Tell me, how do I feel!
O século 21 começou em 1983, com o lançamento do single "Blue Monday", do New Order. Aquela música foi uma verdadeira revolução. Começava com uma bateria eletrônica extremamente bem calculada e poderosa (algo que seria intensamente copiado dali para a frente, praticamente caracterizando a música eletrônica), seguida de um teclado empolgante, um baixo bem melódico, uma guitarra eficiente e a bela voz do líder do NO, Bernard Sumner.
A música, cujo nome traduzido seria "Segunda-feira triste", contém um eu-lírico questionando o seu amor o porquê dele o tratar daquele jeito. "Eu ainda acho tão difícil / Dizer o que preciso dizer / Mas tenho total certeza / De que ela vai me dizer / Exatamente como devo me sentir hoje".
Em seus sete minutos e vinte e cinco segundos de duração, "Blue Monday" prende o ouvinte de uma maneira única. Dançante ao extremo, ela definitivamente inaugurou a música eletrônica, após o pioneirismo do Kraftwerk na década anterior, e do Depeche Mode e o próprio New Order terem lançado as bases para o estilo.
Foi o single independente mais vendido de todos os tempos, e demonstrou que os alternativos eram muito mais do que queridinhos da crítica. Se o Joy Division preferiu o underground, a banda sem Ian Curtis manteve-se indie, já que trabalhava na Factory (prestigiada gravadora independente da Inglaterra no passado), mas queria o mainstream, desejava conquistar as massas e o mercado pop. E conseguiu. Outras músicas deles, como "Bizarre Love Triangle", "Crystal", "True Faith", "Confusion" e "Temptation", são obrigatórias na discotecagem de qualquer DJ que se preze. Isso sem falar em "Ceremony", sobra do Joy que virou o 1º single do NO, e considerada o mais importante single dos anos 80 por ninguém menos que Ian McCulloch, líder do Echo and the Bunnymen.
Mas, voltando ao tema do post... sim, "Blue Monday" foi o primeiro passo para o novo século. Parece que realmente se estabeleceu uma nova ordem mundial, e a lei era dançar freneticamente. Se hoje a música eletrônica é popular como é, se as trances e raves são sucesso, muito, mas muito disso se deve a essa música. Na época, ela causou estranhamento e até repulsa, mas quem a ouvia era contagiado. Aquilo era algo completamente inovador, uma vanguarda musical. 22 anos depois, ela continua sendo surpreendente. Eu, por exemplo sempre que a ouço, começo a viajar, ela realmente dá a impressão de que o futuro é agora! É como se a sociedade idealizada pelos Jetsons se tornasse real!
Sabe aqueles filmes "futuristas", tipo Matrix? É mais ou menos aquela sensação que a música passa - a de uma realidade completamente nova. O sonho que se concretizou, para bem e para mal. A humanidade se desenvolveu tecnologicamente de maneira incrível e rápida, e ao mesmo tempo em que as bugigangas eletrônicas como celulares, computadores e televisores se tornaram acessíveis e facilitaram a vida do ser humano, nós nos tornamos mais individualistas, e muitos desses avanços tecnológicos só estão sendo usados para coisas ruins, para manter o status quo e para desumanizar o homem, enfim. Nisso eu poderia relacionar com o livro "Admirável Mundo Novo"...
Com a música eletrônica, não foi diferente. Ao mesmo tempo que muita coisa boa veio dessa revolução desembocada pelo New Order, porcarias mercadológicas vieram, com suas canções monovérsicas, monomelódicas e repetitivas - as trances, por exemplo. As rádios também estão infestadas por maus exemplos de eletrônico, que incluem remixes infelizes de músicas antigas, como "California Dreaming", e incursões medíocres de DJs superestimados. Tudo bem que no fundo todos só querem é dançar, mas a qualidade foi completamente deixada de lado.
Aldous Huxley fez uma distopia nos anos 30. Willian Hanna e Joseph Barbera idealizaram de maneira sarcástica na década de 60. E Bernard Sumner e os integrantes do NO selaram o destino nos anos 1980. O futuro de ontem é a realidade de hoje.
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Hahaha, é verdade, as pessoas menosprezam a brilhante visão que a Hanna Barbera teve da decada de 60.
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