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Kaio

 

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30 maio 2015

A decadência da universidade, de 1942 a 2015

Diante da greve nas federais e nas estaduais - e, mais especificamente, do cenário de guerra que virou a UERJ, onde dou aula de estágio-docência e tive que interromper o curso por causa da greve (e da violência generalizada no dia 28 entre estudantes e seguranças/policiais) -, é triste constatar que os problemas que Otto Maria Carpeaux apontou em A idéia de universidade e as idéias das classes médias (publicado em 1942, na coletânea de ensaios A cinza do purgatório) continuam extremamente atuais, ainda mais se comparados com o texto A universidade não é uma ágora,  publicado na Folha esta semana por Francisco Carlos Panomano Marinho. 
Vejam estes trechos de ambos:

"A decepção foi muito grande. Via a biblioteca coberta de poeira, os auditórios barulhentos, estupidez e cinismo em cima e em baixo das cadeiras dos professores, exames fáceis e fraudulentos, brutalidades de bandos que gritavam os imbecis slogans políticos do dia, e que se chamavam 'acadêmicos'. A última vez que passei perto deste 'templo das Musas', o edifício estava fechado; os estudantes haviam-se juntado a uma imensa manifestação popular. Sabia muito bem o que isso significava para mim: um adeus para sempre. Olhando pelas frestas das portas monumentais — estávamos na primavera — via sob a luz branda do sol os pórticos, as velhas pedras, o jardim, e a deusa nua, tendo nos lábios o sorriso enigmático da morte. E reconheci um fim definitivo. (...) Quem é o culpado? Ainda uma vez apelo para aqueles que disso entendem. Por toda parte onde há aqueles regimes os estudantes estão nas vanguardas da violência. Não é um acaso. Ouso responder: os estudantes são os culpados." (Carpeaux, 1942)

"O clima de banalização do espaço universitário vai além. Basta uma greve, por exemplo, para que cadeiras sejam retiradas das salas de aula e se transformem em barricadas a fim de impedir o livre acesso de docentes, alunos e funcionários. Mobilização fácil essa que, diga-se, resulta apenas no impedimento ao diálogo entre as partes conflitantes. (...) Em nome de um discurso ideologizado, impede-se a defesa do patrimônio público. (..) Em nome de verdades absolutas, conduzidas por vanguardas autoritárias, não têm dúvidas sobre suas ações. São minorias que, ignoradas no mundo real, se escoram nessa bolha que tem se tornado a universidade." (Martinho, 2015)

 

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