha Brokeback, em 1963. Eles se afinizaram de uma maneira muito intensa, inicialmente como amigos, e com o tempo, veio a paixão propriamente dita. Dali pra frente, eles passaram a se encontrar esporadicamente - geralmente duas vezes por semestre. Nem os seus casamentos (Ennis com Alma, a qual foi representada muito bem pela Michelle Williams; e Jack com Lureen, em atuação mediana de Anne Hathaway) impediram que eles se revissem, sempre no mesmo local de sempre - a montanha tão nostálgica para os dois.
A união dos dois não pretende ser oficial, até porque nenhum dos cowboys quer mudar aquele relacionamento à distância, por mais saudade que tenham um do outro. A primeira a descobrir a homossexualidade deles é justamente Alma, que só revela para Ennis que sabia disso anos depois do divórcio dela com ele. E é por causa disso que eu elogiei Michelle Williams no parágrafo anterior - ela demonstrou de maneira excepcional a angústia de Alma em esconder que sabia da relação do marido com Jack. Um show de atuação, provando que ela não é apenas a "eterna Jen de Dawson's Creek"...
Assista a "O Segredo de Brokeback Mountain" com a mente aberta e sem pré-conceitos. E esqueça a opinião simplista de muitos de que o filme é uma 'apologia ao homossexualismo' ou um 'deprimente romance gay', elas não são dignas de alguém que julga entender de cinema e comportamento social.