"As idéias fascinam o homem, mas não o esclarecem"
Suas duas obras mais conhecidas, "Noite na Taverna" e "Macário", estão recheadas de morbidez, desesperança e pessimismo. Em ambas, os jovens se entregam à libertinagem e à vida devassa, e acontece de tudo: orgias, necrofilia, antropofagia, adultério, incesto, crimes passionais, etc.
O autor fez um retrato fiel da alta sociedade de meados do séc. XIX, que continha vários jovens intelectuais, que se entregavam à boemia, à promiscuidade e eram inconseqüentes. Quem sabe, não seria isso um Carpe Diem macabro? O lema deles devia ser algo como "Sexo, álcool e poesia". E eles não se sentiam pecadores. Macário, por exemplo, demonstra extremo ceticismo, assim como alguns personagens de "Noite na Taverna" apresentam uma tendência ao epicurismo e ao ateísmo.
Percebe-se nas obras vários paradoxos - incredulidade e idealismo, amor e descrença, pessimismo e otimismo, etc. Os questionamentos são quase hamletianos, sempre como uma conotação existencialista e filosófica, sempre vendo a vida de uma maneira triste, tendo o motivo principal para isso as desilusões amorosas. O padrão de vida autêntico e ousado (levando em conta que estamos falando da mesma época de romances recatados e hipócritas, como "Escrava Isaura" e "A Moreninha") é um reflexo da inspiração dada pelo romantismo que estava rolando na Europa (aliás, em várias cenas de ambos os textos, eles realmente vão para o velho continente), que apresentava várias características relatadas acima, seja pelo viés gótico ou pelo bucólico.
A edição da Martin Claret custa R$ 10,50 e vem com ambas as obras. Se vocês querem ler um grande clássico da literatura brasileira, e que não seja maçante como as Iracemas da vida, eu recomendo.