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Kaio

 

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02 maio 2023

These words lie inside they hurt me so

 O New Order lançou Power, Corruption & Lies, seu segundo álbum de estúdio, em 2 de Maio de 1983. 

Antes de falar desse disco, é importante falar um pouco sobre "Blue Monday", single lançado pela banda dois meses antes (e gravado nas mesmas sessões do álbum), afinal, embora essa canção não tenha sido incluída no PC&L (exceto na edição americana, que teve esse single e o lado B "The Beach" como faixas bônus), é um peça para entender por que este é o álbum no qual o New Order alcançou seu som característico.

"Blue Monday" foi fundamental na popularização da música eletrônica e influenciou vários subgêneros. Na época, causou estranheza e até repugnância a algumas pessoas (particularmente aos fãs mais puristas do Joy Division), mas esta “weird disco” foi reconhecida por muitos ouvintes como algo inovador e, claro, extremamente dançante. Não por acaso, 40 anos depois continua sendo a composição mais popular do New Order.



"5 8 6", a quarta canção de Power, Corruption & Lies, pode ser vista como a versão embrionária de "Blue Monday". Ela consiste em um longo experimento com sequenciadores que, após cerca de dois minutos, apresenta melodia e ritmo definidos.

Embora "Ecstasy" (uma excelente faixa instrumental) e "Ultraviolence" também indiquem um synthpop kraftwerkiano, o resto do disco é bastante melódico - e nesse sentido o antecedente musical não é "Blue Monday" e sim "Temptation", single lançado em 1982 que pode ser considerado o protótipo de todas as canções cativantes que o New Order comporia a partir de então.



O melhor exemplo do aspecto mais "orgânico" e menos "eletrônico" do estilo do New Order em seus álbuns de estúdio (ou seja, o oposto do que faziam nos singles) é "Age of Consent", música marcada pelo baixo de Peter Hook, a bateria acelerada de Stephen Morris (a qual, como ele revelou recentemente, foi reciclada das sessões de "Love Will Tear Us Apart", três anos antes), o belo solo de teclado de Gillian Gilbert e o inesquecível refrão cantado por Bernard Sumner: "And I'm not the kind that likes to tell you / Just what I want to do / I'm not the kind that needs to tell you / Just what you want me to”.

Dois outros destaques de Power, Corruption & Lies são "Your Silent Face" e "Leave Me Alone". Enquanto a primeira é uma música lenta com longas e delicadas passagens instrumentais e um solo de melódica, a segunda contém outra ótima linha de baixo de Hook e versos cheios de questionamentos existenciais: "On a thousand islands in the sea / I see a thousand people just like me (...) We live always underground / It's going to be so quiet in here tonight".

Por fim, vale mencionar que a justaposição de duas faixas no Lado A indica os dois humores distintos que permeiam a maioria das canções do New Order: “We All Stand” revela ansiedade e angústia (“At the end of the road / There's a soldier waiting for me” ) e "The Village" é mais otimista ("When a new life turns towards you / And the night becomes a day / We shall remain forever").

Power, Corruption & Lies é o álbum em que o New Order finalmente saiu da sombra do Joy Division e consolidou seu som diferenciado - uma combinação de canções mais robóticas e dançantes e outras mais melódicas e ensolaradas, mesmo que frequentemente com letras melancólicas (embora muito menos soturnas do que as escritas por Ian Curtis). É possivelmente o melhor disco do quarteto, seguido de perto por Technique (1989).

 

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