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Kaio

 

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22 novembro 2012

Renaissance - parte 3 (final)

Prefácio: após muita procrastinação, finalmente encerrarei o relato do ótimo período que atravessei entre agosto e outubro. Não que novembro esteja sendo ruim (muito pelo contrário, como vocês verão no próximo post), mas creio que o Planeta Terra pode ser considerado um encerramento com chave de ouro de uma das melhores épocas da minha vida.

4/10 - Eu e Carolina fomos ver "The Pleasure Garden", o 1º filme de Alfred Hitchcock, na praia; aliás, foi uma iniciativa bacana do Festival [de Cinema] do Rio. Gostei do filme - que, aliás, é mudo; foi o primeiro do Hitchcock que eu vi, e segundo a Carol as demais películas dele são bem diferentes (leia-se: mais sombrias) do que "Pleasure Garden".
5/10 - Segunda sessão na praia: “007 contra o Satânico Dr. No”. James Bond (Sean Connery) esbanja carisma, elegância e preparo físico (aliás, aquela cena da fuga pelo túnel é notável). E sim, desde os primórdios da franquia ele fazia muito sucesso com as mulheres, rs.

6/10 - Parei de ler "O Homem Revoltado" (Albert Camus). Minha namorada percebeu e me alertou que o livro estava me deprimindo, talvez pela atmosfera niilista que evoca (ainda que a combata).
Tirando isso,  tive um excelente fim de semana a Carol. Foi a 1ª vez que dissemos 'Eu te amo' um para o outro. As circunstâncias foram meio cômicas: estávamos falando sobre "Can't take my eyes off of you", e ela disse que o refrão lhe fazia pensar em mim. Lerdo como sou, ainda demorei um pouco para entender a analogia, rs.
Aliás, incrível como, 2 meses depois, nossa relação continua com a mesma alegria dos primeiros encontros. Ela é mesmo muito especial para mim.
7/10 - Como não estou em Goiânia, justifiquei meu voto na zona eleitoral aqui do lado do prédio em que moro. Como o nível dos candidatos a prefeito da minha cidade natal não é dos melhores (diria que foi o pior 'cardápio' de candidatos nos últimos 20 anos), nem me sinto tão chateado por isso.
À noite começou a minha parte preferida das eleições: a apuração de votos! Desde 2002 tenho o hábito de passar a noite (e, se for o caso, a madrugada) do domingo eleitoral na internet, acompanhando a contagem de votos. Houve uma ou outra surpresa (Arthur Virgílio indo para o 2º turno com boa margem sobre Vanessa), mas no geral tudo correu dentro do esperado (vitórias em único round de Paulo Garcia em Goiânia, Eduardo Paes no Rio, Márcio Lacerda em BH etc.).
P.S.: GP do Japão e outro triunfo de Sebastian Vettel. Dormi antes do fim da corrida, mas deu para ver parte do ótimo desempenho de Felipe Massa, que terminou em 2º lugar.
8/10 - Vamos ao diário de viagem! 

Fui de Copacabana a Botafogo para pegar o ônibus premium/executivo, em direção ao aeroporto do Galeão. Durante a viagem, comecei a ler “A História da Filosofia” (Will Durant), que já nas primeiras páginas me cativou. Já em Porto Alegre, peguei ônibus da rodoviária até o Hospital das Clínicas, onde desci e segui em direção à rua Ramiro Barcelos, onde meu amigo Pedro (colega dos tempos de Ciência Política/UnB) mora. 
Almocei um Xis Coração. Depois fomos ao supermercado. À tarde continuei lendo Durant. Jantamos macarronada com molho à bolonhesa e queijo.
9/10 - Após o café da manhã, liguei em vários hotéis de Pelotas até achar um (Hotel Curi) no qual fiz a reserva para o dia seguinte. Às 19h fui à UFRGS, onde na Sala Redenção estava acontecendo uma mostra dos Irmãos Coen. Assisti a "O Grande Lebowski", um filme genial em vários níveis. A filosofia de vida, a metalinguagem, os personagens carismáticos, as cenas surreais (há muitas bad trips, rs!), o deboche político (desde o Vietnã até o niilismo) as constantes cenas cômicas, os diálogos sensacionais... Não é por acaso que virou um filme tão cultuado, a ponto de surgir a pseudo-religião do "Dudeism". Talvez seja a obra-prima dos Coen.
Às 21h, dirigi-me ao Café da Oca, onde aconteceu um show do Wander Wildner; o Pedro, que estava dando aula, me encontrou lá. A apresentação foi num estilo acústico, e ele tocou alguns de seus clássicos ("Ritmo da Vida", "Bebendo Vinho", "La Canción Inesperada" e "Amigo Punk") e dois covers ("Um Passageiro" e a divertida "Dançando em Blumenau"). Quatro anos depois do show dele em Brasília, foi bom rever um dos melhores trovadores solitários gaúchos.
10/10 - Acordei cedo e viajei para pegar o ônibus das 7h para Pelotas. Na viagem fiquei lendo e ouvindo música. Cheguei às 10h40; estava chovendo. Enquanto meu quarto no hotel estava sendo higienizado, fiquei na internet. Depois de deixar minhas coisas no quarto (levei tudo em uma mochila só; deixei minha pasta em Porto Alegre), fui almoçar um prato feito (carne assada ao molho) por apenas 6 reais, com sobremesa inclusa (pudim de baunilha).

Voltei para o hotel, vi "Friends", cochilei um pouco e fui a pé - mesmo sob chuva (minha blusa de frio tem capuz) - para o IFSul, onde me cadastrei para o III Encontro Internacional de Ciências Sociais. Aproveitei para comprar uma camiseta do evento, ver os livros expostos e assistir à mesa-redonda "Repensando Metodologias". Gostei da fala da professora da UFRJ sobre história oral e anistia; porém, os professores argentinos não foram tão empolgantes (a profª falou obviedades sobre multi-métodos e o outro ressaltou o lado político da metodologia).
No coffee break comi e bebi bastante, afinal não jantaria. Tomei coragem e puxei conversa com o Amaro, professor da UFAL que apresentava trabalhos no GT de Sociologia das Histórias em Quadrinhos. Foi uma boa conversa.
Voltei para o hotel em torno das 17h, e fiquei assistindo a "Big Bang Theory", "Friends", "Seinfeld", "Two and a Half Men" e "Os Simpsons". Caramba, eu estava com saudades de ver TV a cabo, rs! Comecei a dormir a partir das 21h30.
11/10 - Acordei às 6 da manhã. Arrumei-me, tomei um farto café da manhã e fui para o Curi Palace Hotel, de onde sairia o transfer que iria para o prédio de Ciências Humanas (local do meu GT). No rádio do ônibus estava tocando músicas típicas gaúchas ("Mulher valente...").

No Grupo de Trabalho houve 3 apresentações no 1º bloco: "Foice e Martelo" (uma interessante HQ do Superman ambientada na URSS), rage comics (aquelas tirinhas toscas do tipo "troll face" e "fuuuu...") e super-heroínas (destaque para o existencialismo de Jean Grey). Após o coffee break, uma sobre o campo (no sentido bourdieusiano) dos quadrinistas independentes, outra sobre o Super López (paródia espanhola do Superman) e, finalmente, eu. Minha fala sobre "A Representação de Dilemas Morais em Neon Genesis Evangelion" durou pouco mais de 23 minutos (gravei o áudio, clique aqui para ouvi-lo; se quiser ler o meu artigo, o link é este - by the way, meu texto foi divulgado por um fã-site brasileiro de Evangelion). Recebi quatro perguntas e aproveitei-as para falar das coisas que não houve tempo de falar na comunicação (p.ex., a questão da identidade). Após o GT conversei com o pessoal, e fiquei feliz de receber um elogio de um dos coordenadores.
Novamente almocei naquele lugar barato (desta vez era peixe frito e pudim de chocolate). Fui para a rodoviária e peguei o ônibus das 2 e meia da tarde. Passei mais de uma hora conversando com o André, que havia apresentado o trabalho sobre o campo dos quadrinistas independentes. Durante a viagem li o envolvente capítulo sobre Espinosa do livro do Will Durant; além disso, fiquei ouvindo Television no meu celular.
Chegando em Porto Alegre, peguei um ônibus que passava no campus da UFRGS onde estava a Sala Redenção, onde fui ver outro filme dos Coen: “E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?”. Como não gostar de uma película que é, ao mesmo tempo, uma sátira da Odisséia (o protagonista não se chama Ulysses por acaso) e um retrato cômico da Grande Depressão (destaque para a disputa política) - e ainda por cima com "participações especiais" de duas figuras lendárias da época (o excêntrico ladrão George Nelson e o fáustico guitarrista Tommy Johnson)? A minha cena favorita foi a do ritual da Ku Klux Klan. Assustadoramente bem feita, e com um desfecho hilário. Outros pontos fortes são  aboa trilha sonora e o divertido sotaque sulista dos personagens. A minha cena favorita foi a do ritual da Ku Klux Klan. Assustadoramente bem feita, e com um desfecho hilário.
Voltei para o apartamento, e pouco depois eu e o Pedro nos arrumamos para ir à festa da pós-graduação (Girando a Bolsa - aliás, adorei a piada interna desse nome, rs). A festa teve um setlist bem eclético, que oscilava entre o ótimo (Led Zeppelin, Beatles, Júpiter Maçã, Cascavelettes) e o péssimo (funk, pop radiofônico), às vezes de forma consecutiva. Quase fui embora às 2h30, mas quando ouvi o início de "Song 2", voltei correndo e fiquei mais 1 hora.
Fui dormir às 4h30, e o Pedro chegou uma hora depois (ele foi a outra festa, saindo no meio da Girando a Bolsa).
12/10 - Acordei meio-dia e meia. Uma hora depois, eu e meu amigo passamos pelo Parque Farroupilha e almoçamos no Pampa Burguer. Depois fizemos um passeio pelo centro da cidade (escadaria, Museu Mário Quintana, Gasômetro etc.). À noite jantamos canelone.
13/10 - Acordei cedo, tomei café e fui para o aeroporto. Na chegada no Rio, ajudei o Fernando a preparar o painel dele para a ANPOCS e passei o resto do fim de semana no apartamento da Carol.
14/10 - GP da Coréia. Mais uma corrida de madrugada, mais uma vitória do herdeiro de Schumacher.
16/10 - Depois de uma semana fora, de volta ao meu quarto.
18/10 - Terminei de ler “A História da Filosofia”. Maratona de “How I Met Your Mother”.
19/10 - Fui ao Itaú Arteplex com minha namorada para ver a estréia de “As Vantagens de ser Invisível”. Eis um filme excelente, que consegue narrar os percalços, angústias e provações da adolescência sem comenter os dois defeitos costumeiros da maioria dos filmes e séries do gênero: a pieguice e o otimismo ingênuo.
 Os personagens são bem construídos, particularmente o protagonista Charlie e o irreverente e intenso Patrick. A capacidade de gerar identificação no espectador (especialmente se este/a foi um "deslocado", um "wallflower" na época do ensino médio - ouvir Smiths e ler Thoreau e Kerouac são alguns dos sintomas, não é mesmo?) é imensa.

Acredito que a forte sensibilidade do filme reflita a do livro (o qual ainda não li, mas pretendo ler), e o fato de o roteiro e direção serem do autor do romance foi uma decisão acertadíssima, afinal ninguém entende melhor e se preocupa mais com os personagens do que o próprio autor deles.
20/10 - Acordei bem cedo e às 6h30 comecei minha viagem de ônibus para São Paulo. Foram seis horas, mas passaram bem rápido, graças ao livro que comecei a ler, “A Última Transmissão” (Greil Marcus), e ao meu celular com mp3.

Assim que cheguei na rodoviária, liguei para o Henrique (amigo de Brasília que combinei de encontrar), e minutos depois nos encontramos na Estação da Luz. Almoçamos num bom e barato restaurante na Paulista. Chegamos no Jockey Club em torno das 14h30. Já estava garoando, mas a chuva engrossou durante o primeiro show que vimos: a irreverente Banda Uó - aliás, meus conterrâneos! A despeito de uma ou outra música excessivamente brega, marcaram presença as melhores faixas deles: "O Gosto Amargo do Perfume", "Rosa", "Não Quero Saber", "Vânia", "Faz Uó" e, é claro, "Shake de Amor".

 Banda Uó


Vi o finalzinho do show da chorona Mallu Magalhães (não estou brincando: apreensiva diante de um problema técnico, ela soltou uma lágrima, deixando uma curiosa linha maquiada no seu rosto), que de fato melhorou um pouco em relação ao seus primórdios em 2008. Destaque para o cover de "Me Gusta Tu". 
De volta ao Indie Stage, vi as primeiras músicas do Little Boots, que como bem definiu o Marcelo Costa do Scream and Yell, "promoveu uma rave debaixo de um céu nublado." A melhor foi "New in Town". No palco principal, enquanto o sol voltava a raiar, o Best Coast fazia um revival - inclusive no vestuário - do grunge. Não achei tão bom, no entanto - tanto é que fui jogar SongPop contra o Henrique. Venci por 3x1, e ganhei um porta-objetos da Gol (uma das várias patrocinadoras do evento; falando nisso, o Banco do Brasil estava distribuindo pirulitos de chocolate!).


 Little Boots

Às 17h40, fui para perto do Main Stage aguardar a apresentação que eu mais queria ver: Suede. Uns fãs cearenses na faixa dos trinta anos puxaram conversa comigo; mais tarde, eles empatariam comigo em empolgação durante o show.
18:30: o Suede entra no palco para tocar 16 músicas de forma quase ininterrupta. Lembro-me da seqüência: "She" (bela faixa do único CD deles que tenho, "Coming Up"), "Trash" (uma das obras-primas da banda), "Filmstar" (empolgante), "Animal Nitrate" ("Oh what turns you on, on, now your animal's gone?"), "We Are The Pigs" (com o perdão do trocadilho, o solo dessa canção é animal), "The Wild Ones" (a melhor balada da banda), "The Drowners" (por essa eu não esperava: o Suede tocou minha música favorita deles!), "Killing of a Flashboy" (um B-Side clássico), "Can't Get Enough", "Everything Will Flow", "So Young", "Metal Mickey" (meu Deus, a guitarra nessa música é dilacerante!), "Heroine", "New Generation" ("And I'm losing myself, losing myself to you"), "Saturday Night" (Brett Anderson desceu para a platéia, em um dos momentos mais marcantes do show) e "Beautiful Ones" (para encerrar, nada como a música mais viciante deles! "Here they go, the beautiful ones / La la la la..."). Foram uns dos melhores 60 minutos da minha vida.


Suede

Depois de uma performance inesquecível dessas, meu ingresso já tinha sido "pago". Porém, a noite ainda teria outros dois shows excelentes. Às 20h15, eu, o Henrique e uma amiga dele assistimos ao Garbage. Repertório equilibrado, como demonstram as 6 faixas iniciais: "Automatic Systematic Habit" (faixa de abertura do novo CD), "I Think I'm Paranoid" (clássico do "Version 2.0", 1998), "Shut Your Mouth" (pancada que abre "Beautifulgarbage", 2001), "Why Do You Love Me" (música de trabalho do "Bleed Like Me", 2005), "Queer" e "Stupid Girl" (ambas do primeiro, homônimo e melhor disco, de 95, com destaque para a segunda delas, minha 2ª faixa predileta deles). Ao longo do show vieram outras grandes canções, como "Cherry Lips (Go Baby Go)" (a minha #1), "Blood For Poppies", "Special" e "Only Happy When It Rains" (ótima escolha para encerrar a apresentação).
Às dez e quinze havia duas opções: Kings of Leon e Gossip. Nem preciso explicar por que preferir ir no show da banda de Betty Ditto, certo? Já abriram com "Love Long Distance", para nossa alegria. Betty é uma graça de pessoa: pediu desculpas ao público pelo cancelamento dos shows que a banda faria no Brasil em 2010, e depois fez quase um stand-up comedy, com direito a "Oi oi oi" e bons drinks. A música não deixou a desejar: "Listen Up!", "Get a Job", "Men in Love" e principalmente "Standing In The Way of Control" (fiquei rouco de tanto gritar durante essa, rs; aliás, inseriram um trecho de "Smells Like Teen Spirit", o que só deixou a melhor canção deles ainda mais foda) empolgaram a platéia. O Gossip ainda voltou para um bis com a ótima "Heavy Cross" e uma versão à capella de "We Are the Champions" (Queen). Melhor maneira de encerrar o festival, impossível!

 Gossip
                                        
Peguei um ônibus lotado, no qual encontrei um amigo de Brasília. Desci na mesma parada que ele e uns colegas dele, para depois pegarmos um táxi até o albergue em que ele estava hospedado. O trânsito estava bem lento, o taxímetro deu 55 reais e o meu amigo colocou o rádio no volume máximo (que estava tocando coisas pop horríveis como "Call Me Maybe" e Nicki Minaj), mas nem isso abalou meu humor. Como estava exausto, às duas e meia resolvi dormir um pouco no albergue; por sorte, uma das colegas dele foi para uma festa, sobrando assim uma cama lá.

21/10 - Acordei às 6h e, após um ônibus e um metrô, cheguei na rodoviária e às oito comecei a viagem de volta ao Rio. Durante o percurso praticamente terminei de ler o livro do Greil Marcus; li o resto já na Cidade Maravilhosa. Dormi durante grande parte do dia, encerrando assim um período glorioso, que acabou com a tendência trienal de anos ruins (2006, 2009 e, até meados de julho, 2012). Graças à Ave Fênix, a maldição está quebrada!

 

Comentários:

 

 

Você é uma figura Kaio!!!

Grande abraço,

Bruno


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