[Meu Facebook] [Meu Last.FM] [Meu Twitter]


 

 

Kaio

 

Veja meu perfil completo

 

 

 

 

31 dezembro 2015

2015, parte II: Augustus e Settembrini

(Post concluído em 17/2/16)

Com alguns meses de atraso, enfim farei meu relato sobre os dois meses mais agitados do meu ano de 2015: Agosto e Setembro.

IV Fórum de Ciência Política
Apenas um dia depois que voltei das férias de Goiânia, "viajei" para Niterói para participar do FBCP, no qual eu apresentei um trabalho sobre os conceitos de guerra e técnica no pensamento político dos "modernistas reacionários" Ernst Jünger e Carl Schmitt. Apesar de a debatedora claramente não ter lido meu trabalho (e nem dos demais apresentadores daquela sessão), as perguntas que ela e a platéia fizeram geraram um bom debate.
As sessões do GT de Teoria Política foram muito boas; gostei da apresentação do meu amigo Paulo, da palestra do Eduardo Jardim, da sessão em que o Christian foi debatedor e, por último mas não mesmo importante, da competente organização do GT pelos alunos da UFF, Rodrigo e Victor. O Fórum ainda contou com uma boa conferência de Renato Lessa. O semestre acadêmico não poderia ter começado melhor!

O Protesto em Copacabana
Em um ano marcado pela instabilidade política (não preciso entrar em detalhes, creio que vocês já devem estar até saturados do assunto), houve em 16 de Agosto o terceiro dos quatro grandes protestos nacionais contra o governo Dilma Rousseff. Não quis participar dos dois primeiros (embora tenha acompanhado o de 15 de Março pelo Globo News), mas diante da catastrófica atuação do Planalto na economia (desde a sabotagem ao ministro Levy até a relutância em admitir o rombo nas contas públicas em nome da "nova matriz econômica"), resolvi me manifestar. Mesmo assim, eu o fiz de uma forma leve, bem-humorada: confeccionei um cartaz com a frase "Pessimildo tinha razão" e duas fotos desse memorável personagem criado por João Santana para ridicularizar a oposição, mas que por ironia do destino se tornou um mascote dos críticos do governo.
A manifestação até que foi divertida, talvez devido ao clima descontraído da praia de Copacabana; mesmo com os discursos raivosos contra Dilma e o PT, o ambiente não era pesado. Acho que agora também existe uma "direita festiva" no Brasil; a estetização da política não é mais monopólio da esquerda, rs. Encontrei alguns amigos por lá, e depois do protesto almocei com eles no McDonald's.




Qualificação
Um dia depois do protesto houve a defesa do meu projeto de tese. Os comentários da banca foram importantes para o desenvolvimento da minha pesquisa; a partir deles percebi que precisava eliminar os últimos resquícios do meu tema anterior sobre Thomas Mann (mais especificamente o viés ético-biográfico, tentando ver Bildung em tudo).
Além disso, foi valiosa a observação do professor Benzaquen de que preciso ser menos sintético e mais analítico; isto é, minha pesquisa ganhará mais se eu me concentrar em poucas obras e temas ao invés de fazer grandes panoramas (algo que o próprio recorte biográfico me levaria a operar).

I Seminário Interno de Pós-Graduação do IESP/UERJ
O evento foi inaugurado em 2 de Setembro com uma ótima (embora pessimista, rs) mesa-redonda com os professores César Guimarães e Maria Regina sobre a política externa brasileira e a crise da Grécia e da UE.
No dia seguinte apresentei um trabalho sobre as continuidades e rupturas do conceito de cultura ao longo das diversas fases do pensamento social de José Guilherme Merquior. O debate foi bom; felizmente o debatedor conhece a obra de Merquior, e fez observações pertinentes. 

Aniversário de namoro
No dia 4 de Setembro eu e a Carolina comemoramos três anos de namoro. Passamos a tarde na Livraria Travessa e depois fomos ao Cafeína do Praia Shopping. Nós nos presenteamos com livros: eu dei a ela o oitavo volume das Crônicas Saxônicas de Bernard Cornwell e ela comprou para mim Formalismo e Tradição Moderna (Merquior), o qual tinha sido lançado justamente naquela semana.

I Seminário Internacional de Ciência Política
A partir de uma sugestão do Alex Catharino, em Julho escrevi um artigo para a revista Mises comparando as perspectivas liberais de José Guilherme Merquior e Friedrich von Hayek. Terminei-o justamente nos primeiros dias de minhas férias em Goiânia. Gostei muito de escrevê-lo, então aproveitei para enviar o resumo para um congresso de Ciência Política que haveria em Porto Alegre, e felizmente ele foi aprovado. 
9/9: viajei para a capital do Rio Grande do Sul. Mal deixei minhas malas no quarto e fui almoçar um xis; depois, ao som de Rage Against the Machine (uma banda que me remete à politização da juventude gaúcha), peguei um ônibus para o campus da UFRGS. Após fazer o credenciamento, fiquei passeando pela universidade, já que minha apresentação seria apenas no dia seguinte e a palestra de abertura, à noite. Após ler o capítulo sobre o kitsch de Formalismo e Tradição Moderna, fiquei um bom tempo na livraria, onde comprei dois mangás dos Cavaleiros do Zodíaco (na época eu estava revendo a Batalha das Doze Casas quase todo dia, enquanto tomava café da manhã) e uma coletânea do Pink Floyd, A Foot in the Door (gostei muito da seleção: "See Emily Play", 5 faixas do Dark Side of the Moon, 4 do The Wall, 3 do Wish You Were Here e uma faixa de cada um dos três últimos discos, dentre elas "High Hopes"). 
Em torno das 19h houve a cerimônia de abertura do Seminário. Após uma surpreendente apresentação de coral (cantaram "Can't Buy Me Love", dos Beatles; Mendelssohn; Haydn; Vinicius de Moraes e Baden Powell; e Luis Coronel), assisti à conferência do professor Stéphane Monclaire, um irreverente brasilianista. Após brincar que crise é uma "coisa linda" para ciência política, ele apresentou um olhar estrangeiro (mas bem informado) sobre a crise política atual no Brasil. Gostei da análise conceitual e o olhar sobre a influência da mídia na política. Depois da palestra voltei para o quarto em que fiquei hospedado; antes de dormir assisti ao jogo Corinthians 1x1 Grêmio (infelizmente os corintianos empataram, e com isso deram um importante passo rumo ao título nacional) e soube que o Palmeiras tinha perdido por 1 a 0 do Internacional.
10/9: Acordei cedo e, com fones do celular plugados no álbum Grace (Jeff Buckley), peguei o ônibus para a UFRGS. Pela manhã fui assistir ao GT de Teoria Política e Pensamento Social Brasileiro. Foi uma sessão inteira sobre democracia; gostei muito das apresentações e debates, que foram desde as abordagens mais normativas até estudos de caso sobre as democracias latino-americanas. 
Na hora do almoço e antes da sessão vespertina do GT fiz novos colegas: alguns eram da UFPE (uma garota que fez uma boa apresentação sobre os problemas do "neo-constitucionalismo" da Venezuela chavista) e da UNIPAMPA (um rapaz que, aliás, faz parte da ala "left-lib" dos Estudantes pela Liberdade, mas a maioria deles(as) era da UnB.
À tarde apresentei, também no GT de Teoria, o ensaio sobre Merquior e Hayek. O debatedor e a platéia fizeram várias perguntas e comentários ao meu trabalho, e o debate foi bem produtivo. Deu para perceber que estavam interessados em compreender melhor o liberalismo social, afinal, como busquei demonstrar no artigo, ele apresenta diferenças (e vantagens) interessantes em relação aos liberalismos conservador e libertário. 
Side Pub, show do Sapo Boi
11/9: Comecei o terceiro dia do I SICP ouvindo no celular o primeiro e homônimo disco do The Clash. Às 9 da manhã assisti à mesa-redonda sobre democracia, política externa e economia com Octávio Amorim Neto (sobre democracia), Carlos Milani (política externa) e Márcio Pochmann (economia). Este, aliás, surpreendentemente mostrou certo desencantamento, lamentando erros políticos e econômicos do governo Lula. Fiz uma pergunta ao Pochmann (aos 2:08:18 de vídeo abaixo), questionando-o se a política econômica do governo Dilma não havia sido irresponsável. A resposta dele (2:14:21) oscilou entre o cinismo (ao defender que o BNDES tem que dar, sim, dinheiro pra grandes empresas) e o vitimismo (a crise internacional teria obrigado o governo a ser protecionista):

Depois do almoço, assisti com meus novos colegas de UnB ao GT de Instituições Políticas. É engraçado notar a diferença epistemológica entre o pessoal dos estudos quantitativos e empíricos em relação à área da Teoria; porém, não guardo nenhum ressentimento "humanista" em relação a eles, só não é o tipo de abordagem que eu prefiro. De toda forma, o trabalho do colega de UnB que apresentou no GT de Instituições tinha um viés mais qualitativo (aliás, ele é orientando da Rebecca, que adota o institucionalismo histórico para estudar movimentos sociais), então a apresentação dele foi de longe a melhor, inclusive no número de perguntas da platéia.
À noite eu e uma das mestrandas da UnB vimos a palestra do Brasilio Sallum Jr. (autor do ótimo livro O Impeachment de Fernando Collor, que inclusive comprei durante o evento e li quase inteiro até dezembro). 
Mais tarde nos encontramos com o resto do pessoal na Cidade Baixa, onde jantamos xis (é sério, eu amo esse prato típico gaúcho!) e depois fomos a festa no pub Divina Comédia, na qual tocaram duas bandas cover: Fake Brothers (que investiu em indie rock, com um repertório que incluiu Hives, Killers, Muse, MGMT, Two Door Cinema Club etc.) e Celofanes (especializado em pop rock dos anos 90, com covers de Spice Girls, Green Day, Raimundos...). 
Outro destaque da ótima festa foi que, após passar anos tentando descobrir o nome e artista de "um jazz contemporâneo, anos 90; a introdução tem um teclado e a estrofe tem um sax" (descrição que fiz dela no Facebook depois de ouvi-la no BBB), ela tocou lá; corri pra perguntar para o DJ o nome e artista dela, e descobri: é "Cantaloop (Flip Fantasia"), um sample que o US3 fez de "Cantaloupe Island", de Herbie Hancock! 



Fomos embora em torno das 5 da manhã,  em cima da hora para eu pegar minhas coisas no quarto e ir direto para o aeroporto. Por sorte o taxista que me levou da festa me passou o telefone, então meia hora depois ele me buscou para eu pegar meu vôo.
Enfim, foi mais uma excelente estadia em Porto Alegre; o Seminário Internacional de Ciência Política foi um ótimo evento, muito bem organizado.

Homenagem a José Guilherme Merquior na ABL
17/9 - Instituto Liberal - Ortega, JGM; Livraria Cultura; IFCS - certificado; sebos - CDs e livro no Berinjela; 
ABL - socialização, João Cezar, Portella, documentário.

Eleições para o DCE (UnB)
24-25/9 - "corujão". 60% dos votos válidos.

 

Comentários:

 

 

[ << Home]