Country House
De qualquer maneira, "we can work it out". Vamos a um rápido guia sobre Presente, Passado e Futuro.
-> Terminei ontem de ler "Lobo da Estepe", de Hermann Hesse. Foi apenas o segundo livro que li nesse ano (o primeiro foi "Sidarta", do mesmo autor, que finalizei quarta-feira passada), mas foi o bastante para encerrar a primeira "ressaca literária" que tive desde o 1º semestre de 2006. Agradeço a Hesse por ter escrito dois livros tão bons, especialmente aquele que inspirou duas bandas tão diferentes quanto Steppenwolf (talvez a primeira banda de heavy metal, autores de clássicos do calibre de "Born to be Wild" e "Magic Carpet Ride") e O Teatro Mágico (comecei a ouvi-los só ontem, assim que terminei de ler "Lobo da Estepe" e entendi a analogia expressa no nome da banda).
-> Tentei seguir adiante com "Mrs. Dalloway", de Virginia Woolf; porém, após 20 páginas lidas, acho que ainda não estou 'no clima' para lê-lo. Portanto, acho que ainda hoje retomo um dos não-terminados de 2008: "Crash", de John Ballard.
-> Um dos motivos para tal decisão é que, ontem à noite, finalmente resolvi começar a assistir aos episódios da nova temporada de Skins, o que despertou em mim um humor compatível com obras literárias mais elétricas. Sobre o seriado teen britânico: já vi os dois primeiros episódios da Season 3, e gostei bastante de ambos. A série parece estar a investir mais no humor, mas sem perder de foco a "investigação psicológica" dos personagens. Effy ainda é uma junkie adoravelmente cínica, e Pandora (que eu não achava que participaria dessa 3ª temporada, portanto fiquei surpreso e feliz quando a vi no primeiro ep.) continua tendo uma cara de lesada. Dos novos personagens, meu preferido é JJ, nerd que fala extremamente rápido e que não é um sucesso com as garotas. James "Cookie" é um sucessor legítimo de Chris, só que ainda mais insano e sem noção. Freddie deve ser o 'mocinho', já que não é muito geek, nem muito porra-louca. As gêmeas Katie e Emily, diametralmente opostas, prometem ser um dos destaques da temporada. Quanto a Naomi, ela fisicamente se parece muito com Maxxie (!), mas provavelmente será a seca/sarcástica do grupo, tal como Jal o era.
-> Há certas bandas que já despontaram como as que mais ouvirei em 2009. The Kinks, por exemplo, vem me conquistando a cada dia mais, com sua fórmula baseada em um rock 'quintessencialmente' britânico em suas crônicas sociais e melodias cativantes (bem, pelo menos o da fase 1964-71, obviamente a melhor). The Fall é art rock de Manchester, com vocais cavernosos, letras bizarras e instrumentação caótica. Ou seja, uma banda maravilhosa! Blur, pelo quinto ano seguido, é a banda dos '90s que eu mais ouço, além de ler constantemente textos sobre a curiosa trajetória deles. Franz Ferdinand, após mais de 3 anos desde seu último álbum, finalmente voltou com um novo disco, que é tão bom quanto eu torcia para que fosse; pretendo, aliás, resenhá-lo em breve.
-> Outros artistas que possivelmente ouvirei bastante nesse ano: Roxy Music, Pulp, The Chameleons, XTC, Teatro Mágico, Lily Allen e Belle and Sebastian. Detalhe: só a Lily e o conjunto de indie pop escocês estão entre os que eu já ouvia esporadicamente nos últimos anos; ou seja, há muitas novidades no meu gosto musical.
-> Domingo passado, reencontrei vários(as) amigos(as) em churrasco que uma amiga minha promoveu para comemorar sua aprovação no vestibular (ela passou para Economia - UFG). Foi ótimo, pois conversei e me diverti bastante, tanto no âmbito da nostalgia (papos sobre os tempos de Ensino Médio) quanto no da novidade (afinal, conheci novos/as colegas).
-> Kaio não aderiu à reforma ortográfica, e nem pretende fazê-lo até 2012. Portanto, não ligue caso se depare com feiÚra, vÔo, idÉia ou coisas do gênero, beleza? Viva o conservadorismo lingÜístico!
-> Daqui a um mês voltam as aulas na UnB. Mal posso esperar meu 3º semestre; tanto é que já decidi as matérias que farei: Partidos Políticos e Sistemas Eleitorais, Política Brasileira 1, Teoria Política Contemporânea, História Social e Política Geral, Teoria das Relações Internacionais 1 e Literatura Estrangeira em Língua Vernácula. Como eu já havia adiantado TPM e FPP no semestre passado, só 3 das 6 disciplinas estão entre minhas obrigatórias (Partidos, PB1 e HSPG), sendo outra um novo adiantamento (TPC), uma optativa (TRI 1) e um módulo livre (Lit. Estrangeira). Sim, são 24 créditos, 4 a menos do que fiz em ambos os semestres anteriores. Resolvi que quero ter simultaneamente mais vida social e mais tempo para me dedicar a cada matéria.
-> Volto para Brasília em duas semanas. Pensei que o faria mais cedo, mas realmente passar as férias em Goiânia foi uma escolha mais acertada, por motivos nerds (por exemplo, arrumar meu notebook, ter uma internet mais estável, deleitar-me com os zilhões de canais da Sky e ficar jogando o DS que meu irmão ganhou no D.M. Cap.*) e razões pragmáticas (menores gastos para minha mãe, alimentação melhor e um tédio menor proporcionado por ficar em minha casa ao invés de sozinho e sem nada pra fazer na capital). Pena que não li tanto nessas férias, mas aprimorei bastante meus conhecimentos sobre música, cultura inútil (viva o BBB9!) e games. No final das contas, não foi tão ruim assim.
-> Será que consigo fazer desse ano um divisor de águas na minha vida? You know, anos ímpares costumam ser os melhores para mim. Foi em 1999 que me viciei em Pokémon e me apaixonei pela 1ª vez por uma garota; em 2003, decidi que queria fazer Ciência Política e comecei a ouvir Beatles; 2005 foi o ano em que me iniciei definitivamente na grande literatura, na filosofia e no rock alternativo; em 2007 passei no vestibular duas vezes** e, atolado em livros e debates, tornei-me um jovem intelectual (que fique claro, no sentido neutro, e não o auto-elogiativo da palavra) e comecei a escrever meu livro. Acho que está na hora de mudanças ainda maiores, certo? Será que meu lado "lobo da estepe" se libertará, e eu começarei a rir da vida, a me levar menos a sério? Ou será que me tornarei um super-acadêmico progressivamente assexuado, trabalhando para o êxito de meu grupo de estudos sobre Política e Literatura? Poderei largar minhas restrições ao tripé "girls, cigarettes and alcohol", ou permanecerei triplamente abstêmio? (por favor, não entendam isso como uma afirmação misógina, mas sim patética) Enfim, de qualquer maneira, quero que este seja um ano especial, independentemente da guinada para isso (intelectual, amorosa, libertina...).
-> Ah, sobre a festinha que dei mês passado: a Skins Party não foi um sucesso, mas também não foi um fracasso. Das 15 ou 16 pessoas que chamei, vieram 10. Como sempre, a música foi boa (modéstia à parte, mas meu autoritarismo musical é totalmente útil) e o papo foi agradável. Espero fazer uma nova edição em Brasília, embora, obviamente, não na minha kit; em outras palavras, eu fico responsável pela música, e meus colegas se encarregam de trazer o público (afinal, eu tenho pouquíssima experiência como promoter de eventos e pessoa socíavel).
-> Oras, até hoje não falei a fundo sobre a ANPOCS, certo? Foi um dos melhores momentos de meu ano passado, e acho que merece um post só sobre ela. Porém, vamos adiantar um pouco o expediente. Pode-se dizer, resumidamente, que ela foi boa em todos os sentidos: palestras, papos, passeios, pessoas... As 'night-out' foram algumas das mais animadas que já tive, e morar durante cinco dias em uma casa com outros sete colegas de POL (6 meninas e um menino) - muitos deles, eu mal conhecia - foi uma experiência surpreendentemente ótima. Também foi uma oportunidade de rever minhas prioridades acadêmicas (consolidei meu novo 'sítio das Humanidades para estudar de maneira comparada com a Política': a Literatura, substituindo a Economia; de quebra, tive mais uma prova de que Antropologia > Sociologia). Quase, mas quase mesmo, tive uma nova paixão, mas após muitas reflexões - inclusive dentro do ônibus, na volta da viagem - , percebi que não gostava da garota, mas sim da idéia que fazia dela (ok, deve ter sido a 4ª ou 5ª vez que isso acontece na minha vida, mas pelo menos agora foi antes mesmo de ficar apaixonado ou ter uma 'crush'. Ufa!). No mais, voltei renovado para Brasília, mais transigente e menos anti-social do que costumava ser. Só espero que continue assim - menos fanático ideológico (oras, não é porque o libertarianismo de direita é a melhor e mais sensata das ideologias que devo subestimar aqueles que acreditam em outras) e misantrópico (hipérbole sintomática do Kaio que fui até hoje), e mais espontâneo e transigente (com as devidas e kaionísticas proporções).
-> Por último, mas não menos importante, gostaria de dizer que esse quadrimestre em que fiquei afastado do blog foi proveitoso. Tudo bem que teve uma "ressaca literária" no meio (entre o fim de Dezembro e o início de Fevereiro), mas Novembro foi um mês bem legal lá na UnB (inclusive pelas reuniões/festas com a galera que conheci melhor na ANPOCS), Dezembro teve uma cara de fim de uma era (daí minha confiança de que as coisas podem mudar pra melhor), Janeiro foi contaminado por uma letargia indispensável para recuperar as energias e Fevereiro vem sendo um recomeço satisfatório. Então, Kaio Felipe sairá ou não de sua Country House psicológica? É o que veremos... Até mais!
Notas de rodapé:
*Essa é das antigas: D.M. Cap., "also known as" Dia Mundial do Capitalismo, é como eu chamo o Natal. Criei isso quando ainda havia respingos esquerdistas na minha transição para o quarto quadrante (2005); mas, eu soube adaptar algo que era inicialmente pejorativo para uma conotação positiva: afinal, não poderia o Natal ser visto como uma data de celebração do livre mercado, do lucro, da livre iniciativa e do empreendedorismo? "I think so."
**Ok, a segunda vez foi só em Fevereiro/08, mas tudo foi resultado do que fiz no ano anterior, blá blá blá.